0072/2024 - Women’s Shelter, a prison in reverse: when the protection of victims imprisons them Casa-Abrigo, uma prisão às avessas: quando a proteção às vítimas as aprisiona
This article aimed to know a Shelter House for women in situations of intimate partner violence at imminent risk of death located in the state of Rio de Janeirothe perception of its professionals. To this end, the research had a qualitative approach and semi-structured interviews were conducted with seven professionals directly involved with the care and assistance to the user population of the shelter. The interpretation of the findings was based on thematic content analysis. In addition, the profile of the women and children sheltered in the year 2021 was drawn, based on the data provided by the institution, with the distribution of the frequencies of the observable variables. In conceptual terms, this work focused on intersectional feminist theoretical references. Among the results, it is argued that the shelter is permeated by contradictions,its normative idealizations to institutional practices: on the one hand, the shelter represents the possibility of salvation, that is, of interrupting the escalation of violence and, therefore, to prevent feminicide, but on the other hand, it appears as an upside-down prison, which “arrests” the victims. As a challenge, it points out the importance and urgency of thinking about new ways to guarantee protection to women who need this type of shelter, with flexibility of rules and internal regulations - which will necessarily demand public investment - in order to confer them greater autonomy and protagonism.
Keywords:
Violence against women, intimate partner violence, Women’s Shelter
Casa-Abrigo, uma prisão às avessas: quando a proteção às vítimas as aprisiona
Abstract(resumo):
Este artigo teve como objetivo conhecer uma Casa-Abrigo para mulheres em situação de violência por parceiros íntimos (VPI), em risco iminente de morte, localizada no estado do Rio de Janeiro a partir da percepção de seus profissionais. Para tanto, a pesquisa teve abordagem qualitativa e foram realizadas entrevistas semiestruturadas com sete profissionais envolvidos/as diretamente no atendimento e na assistência às mulheres atendidas pela Casa-Abrigo. A interpretação dos achados se deu por meio da técnica de análise de conteúdo temática preconizada por Bardin. Além disso, foi traçado o perfil das mulheres e crianças abrigadas no ano de 2021, com base nos dados disponibilizados pela instituição, sendo realizada a distribuição das frequências das variáveis observáveis. Em termos conceituais, este trabalho debruçou-se sobre referenciais teóricos feministas interseccionais. Dentre os resultados, argumenta-se que a Casa-Abrigo está permeada por contradições, desde suas normativas às práticas institucionais: por um lado, a Casa representa uma possibilidade de \"salvação\", isto é, de interrupção da escalada da violência e, portanto, de impedimento do feminicídio, mas, por outro, aparece como uma prisão “às avessas”, que “prende” as vítimas. Como desafio, aponta-se a importância e a urgência de pensar novas formas de garantir proteção às mulheres que necessitam desse tipo de abrigamento, com flexibilização das normas e dos regimentos internos – o que, necessariamente, demandará investimento público - de forma a conferir-lhes maior autonomia e protagonismo.
Keywords(palavra-chave):
violência contra as mulheres, violência por parceiro íntimo, Casas-Abrigo.
Queiroz, C. D., Wernersbach-Pinto, L., Silva, V.L.M. Women’s Shelter, a prison in reverse: when the protection of victims imprisons them. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/Mar). [Citado em 28/12/2024].
Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/en/articles/womens-shelter-a-prison-in-reverse-when-the-protection-of-victims-imprisons-them/19120?id=19120