0056/2022 - A saúde como campo de batalha: doenças e artes de curar no Brasil (C.1750-1822)
A saúde como campo de batalha: doenças e artes de curar no Brasil (C.1750-1822)
Autor:
• Ricardo Cabral Freitas - Freitas, R. C. - <rcabral.freitas@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3648-277X
Coautor(es):
• André Nogueira - Nogueira, A. - <guazo08@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2160-4279
Resumo:
O artigo explora como as doenças eram pensadas e enfrentadas na América portuguesa no início da década de 1820, pouco antes da consolidação da ruptura política com Portugal que tornou o Brasil um país independente. Analisa quem foram os indivíduos chamados para tratar as doenças da população sofredora, seus saberes e terapêuticas. Para tanto, inicia-se com um recuo no tempo, enfatizando as influências das reformas do Império português sobre o saber médico na segunda metade do século XVIII.A primeira parte do artigo dedica-se a explorar as complexas e multifacetadas práticas de cura na América portuguesa, resultantes das misturas entre as concepções tradicionais sobre o corpo e a doença que faziam parte das referências culturais da população local. Em seguida, analisa alguns dos embates institucionais e políticos envolvidos na consolidação da medicina científica no Brasil, especialmente após a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro.
Apesar do prestígio político dos médicos acadêmicos, os praticantes das artes da cura contavam com amplo apoio da população, além de encontrarem mobilidade social nas brechas das relações clientelistas que marcavam a cultura política do período.
Palavras-chave:
Terapêuticas tradicionais; História da saúde pública; BrasilAbstract:
The article explores how diseases were thought of and faced in Portuguese America in the early 1820s, shortly before the consolidation of the political rupture with Portugal that made Brazil an independent country. It analyzes who were the individuals called to treat the diseases of the suffering population, their knowledge and therapies. To do so, it begins with a step back in time, emphasizing the influences of the reforms of the Portuguese Empire on medical knowledge in the second half of the 18th century.The first part of the article is dedicated to exploring the complex and multifaceted healing practices in Portuguese America, resultingthe mixtures between traditional conceptions about the body and the disease that were part of the cultural references of the local population. Then, it analyzes some of the institutional and political conflicts involved in the consolidation of scientific medicine in Brazil, especially after the transfer of the Portuguese court to Rio de Janeiro.
Despite the political prestige of academic doctors, practitioners of the healing arts had broad supportthe population, in addition to finding social mobility in the breaches of clientelistic relationships that marked the political culture of the period.