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0214/2024 - ADOLESCER AJUSTANDO ÀS CIRCUNSTÂNCIAS IMPOSTAS PELA PANDEMIA: TEORIA FUNDAMENTADA NOS DADOS
ADOLESCENCE ADJUSTING THE CIRCUMSTANCES IMPOSED BY THE PANDEMIC: GROUNDED THEORY

Autor:

• Maria Aparecida Bonelli - Bonelli, M. A. - <mmariabonelli@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0542-4411

Coautor(es):

• Aline Oliveira Silveira - Silveira, A. O. - <alinesilveira@unb.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4470-7529

• Glauber Weder dos Santos Silva - Silva, G.W.S - <glauberweder@hotmail.com>
ORCID: http://orcid.org/0000-0002-0570-1944

• Diene Monique Carlos - Carlos, D. M. - <diene.carlos@usp.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4950-7350

• Ligia Bruni Queiroz - Queiroz, L. B. - <ligiabq@usp.br>

• Monika Wernet - Wernet, M. - <monika.wernet@gmail.com>



Resumo:

Objetivo: compreender o adolescer no contexto da pandemia da COVID-19. Método: estudo orientado pela Teoria Fundamentada nos Dados na vertente pós-positivista sob o referencial do Interacionismo Simbólico. A amostragem teórica foi composta por 23 adolescentes que foram entrevistados em profundidade ao longo de 2021. A análise por codificações aberta, axial e seletiva conduziu a uma teorização deste adolescer. Resultados: Intersectados pelo isolamento imposto e pelo significado das interações sociais para o adolescer, os participantes buscaram escolhas relacionais para se ajustarem e perseguir seus projetos. Envolveram-se nos ciberespaços para resgatar interações com pares e, simultaneamente, manejaram relações familiares percebidas enquanto duais, próximas, intensas, mas conflituosas. Destarte, o enfrentamento requereu lidar com sentimentos e abertura ao novo. Avançaram na autonomia, reconhecimento de si e do outro. Conclusão: Sob o entendimento de existirem conexões significativas para a continuidade do seu projeto e processo de desenvolvimento, adolescentes ajustaram-se ao contexto social imposto por meio de escolhas interacionais.

Palavras-chave:

Adolescente. Identidade Social. Pandemias. Enfermagem. Teoria Fundamentada.

Abstract:

Objective: to understand adolescence in the context of the COVID-19 pandemic. Method: study guided by Grounded Theory in the post-positivist aspect under the framework of Symbolic Interactionism. The theoretical sample consisted of 23 adolescents who were interviewed in depth in 2021. The analysis using open, axial and selective coding led to a theorization of these adolescents. Results: Intersected by the imposed isolation and the meaning of social interactions for adolescence, the participants sought relational choices to adjust and pursue their projects. They got involved in cyberspace to rescue interactions with peers and, simultaneously, managed family relationships perceived as dual, close, intense, but conflicting. Thus, the conflict required dealing with sentiments and being open to new things. They advanced in autonomy, recognition of themselves and others. Conclusion: On the understanding that there are significant connections for the continuity of their project and development process, adolescents adjusted to the social context imposed through interactional choices.

Keywords:

Adolescent. Social Identification. Pandemics. Nursing. Grounded Theory.

Conteúdo:

INTRODUÇÃO
O adolescer remete à experiência de individuação circunscrita à vida sociocultural1, sob uma complexa e dinâmica interconexão entre vivências passadas e atuais, desdobradas em crescente reconhecimento de si1-4. Transformações biopsíquicas e de relações sociais5 ocorrem, com vistas a projetos de vida, estruturação identitária e autonomia6-7. O estar em espaços sociais, as relações neles estabelecidas, influenciam e conformam o adolescer e o enfrentamento dos desafios a ele circunscritos4,8.
Pandemias intersectam processos sociais e, a da COVID-19 envolveu restrições às relações sociais, afetando construções identitárias, comportamentos, autonomia e delineamento do projeto futuro de adolescentes9. Nesse contexto, estudos concentraram-se em retratar o impacto da pandemia no comportamento e saúde mental de adolescentes10-19. Houve predomínio de abordagens metodológicas quantitativas11,15-16,18-20, apesar da existência de estudos qualitativas 13,17,21, de métodos mistos10, de reflexão22-24 e revisões12,14,25-26. Não foi localizada nenhuma teorização sobre o adolescer neste contexto.
Há premência de suporte ao processo de adolescer na direção de bem-estar físico e mental da adultez, assim como melhores condições de vida27. Apesar de maior visibilidade e esforções para acolher adolescentes, permanecem fragilidades na atenção à saúde a essa população, sobretudo em países não desenvolvidos28.
No Brasil, a população estimada é 207 bilhões de habitantes, e os adolescente representam cerca de 15% desse total29 ao tomar o intervalo etário dos dez aos 19 anos28, faixa etária adotada pelo Ministério da Saúde brasileiro.
Ao direcionar atenção para os indicadores de saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS), estimou que, em 2019, mais de 1,5 milhões de adolescentes e jovens adultos com idades entre 10 e 24 anos morreram no mundo e, entre as principais causas estiveram as violências, suicídios e acidentes de transporte30. No que condiz a questão social, em 2021, o percentual de crianças e adolescentes brasileiras vivendo na extrema pobreza e na pobreza alcançou o maior nível em relação aos anos anteriores: 16,1% e 26,2%, respectivamente29. Esses dados revelam a importância demográfica e social deste grupo e a necessidade de implementar ações das Diretrizes Nacionais de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens31, buscando atender as demandas que esta população detém.
Alinhado ao exposto, e à Ação Global Acelerada para a Saúde de Adolescentes (AA-HA!) e Estratégia Global para a Saúde das Mulheres, das Crianças e de Adolescentes (2016-2030)28,32, este estudo indaga: ‘Como as interações sociais e os processos identitários do adolescente foram afetados pela pandemia da COVID-19?’. O objetivo foi de compreender o adolescer no contexto da pandemia da COVID-19.

MÉTODO
Desenho do estudo
Trata-se de um estudo qualitativo, interpretativo, sob o referencial metodológico da Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) na vertente pós-positivista33. A TFD supera a descrição ao desenvolver um modelo teórico no qual o pesquisador faz uma análise indutiva e dedutiva dos dados, alternando entre a experiência individual e coletiva, para, assim, validar os fenômenos no processo de geração de uma teoria33.
Nesta direção, o Interacionismo Simbólico (IS) revelou-se referencial teórico pertinente ao enfatizar o comportamento humano como desdobramento de interações sociais e dos significados estabelecidos a partir delas34. Nessa perspectiva, o adolescer é processo singular, estruturado e derivado das interações sociais (inclusive aquelas internalizadas), com vistas ao alcance identitário.
Local do estudo
O estudo foi realizado com adolescentes residentes em município do interior paulista, cuja população estimada em 2022 foi de 254.822 habitantes, 13% deles adolescentes35. Reconhecida pelo alto grau de desenvolvimento, a cidade possui um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de R$47.701,04, com índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,805 e 6,5 pontos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)35.
Em relação ao Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS)36, a população concentra-se em território de muito baixa vulnerabilidade, com 62% estratificada como baixa e baixíssima vulnerabilidade e 17% da população encontra-se em território de alta e muito alta vulnerabilidade.
Participantes do estudo
Foram convidados 26 adolescentes, 23 deles aceitaram participar e três não responderam após três tentativas de contato, considerados como negativa. Foram localizados pela técnica snowball sampling, a partir de informantes chaves identificados via atividade de extensão desenvolvida em ambiente escolar com adolescentes, no ano de 2019. A técnica snowball sampling está indicada para localização de populações com experiências específicas37.
O convite ao estudo ocorreu via WhatsApp®, por meio de uma apresentação da pesquisadora por escrito junto a um áudio explicativo sobre o estudo, seu objetivo e sua estratégia de coleta de dados. Solicitou-se, para aqueles que manifestaram interesse em integrar o estudo, o contato do seu responsável para o envio do termo de consentimento. Os termos de assentimento e de consentimento foram enviados via link do Google Forms®. Após o recebimento da anuência para a participação, foram agendadas as entrevistas.
Coleta de dados
Os dados foram obtidos ao longo do ano de 2021 e, considerando o contexto pandêmico, a coleta foi online, por meio de entrevista aberta e única, áudio gravada na plataforma Google Meet®, com duração média de 20 minutos. Inicialmente obteve-se informações sociodemográficas, para depois apresentar as questões norteadoras dos grupos amostrais.
Com vistas ao alcance de saturação teórica e densidade das categorias, ou seja, não surgimento de novos elementos vinculados ao fenômeno, a amostragem teórica33, formaram-se cinco grupos amostrais (Quadro 1).
Quadro 1

Os critérios de seleção inicial dos participantes foi: (a) ser pessoa entre 12 a 18 anos incompletos, (b) ter interesse em contribuir com o estudo e (c) ter o consentimento de um responsável legal.
Análise dos dados
Os dados coletados foram transcritos na íntegra e analisados simultaneamente33. Todo o percurso de coleta e análise dos dados foi realizado pela primeira autora, enfermeira, doutoranda em Ciências da Saúde, membro da equipe de extensão em um ambulatório de saúde do adolescente e em uma escola, com experiência prévia na TFD (pesquisa de mestrado).
A codificação aberta deu-se pelo processo de análise linha a linha para a elaboração dos códigos e conceitos. Os códigos foram organizados pela similaridade, com estabelecimento das categorias iniciais. Na codificação axial ocorreu o processo interpretativo dos dados a partir dos cinco componentes do Modelo do Paradigma, relacionando e fundamentando as categorias. Na codificação seletiva, a organização analítica dos dados, permitiu identificar o modelo paradigmático, com a delimitação do fenômeno e categoria central do estudo. Esse modelo foi validado junto a dois adolescentes, um menino de 17 anos, da rede privada de ensino e uma menina com 15 anos, da rede pública de ensino. A validação ocorreu de forma remota, via Google Meet®, onde foi apresentado o diagrama representativo da Categoria Central, com a leitura da narrativa da experiência. Os adolescentes se identificaram com ela, com destaque aos sentimentos e sofrimentos advindos do isolamento e afastamento dos pares. Essa constituiu a etapa final da TFD, importante para analisar sua pertinência e representatividade33.
Todas as recomendações éticas foram respeitadas e o estudo foi aprovado por Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos, CAAE 39524120.2.0000.5504. Os participantes foram identificados pela letra (A), seguido do número ordinal em que a entrevista foi realizada.

RESULTADOS
Os participantes eram 11 do sexo masculino e 12 do feminino, tinham idade entre 12 e 17 anos, a maioria estava no ensino fundamental II (n=17), os demais no ensino médio (n=6). Quanto à rede escolar, 11 eram de escolas públicas e 12 de escolas privadas. 15 adolescentes conviviam em família nuclear e seis em família monoparental feminina. Frente a localização da moradia, segundo IPVS36, 4 viviam em região de baixíssima vulnerabilidade, 5 em região de baixa, 8 em região de média e 6 em região de alto índice de vulnerabilidade social.
Os resultados mostram que o adolescer na pandemia da COVID-19 está representado pelo fenômeno “Mantendo conexões significativas para continuidade e alcance do projeto de vida”, sustentado por cinco categorias conceituais, organizadas a partir dos componentes do modelo paradigmático: Contexto (adolescer); Condições causais (tendo o projeto cerceado pela pandemia da COVID-19); Condições intervenientes (sendo subitamente exposto a mudanças e vivendo a intensificação das relações familiares; Estratégias (intensificando a relação consigo, imergindo em ciberespaços e intensificando o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) e revisitando projetos e expectativas); Consequências (sofrendo desgaste emocional, reconhecendo a essencialidade das relações sociais, ampliando autonomia e descobrindo-se).
Contexto
O adolescer é contexto da experiência, conforma-se a partir de interações sociais e abarca o entrelaçamento de elaboração de mudanças de desenvolvimento (de ordem física, emocional e de demandas sociais) sob projeções sociais de responsabilidade e futuro, com o desejo e anseio atual de convivência junto a pares e tessitura de sua história.
Na adolescência você evolui muito, além da aparência física, o psicológico muda, os pensamentos, os desejos de sair, ficar com os amigos, essas coisas. E eu sempre quis ficar adolescente, pois via meu irmão saindo, meus primos saindo, se divertindo, contando história, e eu pensava, eu quero sair com meus amigos, eu quero ter histórias para contar (A14).
Condição Causal
Tendo o projeto cerceado pela pandemia da COVID-19, compreende a condição causal desse fenômeno, visto que a prospecção da adolescência junto aos pares de modo mais livre e intenso foi interpelada.
Eu tive muita expectativa da adolescência, de sair, ir para muitas festas, curtir com meus amigos, mas daí veio a pandemia, e acabou com toda a expectativa que eu tinha (A15).
Condições intervenientes
Perceberam-se sendo subitamente expostos a mudanças e vivendo a intensificação das relações familiares, condição interveniente das expectativas projetadas ao adolescer. O deslocamento do curso do processo de adolescer, força interação social em contexto simbolicamente imerso no medo e restrição, defrontando expectativas do passado e do futuro.
As mudanças foram sentidas de forma mais intensa a partir do fechamento das escolas e diante da percepção de estarem confinados em casa. Passam a ser impedidos de estar em espaços sociais de interação com os pares, principalmente escolas.
Antes da pandemia, eu chegava desanimada e saia da escola feliz, com dor de barriga de tanto rir, era bem legal, [...]de um dia para outro, pá, não teve mais nada, acabou, todo mundo teve que ficar em casa, só na tela do celular, então foi um baque, tipo, como assim, do nada surgiu a doença e acabou (A17).
O ser isolado foi um símbolo de difícil elaboração, assim como o uso de máscara que impossibilitava ver e sentir o outro, com interferência nas interações.
É difícil, só vejo meus amigos na escola, e ainda tem que ser de máscara, eu não lembro do rosto de quase ninguém, e quando eles tiram a máscara, eu penso, “meu Deus!!”(A10).
O ensino online foi complexo, descreveram dificuldades com as plataformas utilizadas pelas escolas, limites para a concentração e o não vínculo educador/adolescente. A sagacidade em que tudo ocorreu exigiu uma brusca adaptação.
Foi um pouco estranho, do nada não poder mais olhar para ninguém, só ouvir a voz da pessoa, ou ver ela pela tela do celular. Foi difícil, a gente ficava entediado e simplesmente saía da aula e deixava o professor falando e ia mexer em outro lugar, sabe, então foi bem difícil aprender alguma coisa, foi bem difícil se concentrar (A10).
A mudança foi repentina, simbolizou uma tensão e exigiu um intenso processo da Mente com diretivas às (re)significações e ações. Foram impostos à inversão dos espaços interacionais em conjunto com a intensificação das relações familiares. Nessa direção, a forma como a família se posicionou no suporte interferiu sobremaneira na experiência.
As relações familiares, por vezes pontuadas enquanto fortalecidas frente à imposição de convívio, também estiveram imersas em conflitos derivados do dividir espaços, tarefas, lidar com as diferentes personalidades, além de conter a contínua supervisão dos pais/familiares.
[...] eu comecei a ficar muito triste, assim, eu roo unha, e aí comecei a roer muito minha unha, e aí minha mãe chamou alguns amigos para ajudar a fazer lição, ficar aqui em casa, para se ajudar sabe, ver se a gente se animava um pouco, foi o que me ajudou (A9).
Ficar em família até que foi legal, mas, acho que como a gente ficava muito tempo junto e não tinha espaço, tinha brigas, a gente respondia um para o outro, eu e meu irmão, na verdade toda a minha família brigava (risadas) [...] minha mãe controlava tudo, o tempo todo. Mas também a gente começou a fazer mais coisas juntos, como assistir filmes, programa na TV, a gente fica na sacada, almoçando ou tomando sol (A3).
No global, as interações familiares estiveram apreendidas como de pouca contribuição para o alcance da individualidade do SER e ESTAR na adolescência e suas particularidades.
Estratégias
Frente aos intervenientes do isolamento social, os adolescentes tiveram que mobilizar estratégias para seguirem a vida, o projeto. Foram intensificando a relação consigo, imergindo em ciberespaços e intensificando o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) e revisitando projetos e expectativas.
Ser imposto a este novo contexto interacional fez com que qualificassem o adolescer na pandemia como difícil e complicado, pois entenderam estarem sendo privados da melhor fase da vida, restritos à casa, não podendo sair, viajar e principalmente estar com os amigos.
No adolescer, o desenvolvimento do Self ocorre em meio a interações, inclusive consigo próprio, quando perceberam a si como oscilantes, com diferentes ‘vibes’ em um único momento.
A adolescência também tem seus malefícios, porque, é quando você vai se descobrindo e vai passando por diferentes emoções e às vezes são emoções que te afetam e que vai dizendo mais sobre sua personalidade, e assim, é algo bem estranho, meio bipolar, pois uma hora você está de um jeito e outra hora você está de outro, cada hora você está em uma ‘vibe’ diferente, escolhas diferentes, acho que é isso (A13).
O processo de compreender a si estruturou o adolescer, refletiram acerca do que e de como as coisas e pessoas são concebidas e sentidas, com maior sensibilidade aos símbolos emitidos ao seu redor. A pandemia impôs um processo solitário e sofrido de relação consigo.
Eu tive que aprender a viver na minha própria companhia e isso é difícil [...]eu vou pensando muita coisa sozinho e acabo ficando paranoico, e meus amigos me ajudavam a eu esquecer um pouco, [...] Esse tempo sozinho foi bom para eu me conhecer mais, amadurecer, [...], ficar sozinho me mudou bastante, eu me tornei muito crítico a mim mesmo, estou aprendendo a conviver com isso, e mudei bastante pela tristeza de ficar sozinho, me tornei meio medroso, muito sentimental e emotivo (A18).
Imergindo em ciberespaços e intensificando o uso de TIC’s foi um movimento desempenhado pelos adolescentes na busca pelas interações sociais, do suporte por ela ofertado. Significaram o ciberespaço propício à liberdade de escolhas, de com quem conversar, o que acessar e de como se relacionar.
Quando eu estou no celular, eu saio um pouco desse mundo da pandemia, e vou para um mundo com mais gente, entendeu, é isso, de me enturmar com mais pessoas (A4).
O isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19 restringiu experiências interacionais e impactou a identidade pessoal e social.
A escola, porta o símbolo da liberdade, já que nela sentiam mais livres, teciam escolhas sem tantas projeções e imposições familiares. Assim, a impossibilidade de estar nela, da interação com pares provida por frequentá-la, foi significada enquanto a principal perda e lançou adolescentes nos ciberespaços desejosos por novas formas de relacionar-se livremente e de amenizar sofrimentos.
Ficamos preso em casa, tive dias péssimos, fiquei o dia inteiro sozinho, no quarto escuro, sem fazer absolutamente nada e acabei que chamando alguns amigos meus para a gente fazer videochamadas, quase que diária para conversar, pois é muito difícil não conversar, não falar mesmo, é difícil ser tudo por mensagem, então psicologicamente me afetou demais a pandemia, afetou demais ficar sem meus amigos (A19).
Foi possível apreender que as TIC’s, permitidas e facilitadas pela pandemia, atenuaram a falta das interações com os pares e proporcionou conhecer pessoas, momentos de distração e lazer. Apesar disto, reforçaram a perda e afastamento de relações de amizades.
O que mais mudou com a pandemia, acho que foi o contato físico com os amigos, agora a gente só fala por chamada de vídeo ou chamada de voz, e pelos jogos online, e acabou que eu acabei perdendo alguns amigos, a relação com meus amigos distanciou bastante (A1).
A necessidade de ver e sentir o outro no processo interacional foi apontada com pesar. A timidez esteve reconhecida como um entrave agravado nesse contexto, sentiram saudades de rir e conversar com amigos. O estar presencialmente com o outro oportuniza sensações e trocas diferentes, quando comparadas com o virtual.
Apesar das dificuldades vividas, permaneceram esperançosos pelo retorno do cotidiano e mantiveram investimentos em seus projetos, mantiveram olhares para além da pandemia, apesar das perdas, amigos, encontros, formatura, festas, viagens e até mesmo entes queridos. A astucia e o desejo de novos desafios sobressaíram na esperança de retomada de seus projetos.
Minha expectativa com o fim da pandemia é sair, falar com os amigos, o que eu mais senti falta, [...] No futuro, eu pretendo fazer uma faculdade, estudar, ter um trabalho, quem sabe mais para frente, comprar meu próprio carro, ter minha própria fonte de renda (A14).
Consequências
Todo esse rearranjo de vida e interações para adolescer na pandemia fez com que o adolescente fosse sofrendo desgaste emocional, reconhecendo a essencialidade das relações sociais, ampliando autonomia e descobrindo-se.
As restrições frente a circulação em espaços sociais para as interações com pares foi uma perda apreendida pelos adolescentes, com destaque à escola.
O que eu queria era poder ter continuado com os meus amigos, poder continuar rindo, ter eles perto de mim (A20).
Que saudades da escola presencial, a escola era um lugar que eu me sentia bem, que as vezes eu chegava triste e saia dando risada, e com o online ninguém nem conversa, não fala nada, é bem ruim (A15).
As estratégias de enfrentamento adotadas foram insuficientes em termos de acolhimento emocional. Perceberam-se tristes, ansiosos, sozinhos, entediados, com raiva e medo. Vários revelaram desgaste emocional e alguns desenvolveram sofrimentos psíquicos. O acolhimento de sentimentos esteve descrito enquanto complexo e não suprido na totalidade.
Antes eu conversava mais com a minha mãe, agora na pandemia, eu não sei explicar os motivos dos sentimentos que eu sinto, tipo, tristeza de sentir falta da família, dos amigos, ou algum aborrecimento que eu sinto. Acho que antes eu sabia mais o que eu estava sentindo, e agora como estão acontecendo muitas coisas, eu são sei o que está acontecendo com os sentimentos, é um pouco mais difícil de falar, e eu sinto mais tristeza, é difícil viver com a pandemia (A2).
[...] na pandemia foi muito difícil a questão psicológica, porque, desenvolvi ansiedade, teve alguns meses que foram difíceis, até tive alguns problemas com o estado depressivo, perdi muitos amigos, muito mesmo, porque, uma coisa são as conversas presenciais e outra é longe, então é muito difícil psicologicamente, tanto psicologicamente quanto fisicamente, pois o contato físico, o calor de ter gente perto de você é muito bom, e faz falta (A7).
Eu desenvolvi um transtorno alimentar por conta de tudo isso, por conta de ficar em casa, por conta da pandemia mesmo (A21).
Essa maior imersão no sentir, a tristeza e anseios, permitiu um amadurecimento, favoreceu solidariedade e empatia, de modo a destacarem evolução dos processos interacionais consigo mesmo, na sua sensibilidade.
A pandemia, ela fez eu pensar que não existe só eu no mundo, e eu preciso ajudar o próximo, tipo, não sair, usar máscara, passar álcool em gel, tipo não transmitir essa doença para minha família (A6).
Eu senti bastante falta de encontrar as pessoas, pois eu não estava mais conseguindo me socializar, nem mesmo dentro de casa, eu não sabia mais responder as pessoas, eu não conseguia mais prestar atenção, ter contato físico, qualquer coisa que encostasse em mim, eu não conseguia identificar o que era, qual o sentido (A12).
Reforçaram a essencialidade das relações sociais para o adolescer, em especial das relações de amizades. O ciberespaço, apesar de proporcionar o encontro virtual dos adolescentes, esteve significado enquanto ‘distante’ e impessoal.
Com a liberdade proferida no pertencimento e manejo dos ciberespaços, os adolescentes foram desafiados em sua autonomia nas tomadas de decisão frente ao estudo e cumprimento de prazos nas entregas das tarefas e provas. Vivenciaram dificuldades para a auto-organização.
Porque tive que criar uma rotina, uma rotina de acordar, animar, fazer tarefa, conversar com as pessoas, mesmo que online. Agora a gente conversa bastante, faz bastante coisa na aula, e eu aprendo bastante coisa também, mas tive que organizar meus estudos, as entregas de atividade, ter atenção aos prazos, cuidar de tudo da escola (A5).
Essa autonomia transcendeu para inserções familiares, pois, com a obrigatoriedade de permanecer em casa, novos papéis foram direcionados ao adolescente, e estes passaram a assumir cuidados com a casa e irmãos caçulas, principalmente quando os pais mantiveram a rotina de trabalho.
Em um movimento de simultaneamente transpor a frustração de não viver o prospectado à sua adolescência e permitir-se experimentar novos papeis e situações, fizeram descobertas em diferentes âmbitos, como leitura, escrita, atividades esportivas, culinária, maquiagem, artes corporais, e interação social através de jogos e plataformas online de comunicação.
Na pandemia a gente ficou muito no celular, então a gente aprendeu muita coisa pelo celular, eu por exemplo, eu aprendi a cozinhar melhor, fazer maquiagem e também comecei a ler pelo celular, foi bem legal (A13).
Assim, o modelo teórico ‘Ajustando-se às circunstâncias impostas pela pandemia’, representado pela figura 1, emerge no movimento e estratégias de ajustamento do adolescente frente às circunstâncias impostas pela pandemia, numa tentativa de manter conexões significativas e a continuidade, a integridade e a normalidade do seu processo de vida. Essa projeção para o viver as adolescências apreendida no fenômeno sob estudo, denota na preponderância das categorias ‘Condições intervenientes’, ‘Estratégias’ e ‘Consequências’.
Figura 1

DISCUSSÃO
Adolescer está socialmente associado a construção identitária e projeto de vida, processos assentados na e a partir das relações sociais. Ancoradas no IS, as identidades requerem e transcendem reconhecimento do Self, o Eu nas relações, com reflexões acerca das ações individuais e dos outros, das inferências culturais, sob processo comparativo e com esforços compreensivos sobre interações, valores, comportamentos e condutas38.
Na adolescência há um maior direcionador das identidades, visto a ascendência da autonomia, o reconhecimento comportamental e de personalidade, todos influenciados pelas relações sociais. A condição socioeconômica, configuração familiar e os processos interacionais entre pais e filhos, assim como os direcionadores de afeto e abertura de diálogo refletem no comportamento social dos adolescentes7.
Quando comparados às crianças, os adolescentes passam mais tempo com seus pares do que com a família e, dessa forma, constroem relacionamentos mais complexos com estes9. Essa reorientação para os pares promove desenvolvimento, permite-lhes um senso de autoidentidade social9. Os adolescentes deste estudo, assinalaram a importância das relações de amizade para a construção da identidade, sendo que a interferência no convívio provocada pela pandemia foi significada como uma adversidade, ameaçou o desenvolvimento, afetou projeções, gerou rupturas, incertezas e sofrimentos.
Segue-se então que, mudanças generalizadas no ambiente social, como o distanciamento físico forçado e contato social face a face reduzido com pares, podem ter um efeito substancial no adolescer9.
A pandemia causou a perda de amigos, impossibilitou a vivência de acontecimentos sociais com caráter de “ritos de passagem”, anteriormente projetados. Contudo, trouxe contribuições, com destaque ao reconhecimento e valorização da amizade e das relações28.
O isolamento social do contexto pandêmico foi significado como restritivo à concretização do projeto, à edificação de relações significativas. Para contrapô-los, houve intensificação da comunicação por meio das TICs, inclusive como recurso para vivências agradáveis39, aspecto que conduz à discussão da finalidade das TICs no adolescer.
Ao tomar o anseio pela adolescência, cabe traçar um paralelo acerca da restrição social percebida pelos adolescentes na pandemia com as relações familiares controladoras. A socialização de jovens não controlado ou sem supervisão é destacada como preditor à comportamentos desviantes40, contudo adolescer requer liberdades. São nos encontros sem supervisão que os adolescentes exercitam seu poder de decisão7, constroem relações e desenvolvem autonomia. A liberdade de escolhas está socialmente prospectada ao transcurso das adolescências, desde as, de com quem, como e aonde se relacionar, até as decisões que norteiam o futuro. Os adolescentes projetam a aquisição disto, que no contexto sob estudo sofreu entraves, mas foi buscada, assinalando ser eixo estruturante do adolescer, com indicativas de ser pautado no suporte às famílias com adolescentes.
As interações sociais com pares, permite aos adolescentes um reconhecimento de si nas relações, autorreflexão sobre seu comportamento e o comportamento do outro, é espaço de voz e escuta. Assim, contribui com o bem-estar e projetos do adolescente9. Fortalecer relações de amizade é essencial, motivo pelo qual a busca pelos pares é intensa4. As amizades são potentes para enfrentamentos, inclusive diante experiências ruins, destacando-se enquanto rede de apoio4,41. O presente estudo referendou o sentido diferenciado das amizades no adolescer.
Ainda, a pandemia da COVID-19 trouxe à tona a reflexão acerca da saúde mental e sofrimentos psíquicos frente a restrições nas relações sociais42, aspecto aqui reforçado. Estudo apontou que 51% dos adolescentes manifestaram ter piorado o nível de irritabilidade, 48% o nível de ansiedade e 47% o nível geral de humor durante a pandemia da COVID-19. Destes, 39% relatam ter piorado em relação à depressão19.
Ao direcionar atenção à relação familiar, ela esteve reconhecida de forma dual, promotora de afetos, proteção e cuidado, mas também de sentimentos negativos, como solidão, tristeza, menosprezo, em muito pelo seu funcionamento, discussões e desentendimentos familiares42. Compreender as relações em família é ação direcionadora de intervenções de suporte a adolescentes e famílias durante e após a pandemia43.
As relações sociais ampliadas revelaram-se com lugar diferenciado para o adolescer, com indicativas de proteger sua ocorrência. Exercer suas escolhas, sobretudo as interacionais e junto a pares que sustentam o processo de ‘experimentações’ típicos e necessários ao adolescer. Por outro lado, a construção social que articula adolescência a situações de risco e vulnerabilidade conduz a surgir, em algumas famílias, um comportamento de vigilância e controle. Profissionais de saúde e educação podem oportunizar diálogos acerca disto, na direção de dar suporte para que famílias e adolescentes consigam alcançar comunicação aberta e tomadas de decisões que deem vazão e sustentação a esta necessidade do adolescente.
A escola, neste quesito, é espaço social propício e destacado nos resultados deste estudo. Ocorre que as ações neste contexto tendem a estar embebidas pelo capacitismo, sob a gramática da proteção e do entendimento de ser o adolescente ‘condição de ser menor, quase um não sujeito’44. A proteção é importante, mas precisa ser sustentada por processos que promovam o mim a partir da relação consigo e com outros sociais33, do contrário não emancipará pessoas.
Toda situação que conduz a restrição ou cerceamento nas relações sociais coloca o desenvolvimento do adolescente e seu projeto em risco. Portanto, é premente retomar relações sociais essenciais aos processos identitários, quando pensar o contexto social e as intersubjetividades estão no rol de ações de suporte às adolescências.
Às políticas públicas fica o desafio de transpor a simples ampliação numérica de espaços de socialização para qualificar os diálogos e intersubjetividades nestes espaços. É o vivido nas interações sociais que atua no adolescer, na autonomia crítica.
Os achados deste estudo permitem apontar a essencialidade, de um olhar que aloque as relações sociais (pares, familiar e ampliada) na centralidade, em contraponto ao que insiste em dar premência às questões biológicas e de riscos. Estas só terão sentido se tematizadas sob os alicerces das interações sociais que estão a projetar e sustentar o adolescer. Portanto, a aposta deve ser na edificação de ambientes relacionais promotores de emancipação, os quais tem contornos próprios, são dependentes da singularidade de cada adolescente e de sua inserção social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O modelo teórico ‘Ajustando-se às circunstâncias impostas pela pandemia’ teoriza o movimento dos adolescentes para enfrentar os desdobramentos do isolamento e viver o adolescer apesar das restrições impostas, mantendo seu projeto no horizonte. Retrata o significado atribuído às adolescências quanto a liberdade para estar e relacionar-se nos espaços sociais.
A teoria aqui desenvolvida representa uma estrutura para a compreensão das escolhas relacionais dos adolescentes, quando diante de crises e adversidades com restrições sociais. Permite aos profissionais de saúde, educadores e família dar suporte ao adolescer, às escolhas relacionais, com diretivas a um diálogo aberto e valorizador das mesmas e do projeto delineado pelo adolescente.
Quanto às limitações, sobressai o fato de o estudo ter sido realizado apenas em um município, não abarcando todas as classes sociais, o que aponta para explorações de novas facetas do fenômeno adolescer. Ressalta-se que a experiência retratada não generaliza a vivida por todos os adolescentes, pois sempre algo novo pode surgir, e pode ser aprofundada para posterior inclusão no modelo teórico, o que é característica do método empregado.

FINANCIAMENTO
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.


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Bonelli, M. A., Silveira, A. O., Silva, G.W.S, Carlos, D. M., Queiroz, L. B., Wernet, M.. ADOLESCER AJUSTANDO ÀS CIRCUNSTÂNCIAS IMPOSTAS PELA PANDEMIA: TEORIA FUNDAMENTADA NOS DADOS. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/mai). [Citado em 22/12/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/adolescer-ajustando-as-circunstancias-impostas-pela-pandemia-teoria-fundamentada-nos-dados/19262?id=19262

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