0362/2024 - Assistência intersetorial às vítimas de acidentes e violência na visão de gestores e profissionais da Atenção Primária
Intersectoral assistance to victims of accidents and violencethe perspective of Primary Care managers and professionals
Autor:
• Kathie Njaine - Njaine, K. - <knjaine28@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3250-2331
Coautor(es):
• Joviana Quintes Avanci - Avanci, J.Q - <jovi.avanci@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7779-3991
• Daniella Harth da Costa - Costa, D.H - <daniellaharth@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9881-9545
Resumo:
O artigo analisa a implementação da diretriz sobre assistência interdisciplinar e intersetorial às vítimas de acidentes e violências da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência (PNRMAV) a partir da Atenção Primária à Saúde. O estudo é baseado na triangulação de métodos quantitativo e qualitativo, para coleta de dados e análises. Foram realizados questionários e entrevistas com gestores e profissionais dos serviços da atenção primária nas capitais brasileiras e em alguns municípios. Os resultados mostram que a Rede de Saúde, os Serviços da Assistência Social e o Conselho Tutelar são os principais órgãos com os quais a atenção primária articula o cuidado nos casos em pauta. A frequência de fluxos e protocolos de encaminhamento dos casos é alta e, em geral, bem avaliada pelo grupo que participou do estudo. A atenção às vítimas de acidentes, no entanto, é mais limitada. Houve avanços nas articulações intersetoriais em todas as regiões do país. Porém a formação deficiente e a alta rotatividade das pessoas nas equipes são os principais entraves. Conclui-se que a implementação da PNRMAV na atenção primária precisa ser fortalecida pois seu papel é muito importante em si e na articulação com outros serviços para a qualidade de vida dos usuários e a construção da paz.Palavras-chave:
Violência, Acidente, Atenção Primária à Saúde, IntersetorialidadeAbstract:
This article examines the implementation of the interdisciplinary and intersectoral assistance guideline for victims of accidents and violence, as outlined in the National Policy for Reducing Morbidity and MortalityAccidents and Violence (PNRMAV), within Primary Health Care. This is research based on the triangulation of quantitative and qualitative methods, analyzing questionnaires and interviews with managers of primary care services in ed capitals and cities. The results reveal that the health network, social assistance services, and the guardianship council are the primary entities with which Primary Health Care coordinates care for cases of accidents and violence. There is a high frequency of flows and protocols for referring cases of violence and accidents, which are generally well-regarded. However, attention to accident victims is more limited. Progress has been observed in intersectoral coordination for providing care to victims of violence and accidents across all regions of the country. The main challenges identified are insufficient training and high staff turnover. The study concludes that the implementation of the PNRMAV in primary because its role is very important in itself and in conjunction with other services for the quality of life of users and the construction of peace.Keywords:
Violence, Accidents, Primary Health Care, IntersectorialityConteúdo:
A estruturação e organização da rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma diretriz fundamental para o acolhimento, diagnóstico, tratamento e encaminhamento de vítimas de acidentes e violências no país. A atenção primária à saúde (APS) atua como ordenadora da Rede de Saúde no país, configurando-se como a principal porta de acesso ao SUS. A APS fundamenta-se numa proposta de atenção integral e dentro dos princípios de acolhimento, humanização, continuidade do cuidado e territorialização. Os cuidados primários são estratégicos para a prevenção de agravos, identificação, notificação, coordenação da assistência em geral, inclusive para as pessoas em situação de violências e acidentes que recorrem ao sistema. Esse nível de atenção é privilegiado porque atinge a saúde dos indivíduos, dos familiares e dos grupos de vizinhança, e se adequa ao contexto1. O caráter de atendimento básico que propicia à APS um conhecimento próximo à realidade dos usuários também permite uma articulação com outros setores como o de educação, de assistência social e de justiça e o entendimento dos fatores socioeconômicos, culturais, familiares, comunitários, individuais e de gênero que interferem na saúde, e no caso aqui estudado, nos casos de violência e acidentes2. De acordo com dados da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, em dezembro de 2020 cerca de 76% da população brasileira estava coberta pela atenção primária e 63,6% pela Estratégia Saúde na Família (ESF). No tocante as regiões do país, as porcentagens de cobertura da atenção primária variavam de 82,33% no Nordeste e 68,53% no Sudeste4.
Em relação aos casos de violência e acidentes que chegam aos serviços, o estabelecimento de vínculos na oferta de cuidados possibilita um conhecimento mais aprofundado para identificação das causas primárias, atendimento e acompanhamento. Por exemplo, sabe-se pela literatura, que cerca de metade das pessoas que cometem suicídio compareceram a uma consulta médica no intervalo de seis meses antes da morte e a maior parte delas foi atendida por um médico generalista da atenção primária no mês anterior ao episódio, com queixas clínicas diversas, inespecíficas e vagas3. Cenário semelhante ocorre nos casos violência doméstica contra crianças, adolescentes, mulheres ou idosos. Em geral, os profissionais atentos conseguem atuar na identificação, atendimento e encaminhamento das vítimas, e podem evitar o agravamento à saúde física e emocional dos indivíduos.
O caráter preventivo e de promoção da saúde da APS possibilita uma assistência contínua e independentemente de demandas por intervenções em patologias específicas, estimulando que o serviço seja buscado mesmo na ausência de queixas ligadas a adoecimentos já manifestos. Essa característica é relevante nas situações de violência que costumam ocorrer de forma sistêmica e intergeracional, requerendo cuidado integral5,6,7 e necessitam de acionamento de ampla rede de cuidado intrasetorial e intersetorial. Poia as violências e acidentes não são fenômenos exclusivos que afetam o setor saúde8.
A assistência interdisciplinar e intersetorial às vítimas de acidentes e violências faz parte das sete diretrizes da Política Nacional de Redução a Morbimortalidade por Acidentes e Violência (PNRMAV) do Ministério da Saúde, promulgada em 20019. Nesse documento, a ideia de intersetorialidade está conectada à noção de rede e parcerias com diversos serviços que fazem a gestão intrasetorial de saúde e de problemas sociais como é o caso da assistência social, da educação, da segurança pública, do trânsito, da justiça10. Mas essa articulação exige uma nova visão da cultura de trabalho e novos arranjos de práticas institucionais11-13.
O presente artigo examina a implementação da diretriz de assistência interdisciplinar e intersetorial às vítimas de acidentes e violências da PNRMAV a partir das equipes da atenção primária à saúde. Como já dito, a pesquisa se justifica pela importância da APS na prevenção e atenção a esses eventos.
MÉTODO
O estudo é parte de uma pesquisa realizada em todo território nacional entre os anos de 2020-2023 intitulada “Pesquisa Avaliativa da Implementação da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência” que utiliza métodos quantitativo e qualitativo e várias técnicas de coleta e análise de dados14-17.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, com o CAAE 27932820.7.0000.5240. Todos os participantes assinaram o Termo de Esclarecimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Abordagem quantitativa
Este estudo é parte de uma grande pesquisa avaliativa sobre a implementação da PNRMAV em todos os municípios brasileiros. Sobre questão da intersetorialidade a partir da Atenção Primária, foram ouvidos profissionais e gestores de 290 serviços, incluindo 18 de capitais. (Quadro 1).
Quadro 1
Para este estudo foram retiradas da grande pesquisa questões que focalizaram dois temas: (1) articulação de redes e serviços para os quais a atenção primária encaminha os casos de acidentes e violências e (2) tipo de fluxo para articulação da atenção primária com outros serviços de saúde para os casos de acidentes e as violências. O destaque maior foi dado à análise por regiões brasileiras. Toda a análise quantitativa foi feita por meio do pacote estatístico SPSS 2418.
Abordagem qualitativa
Foram realizadas entrevistas individuais com 11 gestores e profissionais da atenção primária à saúde das seguintes capitais e cidades brasileiras: Manaus/AM, Recife/PE, Belo Horizonte/MG, São Paulo/SP, Florianópolis/SC, Porto Alegre/RS, Carauari/AM, Santarém/PA, Rio Tinto/PB, São Tomás de Aquino/MG e Arroio do Tigre/RS (Sul). A seleção dessas cidades baseou-se em 14 indicadores, construídos a partir de diretrizes da PNRMAV9. A entrevista indagou sobre as ações e articulações intrasetoriais na assistência às pessoas em situação de violências e acidentes, os processos e resultados alcançados na implementação da PNRMAV na atenção primária. Todas as entrevistas foram realizadas de maneira remota a partir da plataforma Google Meet, com duração média de uma hora, e foram gravadas e transcritas por profissionais especializados. Foram utilizadas as técnicas de análise temática para dar relevância aos principais conteúdos19.
RESULTADOS
Encaminhamento e fluxos da Atenção Primária com outros serviços
A Rede de Saúde (99,3%), o Conselho Tutelar (98,2%), a rede de assistência social (97,8%) e o Ministério Público (84,9%) são os principais serviços para os quais a atenção primária encaminha os casos de violência. Por sua vez, o Conselho de Direitos da Pessoa LGBTI+ (20,5%), o Centro de referência especializado de outros setores (21,5%) e a Delegacia da Pessoa com Deficiência (21,9%) são pouco citados. O cenário não difere entre as unidades participantes (Tabela 1).
Tabela 1
Em consonância com os dados quantitativos, os profissionais e gestores entrevistados também mencionaram o compartilhamento dos casos com outros serviços da saúde, com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), com o Conselho Tutelar e com o Ministério Público. As articulações, em geral, são realizadas a favor do atendimento a mulheres, crianças, adolescentes, idosos e gestantes vítimas de violência. Os profissionais ressaltaram as ações conjuntas com as escolas para prevenção de violência; com organizações não governamentais, conselhos de direito, universidades e associações comunitárias. Em algumas localidades, gestores e profissionais destacaram o apoio de dispositivos regionais. Uma gestora da Região Norte mostrou uma visão bem positiva dos encaminhamentos dos casos de violências atendidos pela atenção primária: “tivemos um trabalho muito bacana com o pessoal da Secretaria da Justiça para que a gente pudesse melhorar mais o fluxo. A gente entende que todos precisam falar a mesma língua, além da articulação com serviços da secretaria de assistência social, como o CRAS e o CREAS”. No Nordeste, uma profissional que atua em Recife/PE destacou:
A gente tem algumas articulações: do ponto de vista da prevenção, a gente tem tido com o Movimento de Mulheres e com algumas ONG. A gente tem com o Ministério Público, com Vara da Família, com todos os órgãos de controle também, CRAS, CREAS. Então a gente dialoga bastante nesses casos que envolvem violência. A gente estava tentando fazer algumas articulações com a Universidade de Pernambuco, porque tem o núcleo lá que estuda violência. Mas aí, foi no momento que começou a pandemia.
O Programa Saúde na Escola (PSE) é citado como uma importante estratégia na prevenção das violências por gestores de vários municípios do país. O PSE tem o propósito de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, buscando enfrentar as vulnerabilidades que impactam o pleno desenvolvimento de criança e jovens da rede pública de ensino. A redução da morbimortalidade por acidentes e violência é uma das ações previstas pelo PSE20. Um dos entrevistados de uma cidade de pequeno porte do Nordeste exemplifica essa articulação, ainda que restrita a momentos de campanhas:
Os profissionais da saúde junto com os da assistência iam as escolas falar um pouco sobre os tipos de violência, geralmente em maio, a gente tem o enfrentamento ao abuso e exploração sexual e em outros momentos a gente fala também das violências física, psicológica, enfim, fala muito nas escolas. Como houve essa parada por conta da pandemia, esse tipo de atividade diminuiu bastante (Rio Tinto/PB).
Gestores e profissionais da atenção primária de uma capital da região Sul ressaltaram o potencial do trabalho em rede, o que possibilita articulação com órgãos públicos, instituições comunitárias e associações.
A gente tem a Gerência da Integração que faz parte da nossa diretoria aqui e ela faz muito essa interface com esses outros setores. Com a Assistência Social, principalmente vendo a questão da vulnerabilidade em algumas situações mais específicas. Mulheres gestantes que estão expostas em situação de rua. Interface com a própria universidade e com os serviços do Estado. A Atenção Primária faz uma forte interface intersetorial dentro também do território. Lá dentro, o gerente local é estimulado a trabalhar com o Programa Saúde Escolar. [A gente] estimula as pessoas a olharem os equipamentos sociais que eles têm no território e dali observar quais são as possibilidades de [eles mesmos] trabalharem as questões de violência no território (Florianópolis/SC).
Um dos gestores de uma capital do Sul do país destacou a importância de mobilizar e potencializar uma rede ampla que inclua os recursos já presentes no território, como é o caso das associações comunitárias:
Também não são só institucionais. Tem redes que acabam se formando muito mais em prol da questão comunitária e das associações que acabam vindo como uma experiência importante. Claro que isso é algo que tem que sempre ser potencializado e que precisa ser sempre pensado institucionalmente, mas eu sempre acredito que também se consiga achar boas interlocuções com as redes. Eu venho de experiências importantes sobre isso, [de valorizar] o que já existe nas comunidades como oferta de espaços e de cuidados. Esses temas também vêm e perpassam a questão da violência (Porto Alegre/RS).
Em algumas capitais do Sudeste foi mencionada por profissionais de saúde, a existência de Núcleos Intersetoriais que recebem, discutem e articulam o cuidado dos casos de violência com representantes de diversas áreas, favorecendo o compartilhamento de casos complexos.
Os núcleos Intersetoriais envolvem às vezes educação, assistência social, quando a educação. Também quando se identifica alguma criança que está com comportamento diferente, e alguém começa a suspeitar de alguma questão de violação de direitos, alguém aciona o Centro de Saúde ou encaminha o caso para esse chamado NIR -Núcleo Intersetorial Regional - onde são discutidos esses casos. Tem uma articulação intersetorial importante e a gente faz via regional esses encaminhamentos aos Conselhos do Idoso, ao Conselho Tutelar, com fichas de notificação e fichas protetivas. A gente recebe também, muitas vezes, demanda dos próprios órgãos de proteção da criança, demanda da necessidade de acompanhamento dessa pessoa ou dessa família (Belo Horizonte/MG).
A existência de fluxos e protocolos de encaminhamento dos casos de violências e acidentes desempenha papel importante na efetivação da atenção integral. Por volta de 60,0% dos municípios pesquisados e um pouco mais de 80,0% das capitais têm fluxo pactuado para a articulação das unidades de atenção primária com as demais redes e os outros níveis de saúde, em situações de violência e acidentes. Em geral, quando existem, os fluxos são institucionalizados e regulamentados por ato normativo. Esse nível de organização foi mais destacado na Região Sudeste nos casos de violência e na Região Centro-Oeste nas situações envolvendo acidentes. As Regiões Sul e Centro-Oeste apresentaram mais fragilidades na regulamentação de fluxos envolvendo violências. E nas Regiões Sul e Nordeste, os fluxos de encaminhamento dos casos de acidentes foram menos mencionados.
A rede estadual se destaca na articulação intersetorial para atendimento aos casos de violências e acidentes. Na rede privada não conveniada com o SUS e na rede federal, ações intersetoriais são poucos citadas. Nos serviços públicos das capitais, é bem maior a existência de fluxo pactuado e articulação em rede (Tabela 2). Os dados qualitativos mostram que os vínculos e encaminhamentos estão mais consolidados para o atendimento de crianças, adolescentes, mulheres, vítimas de violência sexual e tentativas de suicídio. É consensual entre profissionais e gestores que a complexidade dos casos de violências e acidentes exige uma atuação inter e multiprofissional e intersetorial.
Tabela 2
Na Região Sul, profissionais de uma capital ressaltaram diversas iniciativas de prevenção das violências e enfatizaram a importância da integração e dos fluxos.
Talvez a subnotificação seja o nosso pior inimigo nesse primeiro momento, porque sem a informação correta fica muito difícil projetar políticas públicas que possam prevenir as questões de violência. Nós estamos agora fazendo cruzamento de informações junto com o que a Gerência de Saúde tem, junto com a Secretaria Municipal de Segurança, junto com outro o setor de governança do município, o serviço social do município. Tentamos diminuir a lacuna da subnotificação. É importante que nesse grupo que estamos participando, o setor da saúde e o setor da educação. Estamos trabalhando com políticas preventivas nas escolas municipais nas áreas mais vulneráveis socialmente de Porto Alegre, na periferia. Elas atendem a uma população que sofre violência institucional, estrutural, além da violência racial, de gênero e de sexo, de preconceitos. Temos alguma resistência do setor de segurança que não tem esse mesmo entendimento (Porto Alegre/RS).
No interior dessa Região, um profissional de atenção primária destacou a existência de um grupo técnico bem articulado intra e intersetorialmente em seu município.
Nós acionamos o CRAS e o Conselho Tutelar. Se necessário, o Ministério Público. Acabamos fazendo entre nós uma rede [para atender as vítimas de] violência. Temos um grupo técnico de enfrentamento às violências e esse grupo técnico se reúne uma vez ao mês, obrigatoriamente. O grupo técnico é composto pelas enfermeiras das unidades. A nossa responsável da política sobre violências é uma assistente social. Estendemos o convite para várias entidades que lidam com os mesmos problemas. Algumas não comparecem às reuniões., mas o grupo é bem sólido. Ali é trazido todo e qualquer tipo de violência; contra a criança, contra idosos, violência autoprovocada (Arroio do Tigre/RS).
Também em outro município do interior do Sul, destaca-se uma ampla articulação intersetorial e fluxos bem definidos de encaminhamentos.
Nossa rede de proteção ela é instituída através do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. E ela perpassa todos os conselhos, o conselho de saúde, o conselho de assistência social e o conselho de educação. Então os fluxos que nós temos pactuados e os protocolos passam em todos os conselhos. Nesse conjunto de conselhos foi deliberada a criação de um grupo de trabalho onde tem um representante de cada política pública, da saúde, da assistência, da educação municipal e estadual, conselho tutelar e segurança pública. Então a prevenção é feita através desse planejamento, através das ações desenvolvidas juntamente. Assim e a organização das instituições e organizações da sociedade civil que a gente tem aqui no nosso município (Dois Irmãos/PR).
A gente utiliza o rádio, agora a gente tem Instagram e Facebook. Dentro do nosso protocolo, temos o papel de atender essa vítima nas suas necessidades de saúde. Quem vai acompanhar a vítima e sua família é a política de assistência, que seria o CREAS. Então, cada segmento tem o seu papel, cada um tem o seu olhar e cada um fomenta de uma forma essa organização e as ações de prevenção e de coibir a violência (Dois Irmãos/PR).
Avaliação de gestores aos fluxos dos serviços da atenção primária com outras redes
O Gráfico 1 mostra a boa avaliação dos gestores municipais e profissionais de saúde quanto à qualidade das articulações e fluxos dos serviços da atenção primária com outras redes (66,7%) e com a rede privada não conveniada com o SUS (59,4%) para o atendimento dos casos de violência pelos respondentes do questionário. Nas capitais, a rede federal foi a mais bem avaliada (Gráfico 1).
Na análise por regiões, no Norte, em geral, a avaliação dos fluxos da rede de serviços de atenção primária foi considerado regular, especialmente, no caso da rede privada e na conveniada com o SUS. Na Região Nordeste, prevaleceu a avaliação positiva do fluxo da APS para outras redes, inclusive nas cidades de menor porte populacional (100,0%) e na rede federal. Os municípios participantes da Região Sudeste também fizeram uma boa avaliação do fluxo entre a rede federal e as outras parceiras no atendimento aos casos de violência. Na Região Sul, o fluxo para a rede privada não conveniada com o SUS recebeu muito boa avaliação. Mas o mesmo não ocorre com a rede federal da região, considerada ruim, em especialmente, nos municípios de menor porte. Nos locais menores da região Centro-Oeste o fluxo para a rede estadual (60,0%) recebeu uma boa avaliação (dados não apresentados).
Gráfico 1
Em relação aos acidentes, as unidades privadas e filantrópicas conveniadas com o SUS e outras redes se destacaram com boa avaliação sobre a qualidade das articulações e dos fluxos de serviços de atenção primária nos municípios e nas capitais. A articulação com a rede federal foi avaliada como regular. Já a rede privada não conveniada com o SUS recebeu a pior avaliação. A avaliação das articulações realizadas pela rede estadual se concentrou no conceito “regular” pelos gestores das capitais (Tabela 3).
Tabela 3
As ações relacionadas à atenção intersetorial para atender às vítimas de acidentes foram pouco mencionadas pelos gestores e profissionais da APS. Os casos de pessoas acidentadas só chegam nas unidades de saúde da atenção primária se forem de baixa gravidade, como é o caso de queimaduras leves, pequenos cortes, escoriações e outros. As vítimas mais graves passam a utilizar os serviços de APS num segundo momento, depois da fase aguda que, em geral, é atendida nas Emergências hospitalares. Os acidentes de trânsito e outros acidentes podem deixar sequelas provisórias e permanentes que demandam o cuidado de uma complexa rede de atenção o que inclui também os serviços de atenção primária.
Com relação à vítima de trânsito, a gente quase não tem demanda dentro da unidade. A gente vai ter, sim, depois, para fazer o acompanhamento dela, da pessoa que sofreu e precisa ser acompanhado. Por exemplo, porque a pessoa acabou ficando acamado, ou algum processo que a gente precisa fazer o acompanhamento em domicílio, e aí sim nós somos chamados. Mas nesse primeiro momento, quando acontece a questão da violência no trânsito, geralmente, ele é encaminhado mesmo para um pronto-socorro (Manaus/AM).
Ainda na região Norte, um gestor de uma cidade do interior do Amazonas falou sobre os tipos de acidentes que chegam na atenção primária: picadas por animais peçonhentos, quedas de idosos, acidentes de trânsito e de trabalho. Essas situações demandam um nível de assistência com o qual o município não tem como contar, pois nos de pequeno porte não há serviços de média e alta complexidade:
A gente tem que solicitar UTI. Aqui a gente não tem médicos para fazer uma intubação, então, é muito complicado quando você se depara com fraturas, é uma demanda de ciência. E aqui no interior é muito complicado para a gente ter. Então a gente fala: “é melhor prevenir do que tratar as consequências desses acidentes (Carauari/AM).
O Programa Vida no Trânsito (PVT) foi lembrado por alguns entrevistados pelo seu importante papel no fortalecimento das políticas de prevenção de lesões e mortes no trânsito. O PVT tem como característica principal o trabalho intersetorial e conjunto entre diferentes atores ligados direta e indiretamente a essa questão. Uma gestora de Recife esclareceu como funciona o trabalho intersetorial do PVT no município:
[Recife] é uma das capitais contempladas com o projeto. Temos reuniões periódicas para poder fazer análise de óbito, análise dos dados, enfim, isso é feito junto, em conjunto de fato com a Secretaria Estadual de Saúde. É uma parceria que vem não só do âmbito Estadual de Saúde, mas inclui ações intersetoriais. Então a CTTU, que é o órgão do trânsito do município, muitas vezes até o Instituto Médico Legal, quando a gente precisa aprofundar, os bombeiros, dados do Sinatt. Aqui em Recife, a gente tem acesso a ele e consegue olhar para dentro do nosso território, quais são as vias que têm mais acidente, o perfil das vítimas e os fatores relacionados. Então, tem essa parceria bem instituída aí, bem forte aí na ação dos acidentes junto com o Estado (Gestor AP, Recife/PE).
No Estado de São Paulo, uma gestora da capital comentou que a APS vem trabalhando com outras instituições para mapear a ocorrência de acidentes de trânsito, através do projeto chamado “Vida Segura”, o que já vem mostrando bons resultados.
Olha, nós estamos com o projeto junto a CET [Companhia de Engenharia de Tráfego]. Chama Vida Segura. Então a gente tem identificado quais são os acidentes de moto que mais ocorrem. E aí nós colocamos isso no mapa, identificando pelo menos 10 unidades dessas áreas de abrangências onde mais ocorrem esses eventos com morte. A gente está fazendo esse estudo agora, está muito interessante (Gestor AP, São Paulo/SP).
Apesar dos gestores participantes da etapa qualitativa do estudo apresentarem o reconhecimento e a valorização do trabalho intersetorial no contexto da atenção às pessoas em situação de violências e acidentes, algumas dificuldades e desafios foram sinalizados. A dificuldade de diálogo entre os diferentes setores e instituições e o acompanhamento com continuidade são os pontos mais negativos. As barreiras decorrem do acúmulo de trabalho, da descontinuidade das ações e da rotatividade dos profissionais envolvidos nos serviços.
Eu acho que a gente precisaria avançar muito ainda com o Conselho Tutelar. Muitas vezes eu acho que é uma relação que ainda exige clareza de papéis, do que que é competência da saúde. Eu vejo que muitas vezes não é uma relação muito fácil, a gente não tem um espaço para construção de casos emblemáticos, às vezes não tem a presença do Conselho Tutelar, que eu acho que é importante (Belo Horizonte/MG).
Porque são tantas demandas, que a gente acaba assim: ‘não, eu passo para o CREAS. O CREAS é quem vai conversar com a delegacia. Ou passo para o Conselho Tutelar, o Conselho Tutelar que vai conversar com o Ministério Público, com a delegacia’. E, muitas vezes, esse feedback, ele não acontece da forma que deveria acontecer. Eu acredito que essa contrarreferência está ainda frágil de verdade. A vítima de violência vai e não volta, muitas vezes (Rio Tinto/PB).
DISCUSSÃO
Em comparação com a análise diagnóstica dos primeiros anos de implantação da PNRMAV realizada por Minayo e Deslandes21, nota-se um grande avanço da atenção primária na abordagem das várias formas de violência e dos acidentes como problemas de saúde, com a ampliação da consciência do cuidado assim como da criação de estratégias para notificar e garantir a atenção em saúde. Isso se deve, sobretudo, ao incremento da sensibilização dos profissionais e qualificação profissional, fomentado pelo Ministério da Saúde e outras instituições, além da ampliação de instrumentos para a institucionalização de fluxos e cuidados.
Os achados deste artigo evidenciam o papel estratégico de serviços de atenção primária para a prevenção e o cuidado de pessoas em situação de acidentes e de violência em especial no que diz respeito à articulação intra e intersetorial. Em todas as regiões do país, observam-se avanços em relação a essas articulações na atenção às vítimas, o que significa um ganho importante na implementação da PNMRAV. É consenso o entendimento das violências e acidentes como fenômenos complexos que demandam esforços de vários setores e instituições da sociedade, superando visões e práticas fragmentadas. Ademais, o enfrentamento às violências e acidentes depende da adequada articulação dos fluxos e organização do trabalho em rede, de forma a permitir uma melhor e mais completa oferta de cuidados22,23
Apesar do lugar privilegiado dos serviços da APS na prevenção e na atenção às situações de violências e acidentes, as demandas dos indivíduos e de suas famílias não se encerram nesse nível de atenção. Ao contrário, demandam o acionamento de uma rede complexa de serviços que extrapolam a rede de saúde. Todavia, esse diálogo nem sempre é fácil e demanda um trabalho permanente. Mafioletti et al24 alertam para os desafios impostos pela cultura do trabalho setorizado, hierarquizado e verticalizado nas instituições públicas, o que dificulta o trabalho em redes intersetoriais, cujo paradigma é da integração, horizontalidade, conectividade e complementaridade, exigindo uma comunicação ágil e eficaz nos encaminhamentos e na descentralização de decisões25. Na verdade, existem já parcerias estabelecidas com o Conselho Tutelar, o CRAS, o CREAS e o Ministério Público para atuar na prevenção, promoção e atenção à saúde, em geral, e em particular, nos impactos das violências e acidentes. Contudo, é preciso fortalecer a articulação com outros setores que cuidam de grupos vulnerabilizados como é o caso dos Conselhos de Direitos da Pessoa LGBTQIA+ e centros especializados.
A constatação da existência de fluxos na articulação de unidades da APS com outros serviços de saúde para os casos de violências e acidentes mostra o avanço da institucionalização da política no país ao longo dos últimos anos. Todo o esforço realizado visa criar fluxos e protocolos claros para cuidar das vítimas, pactuados por diferentes equipes e serviços permitindoo dar respostas mais rápidas e assertiva por parte dos profissionais, e oferecer maior efetividade nos tratamentos. Algumas violências como a sexual, a autoprovocada e a que envolve mulheres, crianças e jovens e idosos são as que mais têm pessoas preparadas e protocolos para os cuidados2.
O destaque para a melhor organização intersetorial e dos fluxos de referência e contrarreferência ocorre na rede estadual que, em geral tem um potencial de atuação mais abrangente. E as articulações mais frágeis se encontram na rede privada não conveniada com o SUS e nas instituições da rede federal.
Há que se fortalecer iniciativas recentes de fluxos de atendimento à população LGBTQIA+ em situação de violência, inclusive, com a criação de serviços de atenção especializados. A efetivação desses fluxos é fundamental para a consolidação da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT)26. E no caso da Atenção Primária é necessário desenvolver as estratégias em relação a essà população e das pessoas portadoras de deficiência2.
Em relação aos acidentes, os profissionais da APS ainda não estão suficientemente sensibilizados, especialmente, para o atendimento aos casos urgentes de baixa gravidade e complexidade, como previsto pela Política Nacional de Atenção as Urgências27. Igualmente, no momento posterior à alta hospitalar depois de acidentes graves, é para a atenção primária que as vítimas de acidentes são encaminhadas para receber cuidados de reabilitação. É muito característica e peculiar a disponibilidade de profissionais de atenção primária para avaliar e direcionar os usuários de acordo suas necessidades específicas, o que contribui para maior racionalidade no uso da média e alta complexidade28.
Os resultados da presente pesquisa corroboram o que a pouca literatura sobre o tema enfatiza sobre a atuação da APS na prevenção das violências e dos acidentes. Neste sentido, comenta-se a pouca literatura encontrada sobre prevenção dos acidentes na APS. Ao contrário, há muito mais estudos sobre a prevenção de violência. Estudos conduzidos com enfermeiros da APS evidenciam a baixa oferta de capacitação para esses profissionais atuarem sobretudo em casos de acidentes domésticos e de trânsito, envolvendo crianças29,30. É importante ressaltar que no Brasil, os acidentes emergem como a principal causa de morte de crianças. Medidas preventivas adequadas ao desenvolvimento infantil precisam ser aprendidas e transmitidas às famílias no acompanhamento desse grupo.
Igualmente importante é a prevenção de acidentes que ocorrem com mais frequência na população idosa, particularmente as quedas. Estima-se que cerca de 28% das pessoas com 65 anos ou mais caem anualmente, acarretando graves consequências para sua saúde31. A ocorrência de quedas é multifatorial e precisa do apoio de várias áreas como a engenharia de trânsito, a manutenção de calçadas seguras, melhor formação e comportamento dos motoristas de transporte público, cuidados dentro de casa, criando condições seguras nos banheiros e para de circulação32. No entanto, embora demande iniciativas pouco dispendiosas, as ações de prevenção de acidentes domésticos e de transporte em idosos mostram-se bastante limitadas33.
É fundamental investir na formação das pessoas que trabalham na APS de forma que possam programar e implementar ações que previnam violências e acidentes e sejam líderes em promover iniciativas intra e intersetoriais1. Junto a tais iniciativas é preciso que os gestores estejam atentos à rotatividade das equipes, um dos principais entraves à efetivação dos protocolos e dos fluxos. Como pontua D’Oliveira et al13, a integralidade da atenção só é efetiva quando são postas em prática ações articuladas entre os profissionais da rede intra e intersetorial, de modo que o resultado seja a construção de projetos de intervenção que produzam potência em cada ponto da rede.
A principal limitação deste estudo é a quantidade insuficiente de informações recolhidas pela pesquisa que lhe deu origem. Anteriormente, já foi esclarecido que esse fato se deve em especial, porque o trabalho ocorreu em pleno período da pandemia de COVID-19. Não possível ir a campo e entende-se que profissionais e gestores estavam assoberbados com a assistência aos atingidos pela doença. No entanto e apesar de sua natureza descritiva, este artigo traz achados inéditos que colocam a Atenção Primária na liderança dos cuidados com as pessoas em situação de violência e de recuperação de acidentes e traumas, o que não foi constatado na primeira análise diagnóstica realizada em 2005. Logo, tanto na atuação específica como na articulação intra e intersetorial é importantíssimo investir nesse nível de atenção para implementação e fortalecimento da PNRMAV.
Para finalizar, mesmo levando em conta os avanços na implementação, a adoção da PNRMAV pelo setor saúde ainda não está totalmente garantida e nem universalizada. Isso só vai ocorrer com o devido reconhecimento da importância dessa política, com a valorização e colaboração de trabalhadores e gestores que, desse a Atenção Primária, atuam como potencializadores da promoção da saúde e prevenção dos agravos que prejudicam a qualidade de vida e a construção da paz!
REFERÊNCIAS
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