0424/2024 - Comércio de alimentos e pântanos alimentares no entorno de escolas de uma cidade brasileira de grande porte
Sources of food and food swamps around schools in a large brazilian city
Autor:
• Ingrid Werneck Linhares - Linhares, I.W - <ingridwerneck@gmail.com>ORCID: 0000-0002-0628-1339
Coautor(es):
• Paula Martins Horta - Horta, P. M. - <paulamhorta@gmail.com>ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1848-6470
• Ariene Silva do Carmo - Carmo, A.S - <arienecarmo@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3421-9495
• Luana Lara Rocha - Rocha, L.L - <luanalararocha@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5963-6033
• Mariana Jardim - Jardim, M - <zogbij@gmail.com>
ORCID: 0000-0003-3740-4183
• Larissa Loures Mendes - Mendes, L.L - <larissaloures@ufmg.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0776-6845
Resumo:
Objetivo: Avaliar o ambiente alimentar e pântanos alimentares no entorno escolar em uma cidade brasileira de grande porte.Métodos: Estudo transversal realizado em Betim, Minas Gerais, com escolas públicas e privadas e estabelecimentos que comercializavam alimentos para consumo imediato em 2019. A avaliação do ambiente alimentar considerou buffers euclidianos de 250 metros no entorno das escolas, e foram classificados como pântanos alimentares buffers cujo número total de estabelecimentos que vendem predominantemente alimentos ultraprocessados fosse igual ou superior a quatro.
Resultado: Houve maior disponibilidade de restaurantes, bares, lanchonetes e comércios varejistas de doces no entorno das escolas localizadas no maior tercil de renda. No entorno das escolas localizadas no tercil de menor renda, houve maior disponibilidade de minimercados e mercearias. A prevalência de escolas localizadas em pântanos alimentares foi de 52,7%. A prevalência estabelecimentos que vendem predominantemente alimentos ultraprocessados foi 3,15 vezes maior em áreas de maior renda.
Conclusão: Há grande disponibilidade de estabelecimentos que ofertam alimentos ultraprocessados no entorno das escolas, favorecendo o consumo de alimentos não saudáveis pelas crianças. Dessa forma, são necessários dispositivos legais para regular a venda de alimentos no entorno e dentro das escolas.
Palavras-chave:
ambiente alimentar, escolas, pântanos alimentaresAbstract:
Objective: To assess the food environment and food swamps around schools in a largeBrazilian city.
Methods: A cross-sectional study was carried out in Betim, Minas Gerais, with public and private schools and establishments that sold food for immediate consumption in 2019. The assessment of the food environment considered Euclidean buffers of 250 meters around the schools, and buffers whose total number of establishments selling predominantly ultra-processed foods was equal to or greater than four were classified as food swamps.
Results: There was a greater availability of restaurants, bars, snack bars, and candy retailers around schools in the highest-income tercile. In the vicinity of schools in the lowest-income tercile, there were more mini-markets and grocery stores. The prevalence of schools located in food swamps was 52.7%. The prevalence of establishments selling predominantly ultra-processed foods was 3.15 times higher in higher-income areas.
Conclusion: Establishments offering ultra-processed foods are widely available Around schools, favoring children's consumption of unhealthy foods. Legal provisions are, therefore, needed to regulate the sale of food in and around schools.
Keywords:
food environment, schools, food swamps.Conteúdo:
A compreensão de fatores relacionados às escolhas alimentares infantis deve considerar o ambiente escolar como um espaço estratégico, pois é nesse cenário que os escolares passam longos períodos do dia1,2. O conceito de ambiente alimentar escolar inclui espaços internos e externos à escola, a estrutura disponível para aquisição e consumo de alimentos, além de considerar variáveis que correspondem à composição nutricional, e as condições de divulgação, preço e promoção de alimentos3. Desse modo, torna-se particularmente importante a avaliação e compreensão desse ambiente, que pode ser protetor ou potencializador de desfechos negativos em saúde4.
No que concerne à caracterização do entorno do ambiente alimentar escolar, a análise da disponibilidade de estabelecimentos que comercializam alimentos pode influenciar o acesso físico aos alimentos5–7. Estudos demonstram que a menor distância e a maior densidade de estabelecimentos que comercializam alimentos não saudáveis no entorno escolar podem estar associadas ao maior consumo de AUP e ao excesso de peso entre crianças e adolescentes5,8. Neste sentido, a identificação de pântanos alimentares nos contextos escolares tem sido relevante9.
Os pântanos alimentares se caracterizam por áreas onde há grande concentração de estabelecimentos que comercializam alimentos não saudáveis, baratos e de alta densidade energética e baixo valor nutricional10. De forma geral, por contribuírem para uma alimentação não saudável, a presença de pântanos alimentares também está associada ao aumento das taxas de obesidade e de doenças crônicas não transmissíveis4,11–13. Adicionalmente, os pântanos alimentares têm sido identificados como preditores mais fortes da obesidade, quando comparados com desertos alimentares, que são definidos como áreas vulneráveis com acesso limitado a alimentos saudáveis 11.
Conhecer os ambientes do entorno escolar pode contribuir para a proposição de dispositivos legais e políticas para promoção de ambientes escolares promotores da saúde e da alimentação adequada e saudável, o que pode favorecer o adequado crescimento e desenvolvimento das crianças, além de se evitar desfechos negativos na saúde do adulto14,15. Apesar do interesse crescente do estudo dos ambientes alimentares escolares, no Brasil são poucos os trabalhos que descreveram o ambiente alimentar escolar de cidades de grande porte que não sejam capitais2,16,17 e a presença de pântanos alimentares4,18,19 em seu entorno, sendo este último realizado até o momento apenas em capitais brasileiras. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar o ambiente alimentar escolar e a existência de pântanos alimentares no entorno das escolas localizadas em uma cidade brasileira de grande porte.
Métodos
Delineamento e local do estudo
Estudo ecológico e transversal realizado na cidade de Betim, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. A cidade possui uma população estimada em 411.859 mil habitantes e um público matriculado nas escolas públicas e privadas do ensino infantil, fundamental e médio em 2019 de 17.830, 53.571 e 15.729 estudantes, respectivamente20. Trata-se da quinta cidade mais populosa no estado de Minas Gerais, com densidade demográfica de 1.197,01 hab/km21.
Escolas
Foram identificadas 283 escolas localizadas em Betim no ano de 2019, sendo 145de administração privada e 138 de administração pública. Para o presente estudo, foram excluídas as escolas: localizadas na área rural (n=5), exclusivas para atendimento educacional especializado (n=1), paralisadas no ano de estudo (n=44), exclusivas para educação de jovens e adultos (n=3), e exclusivas para ensino profissionalizante (n=8). Isso resultou em uma amostra de 222 instituições de ensino que ofertava educação infantil, ensino fundamental ou ensino médio em 2019. As informações sobre a localização, tipo de administração, tipo de ensino ofertado e horário de funcionamento das instituições escolares foram obtidas no site da Secretaria Estadual de Educação e são referentes ao ano de 2019.
Unidade de análise
A avaliação do ambiente alimentar no entorno escolar considerou um buffer euclidiano de 250 metros no entorno das escolas, conforme realizados em estudos anteriores4,22,23, o que corresponde a cerca de 5 minutos de caminhada. Posteriormente, foi calculada a contagem dos estabelecimentos que comercializam alimentos existentes dentro desse buffer.
Estabelecimentos que comercializam alimentos
Os dados dos estabelecimentos que comercializam alimentos foram obtidos junto a Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais referente ao ano de 2019. As informações coletadas sobre os estabelecimentos foram o endereço e classificação dos tipos de estabelecimentos de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE)24,25.
Para o presente estudo foram incluídas as seguintes categorias de estabelecimentos que comercializam alimentos: hipermercados e supermercados, minimercados e mercearias, padarias e confeitarias, varejistas de doces balas/bombonieres, restaurantes e similares, bares e similares, e lanchonetes/casa de chá e sucos. Estes estabelecimentos têm como característica comum a venda de alimentos para consumo imediato. No Brasil, estabelecimentos como bares e similares funcionam durante o dia e vendem salgados fritos e alimentos embalados do tipo snacks e doces. Para o cálculo da predominância de estabelecimentos que comercializam alimentos ultraprocessados (AUP) no entorno das escolas, foram coletadas informações das seguintes categorias de estabelecimento que comercializam alimentos: açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros, e comércio varejistas de laticínios e frio.
Pântanos Alimentares
Para identificar os pântanos alimentares no entorno das escolas, foi utilizada uma adaptação da metodologia proposta por Hager et al. 26. Os autores consideraram como pântanos alimentares as vizinhanças com elevada disponibilidade de lojas de conveniência e pequenas mercearias, utilizando um ponto de corte de número de estabelecimentos maior ou igual a quatro. No presente estudo as lojas de conveniência foram substituídas pelas lanchonetes, e foi adicionado os comércios varejistas de doces. A substituição dessas lojas pelas lanchonetes ocorre no contexto em que as lanchonetes são uma das categorias de estabelecimentos mais frequentes nos entornos escolares2,16,17. Para o cálculo, realizou-se o somatório do número de lanchonetes, mercearias e comércios varejistas de doces no entorno das escolas e, quando encontrado somatório maior ou igual a quatro estabelecimentos, o local foi classificado como pântano alimentar. Para a análise dos pântanos alimentares também se utilizou o buffer euclidiano de 250 metros no entorno das escolas como unidade de análise.
Entorno das escolas
O entorno das escolas também foi avaliado com base nos estabelecimentos que comercializam predominantemente AUP, em relação ao total de estabelecimentos que comercializam outras categorias de alimentos, a partir do seguinte cálculo: (estabelecimentos que comercializam predominantemente AUP/ total de pontos de venda de alimentos) x 100. O entorno das escolas que possuíam mais de 50% de estabelecimentos que comercializavam predominantemente AUP foram classificados como “regiões com predomínio de estabelecimentos que comercializam AUP”.
Para essa análise, os estabelecimentos que comercializam alimentos foram classificados de acordo com o Estudo Técnico governamental realizado pela Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional27 que analisou os alimentos conforme a classificação adotada pelo Guia Alimentar para a População Brasileira28, adquiridos pela população e os respectivos locais de aquisição considerando uma base de dados nacional, no qual categoriza os estabelecimentos em três tipos: (i) estabelecimentos que comercializam predominantemente alimentos in natura ou minimamente processados, que incluíam açougues, peixarias e hortifrutigranjeiros; (ii) estabelecimentos que comercializam predominantemente AUP, que incluíam bares, lanchonetes e comércio varejistas de doces, balas, bombons e semelhantes; e (iii) estabelecimentos que comercializam alimentos mistos, que incluíam supermercados, hipermercados, minimercados/mercearias/armazéns, padarias, restaurantes, comércio varejistas de laticínios e frios.
Características socioeconômicas do entorno das escolas
As características socioeconômicas do setor censitário em que as escolas estão localizadas foram definidas pela renda per capita da população que reside no setor. Para tal, utilizou-se dados de renda total do setor e a sua população, provenientes do Censo Demográfico brasileiro de 201021. O cálculo da renda per capita foi realizado pela razão entre renda total e população total do setor. Posteriormente, a renda per capita foi categorizada em tercis de renda: 1°tercil (R$224,19 -| R$461,54); 2°tercil (R$461,55 -| R$677,49); e 3°tercil (R$677,50 -| R$2.480,91).
Análise de dados
As coordenadas geográficas (latitude e longitude) das escolas e dos estabelecimentos que comercializam alimentos foram obtidas pelos endereços, utilizando o serviço online de pesquisa Google Maps. Os dados foram coletados em configuração de Sistema de Coordenadas Geográficas WGS 84, e posteriormente transformados para Sistema de Coordenadas Projetadas, Sistema Universal Transverso de Mercator (UTM), fuso 23S, datum SIRGAS 2000, por meio do uso do software Qgis 2.10.1.
Foram realizadas análises descritivas com a apresentação de medidas de frequência e de tendência central e dispersão. Para as variáveis categóricas foram calculadas as frequências absolutas e relativas. Para as variáveis quantitativas foram calculados os valores de medianas (percentil-p50) e intervalo interquartil (IQ: p25-p75).
Para comparar as medianas da distribuição de cada tipo de estabelecimento que comercializam alimentos segundo a dependência administrativa da escola (pública/privada) foi realizado o Teste Mann-Whitney; e para realizar essa comparação segundo a renda per capita do setor censitário que a escola está localizada (segundo tercis de renda) foi realizado o Teste de Kruskal Wallis. Em situações em que foi encontrada significância estatística no teste de Kruskal-Wallis, para a identificação das possíveis diferenças encontradas foi empregada a correção de Bonferroni, que altera o nível de significância (p), com intuito de evitar erros do tipo I (resultados por acaso) derivados de múltiplas comparações. O nível de significância corrigido após esse procedimento foi de p<0,016.
A associação entre o predomínio de estabelecimentos que comercializam predominantemente AUP e entre os pântanos alimentares nos entornos escolares com a dependência administrativa da escola e tercil de renda per capita do setor censitário que a escola está localizada, foi avaliada por meio dos modelos simples de Regressão de Poisson com variância robusta. Nestes modelos, as variáveis do ambiente alimentar no entorno escolar foram as variáveis dependentes. Foram estimadas as Razões de Prevalências (RP) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC 95%). O software estatístico Stata versão 17.0 foi utilizado nas análises, adotando nível de significância de 5% (p<0,05).
Aspectos éticos
Este estudo possui Certificado de Apresentação de Apreciação Ética sob o número CAAE: 41186020.7.3001.5651 pelo Fundo Municipal de Saúde de Betim, Minas Gerais.
Resultados
Foram avaliadas 222 escolas, sendo que 56,3% eram da rede pública (42,3% municipais, 13,5% estaduais e 0,5% federal) (Tabela 1). Em relação ao tipo de ensino, 42,3% das escolas ofertavam ensino infantil, 29,7% ofertavam ensino fundamental e 5,8% ofertavam ensino médio, e as demais escolas (22,2%) ofertavam mais de um tipo de ensino (Tabela 1).
TABELA 1
Em relação a distribuição dos estabelecimentos que comercializam alimentos dentro do buffer de 250 metros no entorno das escolas (Tabela 2), mais da metade dos entornos escolares apresentaram pelo menos uma lanchonete (78,8%), restaurante (72,5%), bar (71,6%), minimercado (69,8%), e padaria (51,8%). O estabelecimento menos frequente nos entornos escolares foram os supermercados/hipermercados (15,3%) (Tabela 2).
Ao avaliar a distribuição de acordo com o tercil de renda per capita dos setores censitários que as escolas estão localizadas, aquelas no terceiro tercil possuem uma maior mediana de restaurantes, bares, lanchonetes e comércio varejista de doces em comparação com aquelas que estão no primeiro tercil de renda (p<0,05) (Tabela 2). Em relação às escolas localizadas no primeiro tercil de renda per capita do setor censitário, há uma maior mediana de minimercados e mercearias, em comparação a mediana da distribuição desses estabelecimentos em escolas localizadas no terceiro tercil (p=0,004) (Tabela 2).
TABELA 2
Observou-se que 32,7% (n=72) das escolas estavam localizadas em buffers em que mais da metade dos estabelecimentos são aqueles que comercializam predominantemente AUP. A prevalência de entornos escolares em que mais de 50% dos estabelecimentos são de estabelecimentos que comercializam predominantemente AUP foi 3,15 (IC 95%: 1,89-5,25) vezes maior entre escolas localizadas em setores censitários com maior tercil de renda (Tabela 3). Não houve associação estatisticamente significante segundo a dependência administrativa da escola (Tabela 3).
A prevalência de escolas localizadas em pântanos alimentares foi de 52,7% (n=117), não sendo encontrada diferença estatisticamente significativa segundo dependência administrativa da escola e renda do setor censitário (Tabela 3).
TABELA 3
Discussão
Este estudo analisou o ambiente alimentar e a presença de pântanos alimentares ao redor de escolas em Betim, Minas Gerais. Constatou-se que mais da metade das escolas estavam situadas em pântanos alimentares (52,7%), com lanchonetes e bares sendo os estabelecimentos mais frequentes. Em setores censitários de maior renda, havia maior disponibilidade de restaurantes, bares, e comércio de doces, além de uma prevalência de mais de 50% de estabelecimentos que vendem AUP. Já em áreas de menor renda, predominavam minimercados e mercearias.
A presença de estabelecimentos que vendem AUP, independentemente do tipo de administração escolar, destaca a exposição dos alunos a um ambiente alimentar prejudicial à saúde. Estudos em outras cidades brasileiras, como Belo Horizonte4, São Paulo16 e Rio de Janeiro18, confirmam esses achados, indicando uma alta exposição a alimentos não saudáveis ao redor das escolas. Internacionalmente, em países como Tunísia29, Canadá30 e Estados Unidos31, foi observada uma similar prevalência de estabelecimentos não saudáveis em áreas escolares, especialmente em regiões de menor renda. A maior parte dos estudos que avaliaram o entorno escolar encontraram que as escolas estavam localizadas em áreas de pântanos alimentares, apesar de utilizarem diferentes métricas e tamanhos de buffer, isso indica que há uma elevada exposição a estabelecimentos que ofertam AUP no ambiente escolar4,18,26.
No que se refere a caracterização do entorno das escolas localizadas nos buffers de menor tercil de renda, que tendem a apresentar menor disponibilidade e variedade de todos os tipos de estabelecimentos que ofertam alimentos, devido ao baixo poder aquisitivo dos moradores dessas áreas, o que as torna menos atrativas para o comércio, o resultado deste estudo é coerente com estudos sobre o ambiente alimentar comunitário32–36. Ademais, o presente estudo fornece evidências adicionais que podem indicar uma maior ocorrência de pântanos alimentares nos entornos das escolas de grandes cidades do Brasil4,16,18. A elevada disponibilidade de estabelecimentos que comercializam alimentos predominantemente não saudáveis no Brasil permanece mais frequente entre os estratos populacionais de maior renda, embora seja possível identificar alteração no sentido de padronização do consumo37,38.
Clark e colaboradores38 relatam que a existência de varejistas de alimentos ao redor das escolas privadas pode ser devido a fatores sociais e econômicos da região, e não apenas nas relações comerciais. A elevada exposição aos AUP no entorno escolar pode contribuir para um pior consumo alimentar e o desenvolvimento de desfechos em saúde negativos que podem perpetuar da infância até a vida adulta39. E estudos evidenciam que viver em pântanos alimentares pode aumentar o consumo desses alimentos considerados não saudáveis, devido à maior disponibilidade e acesso a esses alimentos26-27.
Há um aumento no consumo e na aquisição pelas famílias brasileiras de todos os estratos sociais dos AUP, havendo uma tendência da substituição do consumo de alimentos saudáveis, como o arroz, feijão, frutas e hortaliças, pelo consumo dos alimentos não saudáveis ao longo do tempo40,41. Segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017-2018, o consumo de feijão pela população brasileira reduziu de 72,8% em 2008-2009, para 60% em 2017-2018, e a aquisição para consumo de feijão no domicílio reduziu em 52% ao comparar a POF de 2008-2009 com a de 2017-201842. Essa tendência de redução do consumo de marcadores da alimentação saudável também foi observada na América Latina e Caribe, em que há um aumento no consumo de AUP, em detrimento ao consumo de preparações culinárias à base de alimentos in natura e minimamente processados43.
Os AUP são formulações industriais que associam a palatabilidade, alta densidade energética, cores e embalagens chamativas, estratégias de marketing, praticidade, tempo longo de prateleira e baixo custo, fatores estes associados ao aumento do consumo desses alimentos44–46. E a ampla disponibilidade desses no ambiente escolar contribui para a prevalência de sobrepeso e obesidade2,30,47–50.
Outro ponto que merece destaque diz respeito à presença de bares no entorno das escolas. A proximidade destes estabelecimentos alerta não só para o acesso facilitado às bebidas açucaradas, mas também para o acesso às bebidas alcoólicas, uma vez sendo proibida no Brasil a venda dessas bebidas para menores de 18 anos, de acordo com o artigo 1º da Lei n°13106 de 17 março 201541,51.
No presente estudo foi analisada somente a distribuição de estabelecimentos de comercialização de alimentos prontos para consumo no entorno de escolas de Betim, devido a característica e padrão de compra e consumo de crianças e adolescentes. Entretanto, é importante mencionar que a promoção da disponibilidade e acesso aos alimentos saudáveis no entorno da escola, e no ambiente alimentar de forma geral, é imprescindível para a promoção da alimentação adequada e saudável (PAAS), promovendo uma alimentação saudável, sustentável e alinhada com a cultura alimentar brasileira. Nesse sentido, a regulamentação do entorno escolar voltada para a oferta, comercialização, propaganda e publicidade de alimentos não saudáveis é uma das principais propostas para melhorar o consumo alimentar de crianças e adolescentes e prevenir o avanço das taxas de sobrepeso e obesidade nessas fases da vida1,52–56.
No Brasil, nos últimos anos houve um intenso movimento liderado por organizações sem fins lucrativos e universidades pela implementação de regulamentações sobre a oferta e comercialização de alimentos não saudáveis no ambiente escolar. Devido a esse movimento, o Decreto n° 11.821, que dispõe sobre os princípios e os eixos estratégicos que orientam as ações de promoção da alimentação adequada e saudável no ambiente escolar, foi assinado de dezembro de 202357. Este decreto é um marco no incentivo ao desenvolvimento de regulamentações municipais e estaduais voltadas para o ambiente alimentar escolar brasileiro.
Ademais, destaca-se a necessidade de ações intersetoriais para a promoção da alimentação saudável, como a tributação e eliminação de subsídios para bebidas açucaradas, a regulação da publicidade de alimentos considerados não saudáveis e a realização de ações de educação alimentar e nutricional com toda a comunidade escolar50,51,58. Nesse sentido, e como promotora de saúde, a escola e seu entorno devem atender aos princípios do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), e as ações devem estar pautadas em aspectos como a intersetorialidade, empoderamento e participação social, articulando com ações estratégicas de investimento público para promoção da saúde no ambiente escolar.
Nesse contexto, a soberania e segurança alimentar e nutricional é pautada na escola, mas não se limita apenas ao ambiente institucional, pois é capaz de fornecer à toda comunidade um ambiente saudável e sustentável por meio da promoção da saúde na escola a fim de transcender barreiras geográficas e socioeconômicas e de reduzir a desigualdade social ao redor e dentro da escola. Para isso, torna-se essencial que as ações sejam intersetoriais considerando que a proteção da saúde deve combinar iniciativas focadas em políticas públicas saudáveis e na criação de ambientes saudáveis e sustentáveis28.
Apesar de fornecer meios para compreensão do entorno do ambiente alimentar escolar, este estudo apresenta algumas limitações. Primeiramente, a inexistência de dados quanto ao comércio informal no entorno das escolas de Betim. A utilização de dados secundários, que apesar do seu uso ser comum no mapeamento de cenários de cidades de grande porte, a realização de auditorias in loco possui maior validade59, e a presença do estabelecimento não indica o consumo dos produtos. Por fim, os dados utilizados foram do ano de 2019, dessa forma, não foram analisadas as mudanças que ocorreram no ambiente alimentar após a pandemia de COVID-1960.
Destacam-se como pontos fortes deste estudo a avaliação do ambiente alimentar do entorno das escolas de Betim, Minas Gerais, cidade de grande porte da região metropolitana de Belo Horizonte, considerando que estudos anteriores no Brasil foram realizados em capitais com porte populacional superior4,18,19. Com isso, resultados encontrados neste estudo possibilitam compreender como é a distribuição dos estabelecimentos no entorno de escolas, além de avançar na investigação de pântanos alimentares, a fim de fornecer subsídios para estudos futuros e para a elaboração de políticas públicas e dispositivos legais municipais e estaduais.
Conclusão
Este estudo evidenciou uma grande disponibilidade de estabelecimentos que ofertam AUP no entorno das escolas, principalmente entre aquelas que estão localizadas em setores censitários de maior renda. Ademais, a maioria das escolas estão localizadas em regiões de pântanos alimentares, o que pode favorecer a maior exposição e, consequentemente, maior consumo de alimentos não saudáveis. Dessa forma, é necessária a existência de dispositivos legais capazes de regular a venda de alimentos no entorno das escolas, a fim de se promover um ambiente alimentar condizente com uma alimentação saudável.
Referências:
1. Reed SF, Viola JJ, Lynch K. School and community-based childhood obesity: implications for policy and practice. J Prev Interv Community. 2014;42(2):87–94. PMID: 24702660
2. Azeredo CM, de Rezende LFM, Canella DS, Claro RM, Peres MFT, Luiz O do C, França-Junior I, Kinra S, Hawkesworth S, Levy RB. Food environments in schools and in the immediate vicinity are associated with unhealthy food consumption among Brazilian adolescents. Prev Med. 2016 Jul;88:73–79. PMID: 27050024
3. Food and Agriculture Organization of the United Nations- FAO. School Food and Nutrition Framework [Internet]. Rome: FAO; 2019 p. 36. Disponível em: https://openknowledge.fao.org/server/api/core/bitstreams/6f3162ea-1c1f-4699-a4b1-59a041e5f113/contente
4. Peres CM da C, Costa BV de L, Pessoa MC, Honório OS, Carmo AS do, Silva TPR da, Gardone DS, Meireles AL, Mendes LL. O ambiente alimentar comunitário e a presença de pântanos alimentares no entorno das escolas de uma metrópole brasileira. Cad Saúde Pública [Internet]. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz; 2021 Jun 9 [Acesso 2022 Jul 26];37. Disponível em: http://www.scielo.br/j/csp/a/7VPKvCBcmYPkBGyYwtHR58d/?lang=pt
5. Barquera S, Hernández-Barrera L, Rothenberg SJ, Cifuentes E. The obesogenic environment around elementary schools: food and beverage marketing to children in two Mexican cities. BMC Public Health. 2018 Apr 7;18(1):461. PMCID: PMC5889561
6. Boone-Heinonen J, Gordon-Larsen P. Obesogenic environments in youth: concepts and methods from a longitudinal national sample. Am J Prev Med. 2012 May;42(5):e37-46. PMCID: PMC3382037
7. da Costa Peres CM, Gardone DS, Costa BV de L, Duarte CK, Pessoa MC, Mendes LL. Retail food environment around schools and overweight: a systematic review. Nutr Rev. 2020 Oct 1;78(10):841–856. PMID: 31968100
8. Barrera LH, Rothenberg SJ, Barquera S, Cifuentes E. The Toxic Food Environment Around Elementary Schools and Childhood Obesity in Mexican Cities. Am J Prev Med. 2016 Aug;51(2):264–270. PMID: 27050412
9. Honório OS, Pessoa MC, Gratão LHA, Rocha LL, De Castro IRR, Canella DS, Horta PM, Mendes LL. Social inequalities in the surrounding areas of food deserts and food swamps in a Brazilian metropolis. Int J Equity Health [Internet]. 2021 Dec [Acesso 2023 Sep 13];20(1):168. Disponível em: https://equityhealthj.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12939-021-01501-7
10. Silva D, Ell E, Ubarana J, Ferro J. Entre Desertos, Pântanos e Oásis Alimentares: mapeamento de ambientes de acesso a alimentos saudáveis na RIDE-DF. 2023;237. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/373949216_Entre_Desertos_Pantanos_e_Oasis_Alimentares_mapeamento_de_ambientes_de_acesso_a_alimentos_saudaveis_na_RIDE-DF
11. Cooksey-Stowers K, Schwartz MB, Brownell KD. Food Swamps Predict Obesity Rates Better Than Food Deserts in the United States. Int J Environ Res Public Health [Internet]. 2017 Nov [Acesso 2022 Jul 27];14(11):1366. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5708005/ PMCID: PMC5708005
12. Goodman M, Thomson J, Landry A. Food Environment in the Lower Mississippi Delta: Food Deserts, Food Swamps and Hot Spots. Int J Environ Res Public Health [Internet]. 2020 May [Acesso 2022 Jul 27];17(10):3354. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7277865/ PMCID: PMC7277865
13. Phillips AZ, Rodriguez HP. Adults with diabetes residing in “food swamps” have higher hospitalization rates. Health Serv Res [Internet]. 2019 Feb [Acesso 2022 Jul 27];54(Suppl 1):217–225. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6341203/ PMCID: PMC6341203
14. Carvalho CA de, Fonsêca PC de A, Priore SE, Franceschini S do CC, Novaes JF de. Consumo alimentar e adequação nutricional em crianças brasileiras: revisão sistemática. Revista Paulista de Pediatria [Internet]. 2015 Jun [Acesso 2022 Jul 27];33(2):211–221. Disponível em: http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0103058215000234
15. Henriques P, Alvarenga CRT de, Ferreira DM, Dias PC, Soares D da SB, BarbosaRMS, Burlandy L. Ambiente alimentar do entorno de escolas públicas e privadas: oportunidade ou desafio para alimentação saudável? Ciênc saúde coletiva [Internet]. ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva; 2021 Aug 9 [Acesso 2022 Jul 27];26:3135–3145. Disponível em:http://www.scielo.br/j/csc/a/nyx4MCYFPjZCnxqxXBvwhsG/?lang=pt
16. Leite FHM, Oliveira MAD, Cremm EDC, Abreu DSCD, Maron LR, Martins PA. Availability of processed foods in the perimeter of public schools in urban areas. JPediatr (Rio J) [Internet]. 2012 Aug 20 [Acesso 2023 Sep 13];88(4):328–34. Disponível em: http://www.jped.com.br/Redirect.aspx?varArtigo=2336
17. Novaes TG, Mendes LL, Almeida LFF, Ribeiro AQ, Costa BVDL, Claro RM, Pessoa MC. Availability of food stores around Brazilian schools. Ciênc saúde coletiva [Internet]. 2022 Jun [Acesso 2023 Sep 18];27(6):2373–2383. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232022000602373&tlng=en
18. Andretti B, Cardoso LO, Honório OS, de Castro Junior PCP, Tavares LF, da Costa Gaspar da Silva I, Mendes LL. Ecological study of the association between socioeconomic inequality and food deserts and swamps around schools in Rio de Janeiro, Brazil. BMC Public Health. 2023 Jan 17;23(1):120. PMCID: PMC9847189
19. Leite MA, Barata MF, Levy RB. Food environment near schools in the largest Brazilian metropolis: analyses and contributions based on census data. Cad Saude Publica. 2023;39(9):e00030223. PMCID: PMC10566553
20. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira- INEP(BR). Sinopse Estatística da Educação Básica 2019 [Internet]. 2019 [Acesso 2021 Jun 25]. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/sinopses-estatisticas-da-educacaobasica
21. IBGE. IBGE, Censo 2010 [Internet]. 2010 [Acesso 2022 Jun 21]. Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/noticiascenso? busca=1&id=3&idnoticia=2194&view=noticia
22. Chiang PH, Huang LY, Lee MS, Tsou HC, Wahlqvist ML. Fitness and food environments around junior high schools in Taiwan and their association with body composition: Gender differences for recreational, reading, food and Beverage exposures. PLOS ONE [Internet]. Public Library of Science; 2017 Aug 3 [Acesso 2022 Jul 27];12(8):e0182517. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0182517
23. Ortega Hinojosa AM, MacLeod KE, Balmes J, Jerrett M. Influence of school environments on childhood obesity in California. Environ Res. 2018 Oct;166:100–107. PMID: 29883903
24. Comissão Nacional de Classificação- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Classificação Nacional de Atividades Econômicas-CNAE: versão 2.0 [Internet]. 2015 [Acesso 2024 Jul 1]. Disponível em: https://cnae.ibge.gov.br/?option=com_cnae&view=estrutura&Itemid=6160&chave=&tipo=cnae&versao_classe=7.0.0&versao_subclasse=9.1.0&_gl=1*dxxqng*_ga*MTA2NjE2NzA0Ny4xNzIwNTI4Njcy*_ga_0VE4HSDTTT*MTcyMDUyODY3Mi4xLjEuMTcyMDUzMDE1NC4wLjAuMA
25. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Classificação nacional de atividades econômicas [Internet]. 2007 [Acesso 2024 Jul 1]. Disponível em: https://cnae.ibge.gov.br/
26. Hager ER, Cockerham A, O’Reilly N, Harrington D, Harding J, Hurley KM, Black MM. Food swamps and food deserts in Baltimore City, MD, USA: associations with dietary behaviours among urban adolescent girls. Public Health Nutr. 2017 Oct;20(14):2598–2607. PMCID: PMC5572508
27. Brasil. Estudo Técnico Mapeamento dos Desertos Alimentares no Brasil [Internet]. Secretaria-Executiva da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional Ministério do Desenvolvimento Social; 2018. Disponível em:https://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/noticias/arquivos/files/Estudo_tecnico_mapeamento_desertos_alimentares.pdf
28. Brasil. Guia alimentar para a população brasileira. 2014;(2):158. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
29. Akl C, El-Helou N, Safadi G, Semaan A, El Sammak A, Trabelsi T, Sassi S, Akik C, El Ati J, Traissac P, Ghattas H, SCALE Research Group. Urban school neighbourhoods dominated by unhealthy food retailers and advertisements in Greater Tunis: a geospatial study in the midst of the nutrition transition. Public Health Nutr. 2024 Jan 3;27(1):e44. PMCID: PMC10882541
30. Engler-Stringer R, Shah T, Bell S, Muhajarine N. Geographic access to healthy and unhealthy food sources for children in neighbourhoods and from elementary schools in a mid-sized Canadian city. Spat Spatiotemporal Epidemiol. 2014 Oct;11:23–32.PMID: 25457594
31. Neckerman KM, Bader MDM, Richards CA, Purciel M, Quinn JW, Thomas JS, Warbelow C, Weiss CC, Lovasi GS, Rundle A. Disparities in the food environments of New York City public schools. Am J Prev Med. 2010 Sep;39(3):195–202. PMID: 20709250
32. Maguire ER, Burgoine T, Monsivais P. Area deprivation and the food environment over time: A repeated cross-sectional study on takeaway outlet density and supermarket presence in Norfolk, UK, 1990–2008. Health & Place [Internet]. 2015 May 1 [Acesso 2024 Jul 9];33:142–147. Disponível em:https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1353829215000325
33. Walker BB, Shashank A, Gasevic D, Schuurman N, Poirier P, Teo K, Rangarajan S, Yusuf S, Lear SA. The Local Food Environment and Obesity: Evidence from Three Cities. Obesity [Internet]. 2020 Jan [Acesso 2023 Sep 28];28(1):40–45. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/oby.22614
34. Cummins S, Macintyre S. Food environments and obesity—neighbourhood or nation? International Journal of Epidemiology [Internet]. 2006 Feb 1 [Acesso 2024 Jul 9];35(1):100–104. Disponível em: http://academic.oup.com/ije/article/35/1/100/849977/Food-environments andobesityneighbourhood-or
35. Duran AC, Diez Roux AV, Latorre MDRDO, Jaime PC. Neighborhood socioeconomic characteristics and differences in the availability of healthy food stores and restaurants in Sao Paulo, Brazil. Health & Place [Internet]. 2013 Sep [Acesso 2023 Sep 13];23:39–47. Disponível em:https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1353829213000701
36. Jaime PC, Duran AC, Sarti FM, Lock K. Investigating Environmental Determinants of Diet, Physical Activity, and Overweight among Adults in Sao Paulo, Brazil. J Urban Health [Internet]. 2011 Jun [Acesso 2023 Sep 13];88(3):567–581. Disponível em: http://link.springer.com/10.1007/s11524-010-9537-2
37. Louzada ML da C, Cruz GL da, Silva KAAN, Grassi AGF, Andrade GC, Rauber F, Levy RB, Monteiro CA. Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: distribuição e evolução temporal 2008–2018. Rev Saúde Pública [Internet]. Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2023 Apr 14 [Acesso 2024 Jul 9];57:12. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/4NgBXsYpKjrKHvCBJ876P8F/abstract/?lang=pt
38. Clark SGF, Mendes LL, Honório OS, Oliveira JS, Canuto R. Social inequities in the food retail patterns around schools in Recife, Brazil. Ciênc saúde coletiva [Internet]. ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva; 2023 Sep 4 [Acesso 2024 Jul 9];28:2665–2675. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/Jhz56KB7dbwSFGwsYgnpxXs/
39. Canhada SL, Vigo Á, Luft VC, Levy RB, Alvim Matos SM, Del Carmen Molina M, Giatti L, Barreto S, Duncan BB, Schmidt MI. Ultra-Processed Food Consumption and Increased Risk of Metabolic Syndrome in Adults: The ELSA-Brasil. Diabetes Care. 2023 Feb 1;46(2):369–376. PMCID: PMC9887627
40. Ventura Barbosa Gonçalves H, Canella DS, Bandoni DH. Temporal variation in food consumption of Brazilian adolescents (2009-2015). PLoS One. 2020;15(9):e0239217. PMCID: PMC7498085
41. IBGE. Pesquisa nacional de saúde do escolar- PeNSE: 2019. Pesquisa nacional de saúde do escolar: 2019 [Internet]. 2021;(Coordenação de População e IndicadoresSociais):162. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/instrumentos_de_coleta/doc5617.pdf
42. IBGE, editor. Pesquisa de Orçamentos Familiares-POF: 2017-2018. Análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2020.
43. Organización Panamericana de la Salud. Alimentos y bebidas ultraprocesados em América Latina: tendencias, efecto sobre la obesidad e implicaciones para las políticas públicas [Internet]. 2018 [Acesso 2024 Jul 1]. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2018/05/Alimentos-e-bebidasultraprocessados- na-Am%C3%A9rica-Latina-01.pdf
44. Monteiro CA, Levy RB, Claro RM, Castro IRR de, Cannon G. A new classification of foods based on the extent and purpose of their processing. Cad Saúde Pública [Internet]. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz; 2010 Nov [Acesso 2022 Aug 30];26:2039–2049. Disponível em: http://www.scielo.br/j/csp/a/fQWy8tBbJkMFhGq6gPzsGkb/
45. Monteiro C, Cannon G, Lawrence M, Costa Louzada M, Pereira Machado P. Ultraprocessed foods, diet quality, and health using the NOVA classification system [Internet]. FAO; 2019 [Acesso 2022 Jun 23]. Disponível em: https://www.fao.org/3/ca5644en/ca5644en.pdf
46. Schulte EM, Avena NM, Gearhardt AN. Which Foods May Be Addictive? The Roles of Processing, Fat Content, and Glycemic Load. Weir TL, editor. PLoS ONE [Internet]. 2015 Feb 18 [Acesso 2024 Jul 9];10(2):e0117959. Disponível em: https://dx.plos.org/10.1371/journal.pone.0117959
47. Browne S, Staines A, Barron C, Lambert V, Susta D, Sweeney MR. School lunches in the Republic of Ireland: a comparison of the nutritional quality of adolescents’lunches sourced from home or purchased at school or “out” at local food outlets. Public Health Nutr. 2017 Feb;20(3):504–514. PMID: 27557554
48. Godin KM, Chaurasia A, Hammond D, Leatherdale ST. Examining associations between school food environment characteristics and sugar-sweetened Beverage consumption among Canadian secondary-school students in the COMPASS study. Public Health Nutr. 2019 Aug;22(11):1928–1940. PMID: 29779507
49. Mazarello Paes V, Hesketh K, O’Malley C, Moore H, Summerbell C, Griffin S, van Sluijs EMF, Ong KK, Lakshman R. Determinants of sugar-sweetened Beverage consumption in young children: a systematic review. Obes Rev. 2015 Nov;16(11):903–913. PMCID: PMC4737242
50. Shareck M, Lewis D, Smith NR, Clary C, Cummins S. Associations between home and school neighbourhood food environments and adolescents’ fast-food and sugarsweetened beverage intakes: findings from the Olympic Regeneration in East London (ORiEL) Study. Public Health Nutr. 2018 Oct;21(15):2842–2851. PMID: 29962364
51. Brasil. Lei n°13106- Atos do Congresso Nacional [Internet]. 13106 2015. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=1&data=18/03/2015
52. Gortmaker SL, Wang YC, Long MW, Giles CM, Ward ZJ, Barrett JL, Kenney EL, Sonneville KR, Afzal AS, Resch SC, Cradock AL. Three Interventions That Reduce Childhood Obesity Are Projected To Save More Than They Cost To Implement. Health Aff (Millwood). 2015 Nov;34(11):1932–1939. PMID: 26526252
53. Micha R, Karageorgou D, Bakogianni I, Trichia E, Whitsel LP, Story M, Peñalvo JL, Mozaffarian D. Effectiveness of school food environment policies on children’s dietary behaviors: A systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2018;13(3):e0194555. PMCID: PMC5875768
54. World Health Organization, editor. Obesity: preventing and managing the global epidemic: report of a WHO consultation. Geneva: World Health Organization; 2000.
55. O’Toole TP, Anderson S, Miller C, Guthrie J. Nutrition services and foods and beverages available at school: results from the School Health Policies and Programs Study 2006. J Sch Health. 2007 Oct;77(8):500–521. PMID: 17908105
56. Story M, Nanney MS, Schwartz MB. Schools and obesity prevention: creating school environments and policies to promote healthy eating and physical activity. Milbank Q. 2009 Mar;87(1):71–100. PMCID: PMC2879179
57. Brasil. Decreto n° 11.821 de 12 de dezembro de 2023 [Internet]. Sect. 1- Extra C,11821 Dec 12, 2023 p. 2. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/decreton- 11.821-de-12-de-dezembro-de-2023-529912823
58. World Health Organization. Consideration of the evidence on childhood obesity for the Commission on Ending Childhood Obesity: report of the ad hoc working group on science and evidence for ending childhood obesity, Geneva, Switzerland [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2016 [Acesso 2022 Aug 29]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/206549
59. Costa BV de L, Freitas PP de, Menezes MC de, Guimarães LMF, Ferreira L de F, Alves M dos SC, Lopes ACS. Ambiente alimentar: validação de método de mensuração e caracterização em território com o Programa Academia da Saúde. Cad Saúde Pública [Internet]. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca,Fundação Oswaldo Cruz; 2018 Sep 6 [Acesso 2024 Jul 9];34:e00168817. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/KnvwcMP6hw3PmXTYW3MrgGF/?lang=pt
60. Mendes LL, Canella DS, Araújo MLD, Jardim MZ, Cardoso LDO, Pessoa MC. Food environments and the COVID-19 pandemic in Brazil: analysis of changes observed in 2020. Public Health Nutr [Internet]. 2022 Jan [Acesso 2023 Sep 14];25(1):32–35. Disponível em:https://www.cambridge.org/core/product/identifier/S1368980021003542/type/journal_article
Contribuições: IWL trabalhou na concepção, análise, interpretação, redação e aprovação da versão final; LLM concepção, interpretação dos dados e aprovação versão a ser publicada; ASC análise e interpretação; LLR e MZJ concepção, redação e sua revisão crítica; PMH revisão crítica.