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0163/2025 - CORPOS DA ENFERMAGEM EM LUTA: RESISTÊNCIAS E CONTRACONDUTAS PARA ALÉM DA PANDEMIA
NURSING BODIES IN FIGHT: RESISTANCE AND COUNTERCONDUCTS BEYOND THE PANDEMIC

Autor:

• Liciane da Silva Costa Dresch - Dresch, LSC - <licisc@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3450-8625

Coautor(es):

• Flavia Feron Luiz - Luiz, FF - <flaviaferon@hotmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5317-4528

• Fernanda Carlise Mattioni - Mattioni, FC - <fernanda.mattioni@ufrgs.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3794-6900

• Cristianne Maria Famer Rocha - Rocha, CMF - <cristianne.rocha@ufrgs.br>
ORCID: http://orcid.org/0000-0003-3281-2911



Resumo:

Ao apresentar as discursividades midiáticas sobre as enfermeiras, a partir de alguns conceitos de Michel Foucault e de outros filósofos, o texto objetiva realizar uma reflexão sobre a luta por direitos sociais e profissionais, e resulta em uma amostra de como as resistências e contracondutas continuaram sendo potentes estratégias de luta, para além da pandemia. Trata-se de uma pesquisa documental, desenvolvida a partir do excerto de reportagens jornalísticas, durante o período pandêmico. É possível concluir que a pandemia representou um período de intenso estresse, em que as condições de precarização da vida e do trabalho foram potencializadas por práticas governamentais necropolíticas.

Palavras-chave:

Filosofia em Enfermagem. Enfermagem de Saúde Pública. COVID-19. Necropolítica.

Abstract:

By presenting media discourses about nurses, based on some concepts from Michel Foucault and other philosophers, the text aims to reflect on the struggle for social and professional rights, and results in a sample of how resistance and counter-conduct continued to be powerful fighting strategies, beyond the pandemic. This is documentary research, developed based on excerpts from journalistic reports, during the pandemic period. It is possible to conclude that the pandemic represented a period of intense stress, in which the precarious conditions of life and work were heightened by necropolitical government practices.

Keywords:

Philosophy Nursing. Public Health Nursing. COVID-19. Necropolitics.

Conteúdo:

INTRODUÇÃO
As lutas da Enfermagem começaram desde início da profissão em que o regimento dita a ordem, disciplina e a conduta destas profissionais. As enfermeiras americanas, ao implantarem a Enfermagem no Brasil, transportaram os princípios organizadores da sua fundadora1.
Em março de 2020, quando foi decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a pandemia de covid-192, houve uma ruptura naquilo que parecia estável e sob controle. As “certezas” de ordem da categoria da Enfermagem, transformaram-se em desajustes da disciplina, e, neste momento, começaram outras formas de luta na profissão.
Dois meses após ser anunciada pela OMS como pandemia, a propagação viral aumentou agressivamente, ocasionando abruptas mudanças na rotina dos serviços de saúde3. As notícias sobre a pandemia estavam em todos os jornais, portais de notícias e mídias sociais. O isolamento social era a principal estratégia para diminuir o contágio, então a pandemia tornou-se a maior das discursividades vinculadas nas mídias4.Tais discursividades apontavam para a Enfermagem, uma categoria profissional engajada com a luta coletiva por direitos sociais a partir de um corpo político.
As metáforas de guerra, se expressaram desde o nível de caraterização do vírus e respectiva relação com o organismo humano, no âmbito social da epidemiologia da infeção, das respostas socio-sanitárias de Estados e instituições, das implicações geopolíticas e das práticas e expressões identitárias de diferentes agentes5.
Para além do medo e das incertezas advindas deste cenário nebuloso, procurou-se acompanhar as repercussões da pandemia por meio dos relatos, nos portais de notícias, de mulheres, profissionais da Enfermagem, que estavam na “linha de frente” (no front) desta guerra. A mídia serviu, nesta pesquisa, como fonte de conhecimento e interlocução, pois foi a partir dos relatos destas enfermeiras que se buscou compreender a engrenagem desta batalha: quais as lutas da enfermagem e, consequentemente os desdobramentos resultantes desta guerra?
Essa potência das discursividades vista na mídia e das manifestações nas ruas6 causou resistências, ou seja, o rompimento com certas formas de práticas de governo, e contracondutas7. Tudo isso, pode ser constatado, a partir de duas frentes: respostas diante às estratégias necropolíticas, ou seja, de quem poderia viver ou morrer, ocorridas sobretudo em 2020 e 2021, e, posteriormente, na luta pelo piso salarial da Enfermagem.
O objetivo deste estudo é realizar uma reflexão sobre a luta por direitos sociais e profissionais, e resulta em uma amostra de como as resistências e contracondutas continuaram sendo potentes estratégias de luta, para além da pandemia.

RESISTÊNCIA E CONTRACONDUTA POR MICHEL FOUCAULT
A compreensão sobre poder se diferencia em Foucault, na medida em que, para ele, o poder só existe em ação8. Ele é exercido, não é fixo. Não é algo que uns tem e outros não: o poder se revela em nossa cultura e a forma pelo qual os seres humanos se tornam sujeitos. Ademais, os conceitos de biopoder e biopolítica7 são relevantes para nosso entendimento sobre as práticas de disciplinamento que forjam a origem da profissão de Enfermagem.
Para Foucault7 o biopoder atua como exercício de poder regulador, administrando e controlando os modos de vida. A biopolítica, por sua vez, sistematiza, normaliza e impulsiona a vida da população. O poder disciplinar atua para produzir indivíduos nos quais a relação de força política se enfraquece e a possibilidade de utilidade se intensifica. O poder disciplinar9 manifesta sua materialidade no interior das instituições através de um conjunto de instrumentos, técnicas, procedimentos para a fabricação de indivíduos úteis. Conforme os alvos a serem governados se alteram, há a transformação de como cada forma de poder se apresenta9.
A submissão reforça o processo da disciplina e produz corpos maleáveis e transformáveis para a sujeição. Na trilha do que teoriza Foucault, entende-se ser possível pensar nas práticas profissionais da Enfermagem enquanto atividades engendradas em modos de disciplinamentos produtores de corpos aptos a seguir regras estabelecidas.
No neoliberalismo, cada âmbito da vida é recoberto pela lógica empresarial de competição, concorrência, lucro, rendimentos, perdas, investimentos e dívidas. Para Foucault, o neoliberalismo consiste em governar estabelecendo o domínio da prática de governo, seus diferentes objetos, suas regras gerais, seus objetivos de conjunto a fim de governar da melhor maneira possível10.
Foucault ainda conceitua que onde há poder também há resistência11. O poder não é uma entidade absoluta e centralizada, mas sim um conjunto de forças que operam em rede nas quais se produzem resistências e contracondutas. As resistências referem-se ao rompimento com certas formas de práticas de governo, enquanto as contracondutas referem-se à adoção de comportamentos diferentes daqueles ditados pela governamentalidade7.
O conceito de governamentalidade passou a ocupar um lugar central nas pesquisas de Foucault, passando-o a considerar o poder a partir da noção de governo e cada vez menos da ordem de enfrentamento entre adversários. Relaciona tanto as estruturas políticas e de gestão do Estado quanto ao modo de dirigir a conduta dos indivíduos entre uns e outros7.
Achille Mbembe cunha o termo necropolítica a partir da compreensão de que a biopolítica é um conceito insuficiente para compreender relações de inimizade empreendidas pelo colonialismo12. A partir de seus estudos sobre racismo, escravidão e descolonização, Mbembe apresenta a relação entre poder e discurso, de Foucault, e o atualiza a partir de um racismo de Estado presente na contemporaneidade, que fortalecem políticas de morte. Nesta perspectiva, as políticas de morte são: indivíduos que não produzem adequadamente, que não consomem ou que desafiem o capitalismo a partir do enfrentamento social tornam-se alvo de uma discreta violência, porém mortal, em um cenário de exclusão e austeridade que os deixa morrer silenciosamente.
Cabe questionar, no contexto da pandemia, quais foram as expressões de resistência e contracondutas realizadas pelas trabalhadoras de Enfermagem, no Brasil. E ainda, como essas lutas permanecem para além do período pandêmico. A partir de uma retrospectiva histórica, podemos relembrar o subfinanciamento do sistema público de saúde brasileiro. Mesmo antes do estabelecimento desta crise sanitária, os efeitos da precarização impostos pelo contexto neoliberal contemporâneo já estavam em curso e seguem após o término da pandemia.

METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa documental, desenvolvida a partir do excerto de reportagens jornalísticas, durante o período pandêmico, que tratavam da luta das mulheres enfermeiras e seus desdobramentos diante da guerra contra o novo vírus. Considerando que a mídia atua como uma produtora de enredos que ensinam formas culturais de ser e estar neste mundo, a proposta desta pesquisa realizar uma reflexão sobre a luta por direitos sociais e profissionais da Enfermagem, no Brasil, a partir das discursividades que circularam em veículos midiáticos.
A análise de mídia nos permite compreender como as narrativas são construídas e como as verdades são (re)produzidas na sociedade contemporânea13, para a formação de sujeitos e a construção do conhecimento coletivo.
O marco temporal escolhido para a seleção das reportagens foi 25 de fevereiro de 2020 a 5 de maio de 2023. Este período coincide quando o Brasil relata o exordial da doença até o final da emergência de saúde pública, decretada pela OMS, respectivamente.
A análise das reportagens, durante todo o período pandêmico, ocorreu para que se conseguisse a materialidade suficiente que, tal qual uma linha do tempo, pudesse captar melhor as discursividades da Enfermagem. A fim de que também fosse possível refletir sobre todo o contexto de luta das enfermeiras, a pesquisa abarcou reportagens publicadas pelo jornal Folha de São Paulo (FSP) e o Portal de notícias G1. A escolha desse jornal e portal de notícias foi intencional, apoiada na ideia de que, são dois dos maiores veículos jornalísticos do país, com notória consagração e prestígio no Brasil14.
Em relação aos critérios de busca, foram utilizados filtros e palavras-chave. Para os critérios de inclusão, utilizou-se: a) reportagens brasileiras, b) que representassem mulheres da equipe de Enfermagem enquanto tema principal ou em destaque; e, c) que dialogassem com o tema do sofrimento e/ou saúde mental dessas profissionais, a partir do contexto histórico brasileiro. As palavras-chave escolhidas foram: “Enfermagem”, “Enfermeira”, “Pandemia”, “Sofrimento” e “Covid-19”.
Após a seleção das reportagens, foi feita uma leitura atenta, em busca de pistas que remetessem ao processo de trabalho das enfermeiras na pandemia, sobretudo que enfatizassem o sofrimento e o mal-estar no campo do trabalho. Nessa etapa inicial, as reportagens duplicadas, nos dois veículos jornalísticos escolhidos, foram excluídas. Após, as demais reportagens foram lidas na íntegra e as que apresentaram temáticas diferentes do objeto de estudo foram descartadas. As que atenderam aos critérios de inclusão foram incorporadas, totalizando 179 reportagens.
A procura de controle sobre a epidemia desenvolveu-se com base em procedimentos biopolíticos e a subordinação de corpos e populações. Assim, nas guerras, para além dos inimigos, temos os heróis, os que cuidam, os que matam, as armas, o front, a linha de frente e as trincheiras - termos amplamente utilizados durante a pandemia de covid-19. Nesta pesquisa, utilizou-se em toda extensão do texto, a metáfora de guerra, por entender que foram as discursividades importantes que circularam nos veículos midiáticos durante a pandemia.
Esta escrita assume uma posição do uso do gênero feminino quando se refere aos profissionais de Enfermagem, apoiada na conclusão da pesquisa15 Perfil da Enfermagem no Brasil, de 2017, em que a equipe de Enfermagem é predominantemente feminina (85,1%). A profissão, por tradição e cultura, sempre contribuiu para a feminização da saúde.
A análise de mídia, sob a influência de ferramentas conceituais de Foucault, envolve a investigação das estratégias de poder que moldam a amplitude da produção midiática, as redes discursivas, a análise de discursos hegemônicos e a identificação de mecanismos de controle nas narrativas produzidas que moldam os modos de vida nas sociedades contemporâneas.
Foucault enfatiza a importância das formações discursivas, que são conjuntos de práticas comunicativas que dão forma e significado ao conhecimento e incluem não apenas textos escritos, mas também discursos orais, imagens e outras formas de significação16.
Portanto, com o intuito de organizar uma estrutura para a análise das discursividades presentes nas reportagens selecionadas, a partir de suas enunciações, foi utilizado a estratégia de Tessitura Analítica de Mídia (TAM)17.
Sobre os aspectos éticos dessa pesquisa, ressalta-se que não inclui atividades de pesquisa diretamente com seres humanos. As reportagens e informações foram divulgadas na mídia digital, portanto, foram resguardados os direitos autorais dos textos consultados18.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A apresentação dos resultados está disposta em dois eixos denominados: Contracondutas: para além da docilidade dos corpos, no qual é analisada as discursividades que ocorreram nas primeiras manifestações das profissionais de Enfermagem no momento inicial da pandemia, a partir das mortes de muitos no atendimento aos pacientes vítimas do novo vírus, bem como, do alto número de contágios e riscos enfrentados por quem estava no front; e, Resistências: e a luta por direitos, refletindo sobre as lutas, ressignificação do sofrimento laboral e tensionamentos a favor do piso salarial da categoria.

Contracondutas: para além da docilidade dos corpos
As manifestações e atos promovidos pela Enfermagem, durante a pandemia, nasceram silenciosas, clamando primeiramente para o isolamento social a partir do “fique em casa” (#fiqueemcasa foi uma hashtag amplamente compartilhada nas redes sociais, por exemplo). Importante ressaltar que neste período ainda eram incipientes as informações detalhadas sobre o mecanismo de ação da covid-19, formas de transmissão e seus desdobramentos clínicos. As profissionais de saúde conviveram com o medo da contaminação e o risco iminente de morte. As discursividades midiáticas abordavam o pedido de socorro destas profissionais:
Figura 1: Manifestação a favor do isolamento social na Praça dos 3 poderes, Brasília DF

Fig.1

A imagem anterior demonstra um ato de resistência, realizado por profissionais da Enfermagem na pandemia. As manifestantes estão organizadas, em distanciamento, utilizando máscaras e segurando cruzes pretas, que representavam profissionais mortas na guerra pandêmica, clamavam pelo #fiqueemcasa. Existem elementos importantes nessa imagem que reporta à formação profissional, tal como a ordem e a disciplina, que ocorrem mesmo em espaço alheio aos hospitais. Outro elemento, diz respeito ao protagonismo e estratégias de pertencimento destas profissionais que ocuparam a via pública em um local de representatividade máxima de Estado no país, a Praça dos Três Poderes.
A disposição que as manifestantes ocuparam: em filas regulares, organizadas e em silêncio, foi pensado devido à alusão ao protocolo de distanciamento social, contudo, é possível realizarmos uma leitura sobre disciplina e Enfermagem: corpos que cuidam, mesmo que fora de seus espaços de pertencimento profissional, obedecem a regras e disciplinas9.
A partir de uma leitura foucaultiana, estas profissionais dispõem-se tal qual seria o esperado das trabalhadoras de Enfermagem – ou de soldados, se pensarmos na metáfora bélica: controladas e organizadas. A disciplina é capaz de capturar nossos corpos por tempos variáveis e submetê-los a variadas tecnologias de poder10.
Neste momento pandêmico, marcado pela necropolítica, os discursos referentes à manutenção da vida, a partir do número crescente de profissionais mortas pela covid-19, cresceram e ocuparam a ordem discursiva da mídia. Nos excertos a seguir, estão exemplificadas, a importância das manifestações decorrentes das péssimas condições de trabalho e do adoecimento das profissionais:
(...) Os enfermeiros estão sobrecarregados, mal equipados e mal remunerados. Esperamos que os gestores se sensibilizem, façam valer nossos direitos e entendam que não somos inimigos. Temos é um inimigo em comum, que é a Covid-19. Juntos nós vamos conseguir” 20.

(...) Estamos deixando de ser força de trabalho para virarmos pacientes do sistema de saúde. A gente precisa de mais do que palmas, precisamos de valorização, de respeito e isso passa pela manutenção do isolamento social"20.

As palavras destacadas mostram elementos discursivos que remetem a precarização do trabalho, remuneração inadequada, dupla e as vezes tripla jornada de trabalho, o não pagamento de insalubridade e o risco de vida imposto à estas profissionais.
A trabalhadora de Enfermagem diz: “não somos inimigos” estamos do mesmo lado que a população21. A reportagem supracitada, apresenta a violência de parte da população contra as profissionais da linha de frente. Durante ato em prol do isolamento social, um homem – vestindo uma camiseta nas cores verde e amarelo e com os dizeres "meu partido é o Brasil" – filmou os manifestantes. Além de agressões verbais, o vídeo feito pelo Sindicato de Enfermeiros do Distrito Federal (DF)21, mostra este homem agredindo fisicamente uma mulher:
Ele falava muitos palavrões, me empurrou e bateu na minha cabeça, afirmou a profissional que trabalha em um hospital público da capital21.

A reportagem narra que após o ato, o Sindicato dos Enfermeiros do DF21 divulgou uma nota de repúdio às agressões físicas e verbais sofrida pelas profissionais na manifestação. O comunicado atribui as agressões a "apoiadores do então Presidente da República":
As atitudes tomadas pelos apoiadores do governo vão ao encontro de ideologias fascistas e antidemocráticas. Infelizmente, são embasadas pelas atitudes do Presidente da República que diversas vezes debocha das consequências da pandemia, desconsidera todas as recomendações e diretrizes sobre a importância do isolamento social ao combate do novo coronavírus21.

A seguir, a foto do momento em que o agressor se aproxima da manifestação:
Figura 2: Manifestante agride enfermeira em ato a favor de isolamento social

Fig.2

Tanto a imagem como os excertos anteriores, têm o intuito de registrar e denunciar um ato de violência contra uma profissional de Enfermagem. Na imagem, o agressor aproxima-se das manifestantes, contrapõe-se ao propósito da manifestação ao não utilizar máscara e trajar uma camiseta verde e amarela (símbolo de apoio à extrema-direita brasileira ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro).
Esse fato não foi isolado. No contexto brasileiro, a extrema-direita é compreendida como aliada do neoliberalismo, uma vez que muitos líderes e apoiadores são críticos do Estado de bem-estar social e defendem políticas que reduzem gastos públicos e impostos.
O negacionismo, além de uma engrenagem importante da estratégia necropolítica brasileira, esteve relacionado ao crescimento da extrema-direita, em uma síntese no ideal do “homem de bem”, símbolo do conservadorismo e do autoritarismo no país22. Ainda, atuou minimizando a importância crucial das políticas públicas em saúde e eximindo o Estado de investir na saúde pública23. Alguns governos caracterizados como populistas, utilizaram o negacionismo científico como estratégia política23.
Em reportagem publicada no portal G124, enfermeiras e técnicas de enfermagem denunciaram que os Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) eram limitados. Relataram trabalharem sem receber aumento ou gratificação pelo trabalho na covid-19. Ao ganharem as ruas, estas trabalhadoras estabeleceram resistência frente ao poder necropolítico e denunciaram publicamente as condições dos bastidores da guerra:
Figura 3: Paralisação da linha de frente por melhores condições de trabalho

Fig.3

Ainda, sobre a precarização das condições de trabalho, as trabalhadoras da Enfermagem, enquanto equipe, denunciaram as condições de trabalho no front da batalha:
O principal problema é esse. A falta de material tanto em quantidade e qualidade. Os setores que tratam pacientes com a Covid-19 recebem todos os EPIs, porém esse paciente transita por todo o hospital e, consequentemente, as pessoas de outros setores não estão devidamente protegidas”24.

Os profissionais relaram que faltam máscaras e aventais, que o que é disponibilizado não é o ideal. Além dos equipamentos, os enfermeiros pedem reajuste de 40% no pagamento pela insalubridade, alegando que o período de pandemia deixou os serviços de transporte público limitado, arriscado para o contágio, e que por isso eles precisam pagar o transporte particular24.

A partir dos excertos expostos, as discursividades mostram tensionamentos históricos entre Enfermagem e poder público/iniciativa privada, em curso desde a implementação da racionalidade neoliberal. Há um processo histórico alicerçado na desvalorização da Enfermagem, no desprestígio profissional e na invisibilidade social destas trabalhadoras15.
Um quarto das trabalhadoras de Enfermagem não se sente acolhida e respeitada pelos demais colegas da área da saúde, e 47,2% sente-se desrespeitada pelos usuários e seus familiares15. Estes dados refletem a precarização e instabilidade profissional, que envolvem desde extensa carga horária laboral, salários desvalorizados, até a obrigatoriedade, muitas vezes, a duplas jornadas de trabalho para complementação financeira.
Embora a Lei que regulamento o piso salarial da categoria tenha sido aprovada em 2022, a efetiva implementação e cumprimento do que prevê a legislação ainda não foi realizada, de modo que os salários da profissão seguem sendo insuficientes para suprir o sustento destas profissionais e suas famílias, levando-as a, muito frequentemente, terem mais de um vínculo trabalhista.
Outra reportagem de 202025, relata vigília e homenagem/protesto relativos às profissionais mortas na pandemia. Os manifestantes usavam jalecos e seguravam placas com nomes de trabalhadoras vítimas da covid-19. As imagens ilustram este ato de resistência:

Figura 4: Vigília e homenagem aos profissionais de Enfermagem mortos durante a pandemia

Fig.4

As imagens sugerem comoção e denúncia. Tal qual um cemitério a céu aberto, os corpos que lutam, deitam-se em tecidos pretos simbolizando valas ou covas, enquanto seguram o nome de uma colega morta pela covid-19. Mesmo remetendo às mortes, representam um forte apelo às vidas, em contraponto direto à necropolítica em curso no país.
Há, ainda, um claro recado sobre tolerância: a precarização do trabalho, o sofrimento e as mortes não mais serão toleradas e silenciadas:
Figura 5: Manifestantes pedem “basta” às mortes e riscos impostos à equipe de Enfermagem na pandemia

Fig.5

A imagem traz um grito, mesmo que em silêncio, para a imposição de limites. As discursividades apresentadas apontavam para atos que se configuraram em resistências e contracondutas. Ainda, convidam a refletir sobre corpos que lutaram e que, puderam ser capazes de se posicionar de outras maneiras frente às causas de sofrimento, produzindo subjetividades e promovendo o caráter coletivo e solidário do fazer em saúde.
Para além das reivindicações da categoria para melhorar as suas condições de trabalho, a Enfermagem assumiu posicionamento contundente no sentido do cumprimento dos protocolos de segurança, respeito às diretrizes internacionais e, principalmente, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de financiamento adequado e estrutura organizacional capaz de responder aos desafios impostos pela emergência sanitária. Nesse sentido, a categoria se alia ao campo da Saúde Coletiva, ao compreender que tanto as melhorias para a categoria, como a qualificação dos serviços públicos de saúde para a população, perpassam as lutas históricas do Movimento Sanitário, que defendem um sistema de saúde público, gratuito e com qualidade, se opondo à racionalidade ultraliberal e negacionista do então governo de extrema direita.
Assim, contracondutas podem ser entendidas, na contemporaneidade, como práticas que se opõem à vertente neoliberal e, ao mesmo tempo, propõem práticas, colocando em movimento ações de resistência à produção de padrões de comportamento que se dá por meio de regras, normas e parâmetros já determinados por governos e corpo técnico da saúde27.
No contexto da Enfermagem e da Saúde Coletiva, as contracondutas podem ser vistas como ações que se desviam do comportamento esperado e desafiam as estruturas de poder existentes, sobretudo a racionalidade biomédica. Durante a pandemia, tais contracondutas puderam garantir visibilidade social e imposição de um corpo político, diferente do mito da heroína ou da missionária que está em sacrifício pelo cuidado.
Em uma análise ampliada, tanto as imagens quanto os excertos levam à reflexão de que corpos disciplinados, agora corpos-resistência ou de luta, procuram na (re)significação de suas ações um entendimento para o sofrimento nas suas relações de trabalho. Reconhecer esse sofrimento implica em considerar que todo sujeito está inserido como ser social e político.
Os preceitos neoliberais de desempenho, assertividade, produção ininterrupta e capitalização de toda e qualquer relação potencializam a ansiedade do sujeito e culpabilizando a ideia de lazer e descanso28. A relação entre corpo e sofrimento é político e pode ser entendido como forma de resistência e luta contra a precarização da vida29. A política, como uma forma de construir alianças entre diferentes corpos e pautas, se torna fundamental para a composição de ações políticas, por meio da incitação de estratégias para reagir às precarizações da vida29.
Resistências: e a luta por direitos

Os integrantes do ato pediram a liberação do piso e disseram palavras de ordem, como “a enfermagem acordou”30.

Seguindo o percurso analítico as manifestações nas ruas se forjaram como reação diante de articulações da governamentalidade neoliberal com práticas necropolíticas em curso durante a pandemia no Brasil. Este eixo analítico irá tratar das resistências junto à luta em prol do piso salarial da Enfermagem e as contracondutas oriundas do descobrir-se um corpo que luta, que nomeia o sofrimento e que é, portanto, um corpo político.
A frase: “a enfermagem acordou”30 buscou posicionar um novo movimento frente ao lento processo de liberação do piso da Enfermagem no Brasil. Trata-se de uma disputa que, a partir de uma retrospectiva histórica, embasa-se no subfinanciamento do sistema público de saúde brasileiro. Isso pode ser constatado, no setor público, através da precarização do trabalho que se intensificou a partir da Emenda Constitucional (EC) nº 95, de 2016, que congelou por vinte anos os gastos públicos31. Esta EC tem limitado o investimento no setor saúde, fato que seguirá gerando precarização nesse setor, com a consequente insuficiência de material, escassez quantitativa e qualitativa de pessoal, degradação das relações de trabalho, baixos salários, vínculos empregatícios instáveis, perda de direitos trabalhistas e condições inadequadas que afetam não apenas a Enfermagem, mas também o campo da Saúde Coletiva e das políticas sociais como um todo.
A precarização laboral, atinge diretamente a saúde mental da Enfermagem, uma vez que a diminuta valorização profissional e baixa remuneração salarial interferem na segurança e desenvolvimento do cuidado prestado32. Ademais, a pandemia demandou o uso de tecnologias densas e de equipamentos em número cada vez maior, tornando o sistema de saúde incapaz de fornecer soluções rápidas, pois já vinha em situação de sucateamento progressivo.
A compreensão do sofrimento psíquico relacionado às condições sociais e políticas faz-se necessária. O sofrimento no neoliberalismo é uma forma de violência simbólica que se manifesta na pressão para que os indivíduos sejam produtivos e competitivos32. A resistência, nesse contexto, é entendida como forma de lutar contra essa imposição de produtividade e competitividade ao buscar outras formas de vida que não baseadas na lógica do mercado32.
É evidente que a instituição do piso salarial, sob a Lei n.º 14.434/2022, para enfermeiras, técnicas de enfermagem, auxiliares de enfermagem e para parteiras contratados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)33, foi parte de uma vitória na luta histórica da categoria da Enfermagem, que representa o maior contingente de trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) no país, com 2.726.744 profissionais atuando em diversas áreas da saúde33.
No entanto, antes mesmo de iniciar o pagamento do piso para as categorias, em 2022, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, suspendeu a Lei, alegando rombo orçamentário e solicitando que, em 60 dias, estados, municípios e o governo federal informassem os impactos para o país com a aplicação da Lei. Em matéria publicada no Portal G134, um grupo se manifestou, na Praça dos Três Poderes, contra tal decisão, fazendo uso de faixas que pediam a aplicação da medida:
Os manifestantes levaram cartazes com dizeres como "respeitem o piso", "minha dignidade não é inconstitucional" e "liberem o piso da enfermagem". Bandeiras de Pernambuco, balões de encher na cor preta e apitos também foram utilizados. Os integrantes do ato pediram a liberação do piso e disseram palavras de ordem, como "a enfermagem acordou"34.

A partir do momento crítico da pandemia, houve a exigência de maior logística, urgência na liberação de insumos e a assistência de cuidados de maior complexidade, gerando sobrecarga excessiva do sistema para o atendimento de milhares de pacientes infectados. Tal cenário fica explícito na fala das entrevistadas. Não há mais tolerância para a negociação do piso, uma vez que se trata da dignidade do exercício de uma profissão historicamente subvalorizada:

“Lutamos para [...] ter o fim dessa novela, que vem desde a suspensão do nosso piso sob a alegação da falta de recursos. Informaram que seria a emenda de relator, também chamada de orçamento secreto. Quando querem, aparece [o dinheiro], agora ficamos à mercê de emendas destinadas por parlamentares de maneira indireta. Entendemos que a conta não bate porque o dinheiro tem, mas falta vincular"34.

De acordo com reportagem da Folha de São Paulo de 202335, foi decretado pelo Fórum Nacional da Enfermagem, a data da paralisação nacional das enfermeiras, visando cobrar o pagamento do piso salarial. A decisão foi tomada após constatação que o custeio para o piso salarial não foi construído no prazo estipulado pelo Ministério da Saúde (MS). O esgotamento é presente e explícito nas falas:
Nós colocamos a resposta que o Ministério da Saúde e o Governo merecem: dia 14 de fevereiro a enfermagem brasileira vai mostrar a sua força nas ruas35.

E se até o dia 10 de março, não tiver tudo resolvido para o piso salarial digno chegar no contracheque da enfermagem brasileira, a enfermagem vai parar, decretou a coordenadora do Fórum35.

Frente a estes movimentos políticos, a Enfermagem se fortalece enquanto categoria política, resistente ao processo histórico de invisibilidades e apagamentos sociais. Na direção da luta por direitos, estes corpos promovem resistência a partir de um processo contínuo de desafiar e subverter estruturas de poder dispostas a precarizar as condições de trabalho. Há a importância da incorporação na resistência política uma vez que o corpo não é simplesmente um objeto passivo, mas um local ativo de contestação política29.
A precarização se apresentou na formação da força de trabalho de Enfermagem que, em meio à urgência de uma pandemia, viu-se convocada para a qualificação do seu enfrentamento em curto período. A fragilidade dos protocolos e fluxos para o controle efetivo de infecções e, o número insuficiente de equipe de Enfermagem treinada e capacitada para cuidar dos pacientes em condições graves de saúde, potencializaram a angústia destas profissionais.
Em agosto de 2023 o MS inicia o pagamento do piso da Enfermagem no país, para trabalhadoras dos setores público e privado, suspenso desde 202236.
Em 2025, a luta do piso salarial persiste, agora para conceder reajustes de valores e pela aprovação de redução da jornada de trabalho da Enfermagem, de 44h para 30h semanais. O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) indica que somente no Brasil a carga de trabalho é de 44h. Além disso, a OMS já emitiu parecer que o limite máximo de trabalho para esta categoria é de 30h semanais37.
Através da produtividade discursiva das reportagens analisadas entendemos que, para além de contornos políticos e ganhos sociais, os corpos que lutam podem ressignificar a nomeação de seu sofrimento, possibilitando outras condições de possibilidade de ser e viver a Enfermagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme a racionalidade neoliberal e suas disposições de governo se expandem é produzida uma adesão dos indivíduos à própria exploração. Como percebemos no decorrer das análises, a adesão das trabalhadoras a uma profunda exploração neoliberal precisa se ancorar em uma incessante valorização de si e na superação constante dos obstáculos necessários a mobilizar as dificuldades quanto a importância profissional. Tal aspecto é reforçado na medida em que são enaltecidas características referentes ao heroísmo das trabalhadoras.
Partindo-se da gradual destruição das condições de trabalho e, em um contexto pandêmico, expondo as articulações viscerais entre neoliberalismo autoritário e necropolítica, há efeitos, pós pandêmicos, sobre o corpo com consequências subjetivas. Sendo assim, procuramos explorar aspectos que se referem a qual tipo de subjetividade corresponde a uma necropolítica da precarização do trabalho a partir do neoliberalismo atual.
Torna-se necessário reconhecermos as condições de precarização da vida, das condições de trabalho e práticas necropolíticas, de modo que estados de sofrimentos são promulgados com uma adesão de profissionais que precisam, antes de olhar para o próprio sofrimento: sobreviver.
Como contraponto as práticas governamentais contemporâneas, emergem as resistências e contracondutas da Enfermagem, que se coloca como um corpo político, apontando caminhos possíveis para tensionar os efeitos da precarização do trabalho e das políticas de morte. Diante de tal cenário, novas pesquisas em torno das condições de trabalho da categoria, bem como as suas lutas históricas (delimitando condições de possibilidade e emergência de movimentos da categoria), podem atualizar as discussões em torno do processo de precarização, bem como, suas respectivas resistências e contracondutas.

REFERÊNCIAS

1. Kruse MHL. Enfermagem moderna: a ordem do cuidado. Rev Bras Enferm 2006; 59: 403-410.

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Dresch, LSC, Luiz, FF, Mattioni, FC, Rocha, CMF. CORPOS DA ENFERMAGEM EM LUTA: RESISTÊNCIAS E CONTRACONDUTAS PARA ALÉM DA PANDEMIA. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2025/jun). [Citado em 24/06/2025]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/corpos-da-enfermagem-em-luta-resistencias-e-contracondutas-para-alem-da-pandemia/19639?id=19639

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