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0346/2024 - Desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho e satisfação com a vida no Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)
Effort-reward imbalance at work and life satisfaction in the Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil)

Autor:

• Ivonice Meire do Carmo Gentil - Gentil, I.M.C - <meiregentil@yahoo.com.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3036-9741

Coautor(es):

• Karina Araújo Pinto - Pinto, K.A - <conceicao.almeida@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5199-7010

• Maria Conceição Chagas de Almeida - Almeida, M.C.C - <conceicao.almeida@fiocruz.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4760-4157

• Yukari Figueiroa Mise - Mise, Y.F - <yukarimise@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5273-1548

• Rosane Harter Griep - Griep, R.H - <rohgriep@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6250-2036

• Sheila Maria Alvim de Matos - Matos, S.M.A - <sheilaalvim@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2080-9213

• Maria de Jesus Mendes da Fonseca - Fonseca, M.J.M - <mariafonseca818@gmail.com>
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5319-5513

• Milena Maria Cordeiro de Almeida - de Almeida, M.M.C - <milena.cordeiro@ufba.br>
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8065-4298



Resumo:

O objetivo foi analisar a associação entre Desequilíbrio Esforço-Recompensa (DER) no trabalho e satisfação com a vida entre servidores públicos brasileiros. Método: Estudo transversal com 9.199 participantes ativos na segunda etapa (2012-2014) do ELSA-Brasil. Análises estratificadas por sexo foram feitas por meio da regressão logística, considerando nível de 5% de significância. Resultados: Mulheres e homens que referiram desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho apresentaram maior insatisfação com a vida (OR= 2,38; IC95%:1,93-2,93 e OR=2,01; IC95%:1,68-2,39, respectivamente) do que aqueles sem DER. Mulheres em nível funcional superior/docente apresentaram maior estimativa de associação entre DER e insatisfação com a vida (OR= 2,77; IC95%:1,90-4,04), quando comparadas a mulheres em nível funcional apoio/médio (OR 1,71; IC95%:1,38- 2,12). Conclusão: Os estressores ocupacionais, aferidos pelo DER, estiveram associados à insatisfação com a vida em servidores públicos de ambos os sexos. O nível funcional foi modificador de efeito para a associação DER e satisfação com a vida entre mulheres, o que pode estar relacionado ao esforço para redução das desigualdades de gênero no trabalho através da necessidade da maior escolarização e qualificação para entrada e permanência no mercado de trabalho.

Palavras-chave:

Estresse ocupacional; Satisfação pessoal; Saúde do trabalhador.

Abstract:

The objective was to analyze the association between Effort-Reward Imbalance (ERI) at work and life satisfaction among Brazilian public servants. Method: Cross-sectional study with 9,199 active participants in the second stage (2012-2014) of ELSA-Brazil. Analyzes stratified by sex were carried out using logistic regression, considering a 5% significance level. Results: Women and men who reported effort-reward imbalance at work had greater dissatisfaction with life (OR=2.38; 95%CI: 1.93-2.93 and OR=2.01; 95%CI: 1.68- 2.39, respectively) than those without ERI. Women at a higher/teaching level presented a higher estimate of association between ERI and dissatisfaction with life (OR= 2.77; 95%CI: 1.90-4.04), when compared to women at a support/medium functional level (OR 1.71; 95%CI: 1.38- 2.12). Conclusion: Occupational stressors, measured by the ERI, were associated with dissatisfaction with life in public servants of both sexes. Functional level was an effect modifier for the association between ERI and life satisfaction among women, which may be related to the effort to reduce gender inequalities at work through the need for greater education and qualifications to enter and remain in the job market.

Keywords:

Occupational stress; Personal satisfaction; Worker\'s health

Conteúdo:

INTRODUÇÃO
Condições desfavoráveis que trabalhadoras e trabalhadores vivenciam em seus processos de trabalho, como baixo apoio de chefes e colegas, longas jornadas de trabalho, falta de reconhecimento profissional e oportunidades limitadas são preditores comuns para o esgotamento e estresse ocupacional.1 Além disso, homens e mulheres vivenciam os estressores ocupacionais de modo diferente, o que pode afetar o desempenho e a satisfação no trabalho, a qualidade de vida e produzir sintomas físicos e emocionais.2,3
A literatura científica aponta que o alto nível de estresse no trabalho pode tornar o trabalhador pouco saudável, desmotivado e inseguro para desempenhar suas atividades.4 Exposição sustentada a esses fatores, além de afetar a saúde, também pode contribuir para inatividade física, distúrbios de sono, fadiga, que, por sua vez, têm sido associados com hipertensão, diabetes e transtornos mentais.1,5
Hsu e colaboradores6 discutem como o estresse ocupacional atua como mecanismo nas ligações entre jornada de trabalho e equilíbrio entre a vida profissional e satisfação com o trabalho. De acordo com os autores, os problemas do estresse ocupacional parecem ter muitas ramificações prejudiciais para o bem-estar da vida profissional e interferem negativamente na satisfação com a vida e trabalho.
Estudos que analisaram a relação entre gênero e trabalho apontaram que mulheres estão mais frequentemente submetidas a situações de conflitos entre demanda de trabalho e família, bem como ao esgotamento físico e mental relacionados a esses conflitos, quando comparadas aos homens.7,8 Algumas pesquisas evidenciaram que em países onde tem maior equidade de gênero no mercado do trabalho, as mulheres reportaram estarem mais satisfeitas com a vida.9,10. Entende-se que as diferenças de gênero ainda permeiam todos os papéis desempenhados por mulheres e homens e, historicamente, de maneira menos favorável para as mulheres quando se trata ao acesso a posições de maior responsabilidade e hierarquia dentro das organizações.11
Levando-se em conta os achados da literatura e a importância de conhecer a relação dinâmica entre trabalho e satisfação com a vida entre mulheres e homens, na perspectiva de que a essa satisfação se configura como um indicador mais amplo relacionado à saúde física e mental. De maneira complementar, são poucos os estudos que analisaram a associação entre os estressores ocupacionais e a satisfação com a vida, as diferenças dessa relação entre trabalhadores de sexo diferentes, e em condições diversas de processos de trabalho. Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar a associação entre Desequilíbrio Esforço-Recompensa (DER) no trabalho e satisfação com a vida entre servidores públicos brasileiros.
Desenho e população do estudo
Estudo transversal realizado com dados oriundos da segunda etapa de avaliação presencial dos participantes (onda 2) do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), (2012-2014). A coorte ELSA-Brasil é um estudo multicêntrico e prospectivo, em andamento, que envolve seis instituições públicas de ensino superior e de pesquisa do país: Universidade Federal da Bahia, Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Fundação Oswaldo Cruz. Trata-se uma coorte fechada que na linha de base (2008-2010) foi constituída por 15.105 servidores públicos ativos e aposentados, de ambos os sexos e com idade entre 35 e 74 anos, representantes dos três segmentos funcionais das instituições: docentes, técnicos administrativos e apoio.
Os principais objetivos da coorte são investigar a incidência e a progressão do diabetes e doenças cardiovasculares, bem como, os fatores biológicos, comportamentais, ambientais, ocupacionais, psicológicos e sociais.12 Anualmente, após a linha de base, tem sido realizado o monitoramento remoto da saúde dos participantes e a cada três anos são repetidos os exames e entrevistas.
Os exames clínicos e entrevistas da coorte são todos realizados com equipamentos, formulários e questionários padronizados, aplicados por equipe treinadas(os) para executar o protocolo do estudo. Estratégias de controle de qualidade dos dados coletados e informações mais detalhadas encontram-se em publicações pregressas sobre os aspectos metodológicos da pesquisa.12-14

População do Estudo
Da população de servidores públicos ativos da onda 2 (n=14.104), foram excluídos 1.175 aposentados e 98 participantes que saíram da instituição, a população foi composta por 10.034 participantes. Desta, foram excluídas as observações com dados faltantes nas variáveis por possíveis perdas de informações e questionários incompletos: 485 para DER; 13 para satisfação com a vida; 232 pessoas que referiram raça/cor amarela e 98 pessoas indígenas, devido ao pequeno número dessas e inviabilidade de agregá-las como categoria própria para regressão ou dentro das outras categorias de análise de raça/cor; 7 observações de situação conjugal declarada como outros. A amostra final compreendeu 9.199 trabalhadores (4746 mulheres e 4453 homens).
Coleta de dados
A coleta de dados da segunda etapa do estudo (2012-2014) da coorte foi realizada após a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e posterior assinatura do participante. Todos os exames e as entrevistas face-a-face foram realizadas em cada centro de investigação ELSA-Brasil, montados exclusivamente para essa finalidade e tiveram duração de aproximadamente cinco horas. Para este estudo foram selecionados dados que deram origem às variáveis de exposição e desfecho e às variáveis de interesse, inseridas nas análises.
Variável de Exposição: Desequilíbrio esforço-recompensa
Utilizou-se a versão brasileira14 da escala proposta por Siegrist (1996) para o desequilíbrio esforço-recompensa e excesso de comprometimento (DER). O modelo original tem 23 itens distribuídos em três escalas: esforço (6), recompensa(11) e comprometimento excessivo(6).14-15 A escala original foi adaptada sendo excluído um item da escala de recompensa sobre estabilidade no emprego, visto que a população do ELSA-Brasil é composta por servidores públicos, com vínculo considerado estável. Essa modificação foi autorizada pelo próprio autor da escala original.16 Sendo assim, os 22 itens da escala aplicada no ELSA-Brasil estão distribuídos em: componentes extrínsecos: esforço (6), e recompensa (10), além de um componente intrínseco, o Comprometimento excessivo (6)14,16. As respostas foram obtidas conforme a versão original, utilizando escala de resposta do tipo Likert com pontuação variando de um a quatro (Discordo totalmente, Discordo, Concordo, Concordo totalmente).
Para cada um dos componentes da escala, foi realizado o cálculo com o somatório das respostas de acordo com a pontuação: Esforço, Recompensa e Comprometimento excessivo. No cômputo de cada um destes, valores mais altos refletem maior esforço, maior recompensa e comprometimento excessivo.
Foi construída uma razão para cada participante utilizando a fórmula e/(r*c), em que “e” é o escore obtido pelas respostas sobre esforço, “r” é o escore obtido pela soma das respostas sobre recompensa e “c” é um fator de correção (0,6), considerando o número de itens do numerador (esforço) comparado ao denominador (recompensa) (6/10).17 Resultados obtidos da razão Esforço/Recompensa menores ou iguais a 1,0 (um) representam situação considerada como "equilíbrio", e os resultados desta razão maiores do que 1,0 refletem esforço desproporcional diante da recompensa, representando o "desequilíbrio esforço-recompensa"18 propriamente dito. Quanto maior for a razão Esforço/Recompensa, maior será a falta de reciprocidade, conforme os pressupostos do modelo. Sendo assim, todas as razões cujo cálculo desta fórmula se apresentaram acima de 1,0, foram classificados em "Desequilíbrio Esforço-Recompensa" na composição da variável de exposição deste estudo.

Variável de desfecho: Satisfação com a vida
A escala Satisfaction with Life Scale (SWLS) é um instrumento desenvolvido para avaliar o julgamento cognitivo de um indivíduo sobre sua satisfação com a vida em geral. Desde sua origem, em 1985, foi adaptada e traduzida para diversos idiomas, incluindo o português do Brasil. Trata-se de um questionário de simples aplicação, composto por cinco declarações: “1. A vida está próxima do ideal”; “2. Condições de vida excelentes”; “3. Está satisfeito com vida”; “4. Até agora conseguiu o que quer”; “5. Não mudaria nada na vida”. Os participantes são convidados a julgar como se sentem sobre cada uma das declarações usando um sistema de pontuação com 7 opções de respostas: concordo totalmente (1), concordo (2), concordo (3) parcialmente, não concordo nem discordo (4), discordo parcialmente (5), discordo (6) e discordo totalmente (7). Entretanto, para a análise foi realizada uma inversão no peso nas respostas da escala likert, seguindo o padrão da escala original que varia de 1 a 7, seguindo a seguinte ordem: 1-Discordo totalmente; 2-Discordo; 3-Discordo parcialmente; 4-Não concordo nem discordo; 5-Concordo parcialmente; 6-Concordo; 7-Concordo totalmente. O escore total a ser obtido com a soma das respostas às perguntas variam de 5 a 35 e, quanto maior a pontuação, maior a satisfação com a vida. Após a soma das respostas, a variável satisfação com a vida foi dicotomizada como satisfeito = escore maior ou igual a 20, e Insatisfeito = escore menor que 20.19





COVARIÁVEIS
Covariáveis sociodemográficas
O gênero foi a variável de estratificação fundamental, categorizado como “mulheres” e “homens”. As covariáveis sociodemográficas foram dicotomizadas seguindo a codificação: idade (1= 38 a 50 anos, 0=51 a 60 anos), escolaridade (1= médio e fundamental e 0= superior completo até a pós-graduação), raça/cor (1= Preto/pardo e 0= branco), excluindo indígena e amarelo. Situação conjugal (1= não unido e 0= unido) e filhos (1= sim e 0= não).
Covariáveis relacionadas com a saúde
Autoavaliação da saúde, foi construída a partir da pergunta: “De um modo geral, em comparação a pessoas da sua idade, como o(a) senhor(a) considera o seu estado de saúde?” Esta foi dicotomizada em boa (0= muito bom e bom) e regular / ruim (1= regular, ruim e muito ruim). Outras covariáveis foram: atividade física (1= inativo e 0= ativo) e sono (1= < 8h e 0=?8h). A variável atividade física foi constituída a partir da aplicação do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão longa, que contempla (dois domínios) o tipo de atividade e sua intensidade, e cujas respostas foram dicotomizadas inativo e ativo (menos de 75 minutos de atividade física vigorosa por semana; menos de 150 minutos de atividade física moderada).20
Covariável do trabalho
A variável de domínio do trabalho constituída a partir da carga horária semanal de trabalho, engloba as horas trabalhadas em qualquer atividade remunerada, sendo dicotomizada em 0 = até 40 horas/semana e 1= mais de 40 horas/semana. A renda foi dicotomizada em 1= até quatro salários mínimos (SM) e 0 = maior que quatro SM (considerado o valor do salário mínimo na ocasião da coleta e estratificado de acordo sua distribuição através da mediana), e a categoria ocupacional em 1= superior/docente e 0 =apoio/médio. A categoria ocupacional foi dividida nesses dois grupos considerando o nível funcional que o profissional exerce.


ANÁLISE DE DADOS
Na análise descritiva, foram calculadas as frequências absolutas e relativas para cada covariável do estudo, segundo categorias da variável de estratificação fundamental. As diferenças entre proporções foram testadas com o uso do teste qui-quadrado de Pearson apresentando a distribuição de frequências das variáveis de exposição e desfecho e todas as covariáveis, sendo considerado o valor de p<0,05 para significância estatística das diferenças observadas entre os estratos. Os resultados foram apresentados em tabelas.
Foi realizado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov para verificar a distribuição das variáveis e assimetria. Potenciais variáveis confundidoras e modificadoras de efeitos foram analisadas antes da entrada nos modelos, a partir da análise das associações brutas e ajustadas entre todas as covariáveis com a variável desfecho e com a de exposição.
A medida da Odds Ratio (OR) com IC 95% foi calculada por meio de regressão logística, utilizando-se a estratégia backward. A OR foi utilizada como um proxy da Razão de prevalência (RP), porque o desfecho estudado, insatisfação com a vida é de baixa prevalência (até 10%), sem provocar grandes distorções da estimativa. Considerou-se como variáveis modificadoras de efeito aquelas que apresentaram resultados estatisticamente significante ao ser aplicado o teste da razão da máxima verossimilhança (TRMV), com base nas comparações entre o modelo saturado e reduzido, nos quais os termos produtos relativos a cada covariável potencial modificadora de efeito foram retiradas do modelo. Foram consideradas variáveis de confusão aquelas que, quando retiradas do modelo, causavam alteração igual ou superior a 20% na medida pontual de associação entre exposição principal (Desequilíbrio esforço-recompensa) e desfecho (satisfação com a vida). Adicionalmente, a despeito da distorção na OR, algumas variáveis foram consideradas variáveis de ajuste utilizando como critério evidências observadas na literatura para composição do modelo final. A elegibilidade para manutenção das variáveis nos modelos finais foi considerada quando o intervalo de confiança dos estratos foi distinto entre si e significante estatisticamente. As análises estatísticas foram realizadas com o software Stata, versão 12.



ASPECTOS ÉTICOS
O estudo obteve aprovação no Comitê Nacional de Ética em Pesquisa, protocolo de estudo (CEP/ISC) 027-06 CAEE – 0017.1.0690009-06) aprovado em 26 de maio de 2006 (CONEP), além da aprovação em comitês locais de ética em pesquisa, em cada uma das cidades onde está sendo conduzida a pesquisa.
RESULTADOS
A população estudada foi composta por 9.199 servidores públicos, 51,6% mulheres e 48,4% homens. A maioria das(os) participantes estavam na faixa etária de 51 anos ou mais (54,6% das mulheres, 57,6% dos homens), raça/cor branca (51,0% das mulheres e 51,0% dos homens) e com escolaridade até ou igual a nível superior (62,7% das mulheres e 54,0% dos homens). Para a situação conjugal, 55,0% das mulheres estava casada e 77,7% com filhos, e entre os homens, 80,5% estavam casados e 85,5% com filhos (Tabela 1).
Dentre os fatores relacionados ao trabalho, observa-se que a maioria das(os) trabalhadores era de apoio/técnico administrativo (66,1% mulheres e 66,7% homens,) com carga horária de trabalho menor de 40h entre mulheres (54,4%) e maior que 40h entre homens (53,2%) dos homens. Para o excesso de comprometimento, mulheres apresentaram uma frequência discretamente superior (43,8%) à dos homens (42,7%). Quanto à satisfação com a vida, observou-se que alto percentual (89,1%) de mulheres referiram estar satisfeitas, e também de homens (91,5%) (Tabela 1).
Nas variáveis relacionadas à saúde, observa-se que a maioria das mulheres (86,4%) e dos homens (88,0%) consideram o seu estado de saúde muito bom. Em relação ao sono, 77,4% das mulheres referiram dormir menos de oito horas e 79,4% dos homens referiram o mesmo. Mais mulheres referem inatividade física (65,3%), quando comparadas aos homens (53,6%) (Tabela 1).

Tab.1

Mulheres apresentaram maiores proporções de desequilíbrio esforço-recompensa (DER) em comparação aos homens (24,4% e 20,6% respectivamente) e, dentre as pessoas classificadas como em Desequilíblio Esforço Recomensa, o excesso de comprometimento foi de 41,7% entre as mulheres e 35,5% entre os homens. Para mulheres e homens, o DER foi mais frequente para as categorias, respectivamente: de 38 a 50 anos (26,9% e 22,9%), com maior escolaridade (26,5% e 22,9%), sem filhos (28,8% e 27,0%), com nível funcional superior/docente (27,7% e 23,1%), com mais de 40h semanais de trabalho (33,8% e 26,2%), pior autopercepção de saúde (32,5% e 26,8%) e duração do sono menor que oito horas (25,5% e 21,3%) (Tabela 2).

Tab.2

Insatisfação com a vida foi referida por mais mulheres (13,4%) do que homens (10,2%) e um maior percentual de pessoas insatisfeitas foi observado dentre aqueles que tinham entre 38 a 50 anos (14,4% e 11,9%), eram solteiras(os) (16,9% e 15,2%), com menor nível funcional apoio/médio (16,2% e 11,7%) e com pior autopercepção de saúde (28,2% e 21,0%), respectivamente para mulheres e homens. Mulheres que se declararam pretas/pardas (16,1%), com escolaridade até o ensino médio (17,4%) e que trabalhavam até 40h por semana (14,4%) revelaram maior insatisfação com a vida. Entre os homens, a maior insatisfação com a vida foi referida entre os que se declaram pretos/pardos (10,9%), com escolaridade até o ensino médio (10,9%) e que trabalhavam acima de 40h por semana (10,3%) e renda familiar líquida menor do que 4 salários mínimos (SM) (Tabela 3).

Tab.3

Ao selecionar as covariáveis para inclusão nos modelos de regressão logística de associação do desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho e satisfação com a vida, a variável categoria funcional foi identificada como modificador de efeito para as mulheres. Portanto, para este grupo a estratificação foi feita em função dessa variável.
Na análise da associação entre desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho e insatisfação com a vida, mulheres com desequilíbrio esforço recompensa no trabalho apresentaram uma OR superior na associação com insatisfação com a vida (OR=2,01; IC95%: 1,68-2,39) em comparação com aquelas que não apresentaram DER no trabalho. Após ajuste para as covariáveis renda, estado de saúde e atividade física, para mulheres com nível funcional superior/docente, a OR foi de 2,77 (IC95%:1,90-4,04). Para as mulheres com categoria ocupacional apoio/técnico administrativo, após ajuste das covariáveis idade, renda, estado de saúde, sono, situação conjugal, atividade física, a OR foi de 1,71 (IC95%:1,38-2,12) (Tabela 4).


Tab.4

No grupo dos homens não foi encontrado modificador de efeito principal. A análise da associação entre os que referiram desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho apresentou mais chance de insatisfação com a vida (OR= 2,38; IC95%:1,93-2,93) quando comparados aos homens sem DER no trabalho. Na análise após ajuste para as covariáveis idade, renda, estado de saúde e situação conjugal, a OR foi igual a 2,23 (IC95%: 1,80- 2,76) (Tabela 5).

Tab.5

DISCUSSÃO
Os resultados do presente estudo confirmaram associação entre o desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho e satisfação com a vida entre mulheres e homens brasileiros trabalhadores do setor público (ELSA-Brasil). Entre os homens, a chance de insatisfação com a vida foi maior para aqueles cujo trabalho foi percebido em desequilíbrio quanto ao alto esforço empregado e a baixa recompensa recebida. No grupo das mulheres, trabalhadoras que referiram desequilíbrio entre esforço e recompensa no trabalho apresentaram maior chance de estarem insatisfeitas com a vida, com a intensidade desta associação mais fortemente evidenciada naquelas com nível funcional superior/docente.
Esses resultados corroboram com a literatura que discute a interação entre satisfação com a vida e na carreira, na perspectiva de influência recíproca21 e os efeitos do estresse como potencializador de outras implicações para a saúde, principalmente para aqueles expostos a um ambiente de trabalho estressante, que podem experimentar uma vida menos satisfatória e saudável.18
A associação entre DER no trabalho e estar insatisfeito com a vida foi maior entre os homens do que entre as mulheres. Tal resultado pode ser explicado, em parte, por argumentos presentes na literatura como o fato de que ter um trabalho exigente, ou com alto nível de estresse sem nenhuma perspectiva de recompensa, pode gerar sentimento de frustração e/ou comportamentos negativos à saúde, como maior consumo de álcool, inatividade física e distúrbio do sono entre os homens.22-24
Maior proporção de DER no trabalho foi observada entre as mulheres neste estudo. Achados semelhantes foram vistos por Souza e colaboradores (2019), que identificaram que o DER esteve associado à insatisfação com o trabalho entre as mulheres, evidenciando que ter baixo controle sobre o trabalho em relação aos aspectos psicossociais com baixo suporte social expõe as trabalhadoras a cargas psicológicas frequentes, aumentando a exaustão emocional e problemas de saúde.
Entre mulheres e homens, o desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho foi evidenciado em maior proporção nos grupos mais jovens, com maior escolaridade, sem filhos, em nível funcional superior/docente, com maior carga horária de trabalho, com excesso de comprometimento, com pior percepção do seu estado de saúde e menos horas de sono por noite. Destaca-se que entre as mulheres, a maior proporção de DER no trabalho foi observada para aquelas com excesso de comprometimento. Há registros na literatura de que o comprometimento excessivo causa danos maiores para adoecimentos entre as mulheres, principalmente para aquelas com maiores percentuais de baixo controle, alto esforço e baixa recompensa no trabalho.25
No estudo de Jonge e colaboradores26, o desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho foi identificado como fator de risco para pior autoavaliação de saúde entre trabalhadores e trabalhadoras. Outra pesquisa identificou que alto nível de compromisso (necessidade de estima e aprovação) sem reciprocidade no trabalho pode impactar em problemas de saúde.27 Na literatura também há resultados de pesquisas reforçando que a exposição de alto desequilíbrio esforço- recompensa com supercomprometimento no trabalho, associados à falta de atividade física, instabilidade no sono e uso contínuo de medicamentos, aumentou a probabilidade para péssima autoavaliação de saúde e adoecimentos.28
Quanto à satisfação com a vida, mulheres e homens com nível funcional apoio/médio, com menor renda e com excesso de comprometimento no trabalho relataram estar insatisfeitas(os) com a vida. Erdogan e colaboradores29 evidenciam que alguns estressores do trabalho podem ser vistos como um obstáculo à satisfação com a vida para trabalhadores com sobrecarga de trabalho, mal remunerados e com vários empregos e pode ser visto como um desafio positivo entre os profissionais bem remunerados.
Em outros estudos, os investigadores também encontraram que as pessoas com menos recursos e oportunidades de trabalho são menos sucedidas em atingir metas pessoais e, portanto, são mais infelizes e menos satisfeitas do que as pessoas com mais recursos e oportunidades.30
Esses resultados podem ser explicados a partir do entendimento de que a satisfação com o salário é uma parte importante do domínio do trabalho, além de satisfazer as necessidades financeiras, interpessoais, de poder e status, o trabalho também permite oportunidades para crescimento.29 No entanto, quando as(os) trabalhadoras(os) são mal remuneradas(os) mediante seu esforço, tal situação pode influenciar negativamente seu desempenho no trabalho e seu bem estar.29 Os resultados reiteram estudos pregressos, evidenciando que trabalhadores com posição socioeconômica mais baixa relataram maior DER no trabalho, sofrem com as consequências negativas para saúde em consequência dessa exposição.22
Os achados deste estudo também apontam que mulheres e homens que estão insatisfeitas(os) com a vida relataram autoavaliação da saúde ruim. Outros estudos, também encontraram diferenças de gênero nas relações dos processos do trabalho e saúde, evidenciando que tanto a saúde dos homens (exaustão emocional), quanto a saúde entre as mulheres (autoavaliação ruim e exaustão emocional) é influenciada pelo desequilíbrio entre vida pessoal e profissional.27,31
Quanto à atividade física entre mulheres e homens, uma maior proporção de mulheres era fisicamente inativa e insatisfeita com a vida. Uma possível explicação para esse achado é que estresse no trabalho pode resultar em fadiga, bem como passividade e apatia geral, que podem interferir para o lazer e impedir a implementação de intenções de exercício, aumentando a probabilidade de inatividade física no lazer.32
Corroborando com os achados, Oshio e colaboradores5 apontam que estresse no trabalho como consequência do desequilíbrio esforço-recompensa esteve associado ao aumento do risco de inatividade física no lazer entre os trabalhadores. Nessa perspectiva é importante considerar os desafios enfrentados pelas mulheres principalmente devido à divisão desigual do trabalho (remunerado e não remunerado) diante da complexa rede de responsabilidades doméstica, familiar e profissional.11,33 Desempenhar diariamente uma jornada tripla de trabalho não é uma tarefa simples, pois a combinação de sentimentos que as mulheres têm em relação às diferentes cobranças impostas pela família e sociedade pode causar sentimento de culpa nas mulheres e ser potencializador para sofrimento e estresse emocional.33,34
Esse resultado pode ser explicado pelos papéis sociais e familiares diferenciados que mulheres e homens exercem, influenciados pela cultura e organização social. Para mulheres essa tripla jornada de trabalho pode influenciar em menor disponibilidade de tempo para cuidar da própria saúde e de oportunidades para atividades de lazer.35,36,1
Outros estudos, ao analisarem a jornada do trabalho profissional com atividade doméstica e cuidado com os filhos, observaram que as mulheres são mais demandadas quanto ao uso do seu tempo do que os homens e são mais propensas a serem mães solteiras e cuidadoras dos próprios pais idosos, e tais condições são fatores de risco para adoecimento.37-39
Neste estudo, os resultados demonstraram que entre as mulheres trabalhadoras com nível funcional superior/docente as chances foram maiores para o desequilíbrio entre a percepção do alto esforço empregado e a baixa recompensa recebida no trabalho e menor satisfação com a vida, do que aquelas com nível funcional apoio/médio. Entretanto, como o estudo foi realizado com servidoras(es) de instituições de pesquisa e ensino universitário o ambiente de trabalho e posições ocupadas por quem possui maior escolaridade podem envolver maior controle e ao mesmo tempo, uma alta demanda do trabalho com jornada semanal mais longa, com limites menos definidos entre as esferas privada e pública.40
O nível funcional possui um efeito modificador na associação investigada com significância estatística entre as mulheres. A literatura aponta que apesar do aumento da inserção feminina no trabalho remunerado, essas ainda vivenciam cenários de discriminação de gênero e autoridade desigual que são reflexos de uma cultura e ideologia patriarcais.33 Nesse contexto desafiador, enfrentado pelas mulheres que ocupam cargos e posições de trabalho mais complexos e estão mais expostas às pressões e preconceitos relativos ao gênero, ainda permeia na sociedade para inserção e construção de suas carreiras. A situação pode se potencializar devido à crescente demanda por qualificação, atributo corriqueiro entre as mulheres com nível de escolaridade maior que estão inseridas no ambiente de trabalho das universidades e instituições de pesquisa. Essas trabalhadoras cumprem, muitas vezes, três jornadas de trabalho profissional, doméstica e educacional.34
Mulheres que ocupam cargos de trabalho com nível superior apresentaram altos DER, o mesmo foi encontrado em um estudo com funcionários públicos em Taiwan entre as mulheres que relataram exposição aos níveis de estresse mais alto no trabalho do que entre os homens.41 Resultados semelhantes foram registrados por investigadores que encontraram que fatores psicossociais adversos do trabalho, tais como altas demandas de trabalho, podem ser fator de risco para resultados de saúde, incluindo autopercepção da saúde ruim entre as mulheres.42
Outro estudo, também com participantes da coorte ELSA-Brasil, apontou que falta de tempo para lazer e cuidados pessoais está associada à maior prevalência para conflito entre trabalho e família em mulheres, quando comparadas aos homens. Mulheres com escolaridade de nível superior também tiveram maiores chances para pior estado de saúde, quando comparadas a mulheres com menor escolaridade.43
As mulheres que exerciam funções de nível apoio/médio também apresentaram associação entre desequilíbrio esforço recompensa e insatisfação com a vida. Achados entre mulheres com exposição aos estressores do trabalho, apontou alto sofrimento psicológico e baixa autoestima, devido a ter baixa autoridade e menos oportunidades de influenciar no processo de tomada de decisão no ambiente de trabalho do que entre os homens.37
A associação principal encontrada nesse estudo reforça a relevância do debate sobre os estressores do trabalho e a insatisfação com a vida entre mulheres e homens nos tempos modernos, onde as organizações vivem em um ambiente globalizado e competitivo e a busca por resultados exige cada vez mais das(os) trabalhadoras(es) a capacidade de suportar cobranças e viver constantemente sob pressão. Devido às limitações inerentes a um estudo transversal, que impossibilita estabelecer a sequência temporal dos eventos, possíveis hipóteses de causalidade entre as variáveis poderão ser testadas em análises futuras na população da coorte ELSA-Brasil.
Ressalta-se que os dados deste estudo são oriundos de uma coorte de trabalhadores de instituições públicas brasileiras e apesar de ter participantes de diferentes regiões do país, temos que ter parcimônia na interpretação desses resultados, pois pode não representar a população geral. Trata-se de homens e de mulheres que foram selecionados, muitos deles, por concursos públicos e são recompensados com relativa estabilidade no emprego, com mesmos planos de cargos e salários, o que, teoricamente, os colocam na mesma condição para trilharem as suas carreiras. Entretanto, ainda há desigualdade no que refere à ocupação de cargos de chefia e coordenação, principalmente para as mulheres devido ao conflito trabalho-família, estabelecido a partir da dificuldade em conciliar as demandas do trabalho remunerado e do trabalho de cuidado da família.
CONCLUSÃO
Os resultados apontaram que o estresse ocupacional, aferido pelo desequilíbrio esforço-recompensa, esteve associado à insatisfação com a vida entre mulheres e homens servidores públicos no Brasil. Mudanças nas relações de trabalho devem ser repensadas para promover maior uso das habilidades individuais e maior promoção de autonomia para as tomadas de decisão no trabalho, a fim de minimizar os estressores ocupacionais. Embora o nível funcional explique em parte da associação de interesse entre as mulheres, que vem conquistando espaços que antes eram ocupados por homens, o olhar de gênero, sobre a interpretação dos resultados, evidencia que a crescente e intensa busca por escolarização e qualificação das mulheres como estratégias para entrada no mercado de trabalho e esforço para minimizar as desigualdades de gênero geram estresse ocupacional e insatisfação com a vida.
Nesta perspectiva, a promoção de estratégias voltadas para melhoria das condições de trabalho é fundamental e poderá trazer impactos positivos sobre a saúde e bem estar das mulheres. O contexto atual de mudanças nos processos e ambiente de trabalho evidencia a importância de mais estudos sobre a temática, esses são fundamentais e relevantes para o Brasil, uma vez que podem influenciar nas políticas públicas para desenvolver estratégias com objetivo de mitigar os efeitos do estresse ocupacional. Faz-se necessária uma abordagem sobre as discussões sobre equidade de gênero no mercado de trabalho, além da compreensão dos diferentes estressores do trabalho que afetam a experiência de satisfação com a vida para diferentes tipos de trabalhadores, considerando que passamos maior parte dos nossos dias trabalhando, sendo essencial entender a interface entre trabalho e satisfação com a vida.
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Gentil, I.M.C, Pinto, K.A, Almeida, M.C.C, Mise, Y.F, Griep, R.H, Matos, S.M.A, Fonseca, M.J.M, de Almeida, M.M.C. Desequilíbrio esforço-recompensa no trabalho e satisfação com a vida no Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil). Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/Out). [Citado em 18/10/2024]. Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/desequilibrio-esforcorecompensa-no-trabalho-e-satisfacao-com-a-vida-no-estudo-longitudinal-da-saude-do-adulto-elsabrasil/19394?id=19394&id=19394

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