0900/2010 - Narrativas de violências praticadas por parceiros íntimos contra mulheres
Narratives of intimate partner violence against women
Autor:
• Leides Barroso Azevedo Moura - Moura, L.B.A - Brasilia, DF - Universidade de Brasilia - <lmoura@unb.br>Área Temática:
Não CategorizadoResumo:
Foi realizada uma pesquisa com mulheres de 15 a 49 anos moradoras de uma área de vulnerabilidade social da capital brasileira para conhecer os discursos femininos sobre suas vivências de violências praticadas por parceiros íntimos. O estudo utilizou uma abordagem qualitativa e técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. 195 mulheres narraram, durante entrevistas face a face realizadas em seus domicílios no período de fevereiro a julho de 2007, episódios de violências sofridas ao longo da vida. As narrativas das entrevistadas geraram 32 Discursos do Sujeito Coletivo que foram construídos a partir de 395 expressões-chaves agrupadas em sete blocos temáticos: i) Engenharia das VPIs (N = 114; 58,5%); ii) Histórias de estupro de vulneráveis (N = 77; 39,5%); iii) Violências silenciosas ou silenciadas (N = 43; 22%); iv) Anos potenciais de vida sofrida (N = 43; 22%); v) Um novo tempo... apesar dos pesares (N = 39; 20%); vi) E por falar em violências (N = 35; 18%); vii) A violência é uma linguagem (N = 34; 17,4%). Três discursos do bloco de maior prevalência, intitulado “A engenharia das VPIs”, são apresentados integralmente neste trabalho. As narrativas das violências reveladas neste estudo mostram a intensidade da vulnerabilidade e das agressões sofridas pelas mulheres e a existência de múltiplas dinâmicas violentas nos relacionamentos íntimo-afetivos.PALAVRAS-CHAVE: Violências Baseadas em Gênero, Violências por Parceiros Íntimos, Discurso do Sujeito Coletivo.
Abstract:
Narratives of intimate partner violence against womenThis qualitative research aimed to investigate the women’s lifetime experience of violence perpetrated by intimate partners. 195 women aged 15 to 49 living in an economically vulnerable area of Brazil’s capital were interviewed. The study adopted a technique called Discourse of the Collective Subject, which is based on the Theory of Social Representation. Thirty two women’s discourses were grouped by similar narratives of violence following the recommended DCSs technique. These discourses were organized into seven major categories, which synthesize their central ideas. The most prevalent discourse was the Engineering of Intimate Partner Violence, with eight discourses where 114 women (58,5% of the key expressions) described what they perceived as the building elements of violence. Other discourses were: Child Abuse Histories, with 77 key expressions (39,5%), Silent violence or silenced violence, with 43 key expressions (21%), Women’s Years of Potential Life Suffering, which also had 43 key expressions (21%), Now is a new time despite the sorrow (N = 39; 20%), Talking about violence ( N = 35; 18%), and Violence is a language (N = 34; 17,4%). The study shows the multiple forms of violence against women committed by intimate partners, who deny the women’s condition of “subject of rights” in intimate relationships.