0332/2024 - QUALIDADE DO CUIDADO PRÉ-NATAL E PARTO NO BRASIL: COMPARAÇÃO ENTRE A PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DE 2013 E 2019 QUALITY OF ANTENATAL CARE AND PARTURITION IN BRAZIL: COMPARISON BETWEEN THE 2013 AND 2019 NATIONAL HEALTH SURVEYS
Objetivo: Estimar a prevalência e comparar indicadores de qualidade do pré-natal e parto das mulheres brasileiras. Método: Estudo transversal com dados secundários, públicos e representativos da população brasileira. Foram consideradas mulheres de 18-49 anos respondentes da Pesquisa Nacional de Saúde. Estimadas a prevalência dos indicadores com os intervalos de 95% de confiança, considerados para avaliar as diferenças entre 2013 e 2019. Resultados: Em ambos os períodos foi observada alta cobertura do pré-natal (>95%), predominantemente realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (>70%). Houve aumento na prevalência de informação sobre o serviço de referência para o parto (75,1% para 83,2%) e realização do exame de sífilis (66,4% para 79,8%), embora a prevalência ainda seja inferior ao ideal. A maioria das mulheres pariu pelo SUS (70%) e o principal profissional envolvido no parto foi o médico (87%). A presença de acompanhantes no parto triplicou nos anos avaliados, porém as taxas de cesárea permanecem elevadas. Conclusão: Houve avanços na assistência ao pré-natal e parto no Brasil nos dois períodos avaliados. No entanto, desafios permanecem, principalmente no diagnóstico e tratamento da Sífilis, inclusão de enfermeiras na assistência e diminuição das taxas de cesáreas.
Palavras-chave:
Cuidado pré-natal. Trabalho de parto. Qualidade, acesso e avaliação da assistência à saúde.
Abstract:
Objective: To estimate the prevalence and compare quality indicators of prenatal and childbirth care for Brazilian women. Method: A cross-sectional study with secondary, public, and representative data of the Brazilian population. Women aged 18-49 who responded to the National Health Survey were considered. The prevalence of indicators was estimated with 95% confidence intervals, considering differences between 2013 and 2019. Results: In both periods, high prenatal coverage (>95%) was observed, predominantly through the Unified Health System (SUS) (>70%). There was an increase in the prevalence of information about the reference service for childbirth (75.1% to 83.2%) and the performance of the syphilis test (66.4% to 79.8%), although the prevalence is still below ideal. Most women gave birth through the SUS (70%), and the main professional involved in childbirth was the doctor (87%). The presence of companions during childbirth tripled in the evaluated years, but cesarean rates remain high. Conclusion There have been advances in prenatal and childbirth care in Brazil in the two evaluated periods. However, challenges remain, particularly in the diagnosis and treatment of syphilis, the inclusion of nurses in care, and the reduction of cesarean rates.
Keywords:
Prenatal Care. Labor, Obstetric. Health Care Quality, Access, and Evaluation.
Conteúdo:
INTRODUÇÃO
A qualidade do cuidado prestado no pré-natal e durante o parto e nascimento são componentes estruturantes da atenção à saúde das mulheres durante a gestação e puerpério. No Brasil, desde a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Estratégia Saúde da Família (ESF) vários programas e políticas de saúde foram elaborados, visando a melhoria da saúde materno-infantil, como o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN 2000)(1). A melhoria da qualidade das práticas adotadas nessa assistência estão associadas a melhores desfechos maternos e perinatais(2,3).
A Rede Cegonha, em 2011, foi a última estratégia governamental lançada com o objetivo de aperfeiçoar as ações de saúde do binômio mãe-bebê. Para tanto, preconiza um conjunto de práticas voltadas à assistência ao pré-natal, parto e puerpério, como início precoce do cuidado pré-natal, número mínimo de consultas, vinculação da gestante à maternidade de referência e presença de acompanhante durante o parto(4). Essa política baseia-se nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), de uma assistência continuada, com ações de prevenção, acesso, diagnóstico, tratamento, informação e apoio social(5).
As avaliações sistemáticas do acesso e qualidade ao pré-natal têm considerado indicadores como a proporção de gestantes que realizaram pelo menos uma consulta, o início precoce dos atendimentos, número mínimo de consultas e recebimento do cartão de pré-natal, a realização de medidas antropométricas, exame físico e solicitação de exames laboratoriais, dentre outros(6–8). Contudo, apesar de uma cobertura de atenção ao pré-natal superior a 90%, com 73,1% das mulheres realizando mais de 6 consultas no Brasil(8), a qualidade dos cuidados ofertados se encontra abaixo do ideal, haja vista que a acessibilidade não significa necessariamente qualidade na assistência prestada. Isso pode ser confirmado ao se observar a razão de mortalidade materna (RMM) que em 2021 foi em torno de 113 mortes ou mais para cada 100.000 nascidos vivos (NVs)(9). Dessa forma, a RMM no país ultrapassa a meta prevista no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de 30 mortes por 100.000 NVs até 2030(10).
Soma-se, a isso, o aumento das taxas de cesariana, de 15% em 1970 para mais de 50% em 2015(11). A inadequação do cuidado pré-natal também foi observada no preenchimento incompleto das cadernetas da gestante(12), detecção e tratamento da sífilis gestacional ineficientes(13) e orientações insuficientes para aleitamento materno, sinais de trabalho parto e serviço de referência para o parto(14). Cita-se, ainda, iniquidades do cuidado pré-natal relacionadas à baixa renda e menor escolaridade, apesar da alta cobertura(15,16). No entanto, muitos desses estudos consistem em avaliações locais, não permitindo o monitoramento dos cuidados em âmbito nacional.
Mais recentemente, avaliação da estratégia da Rede Cegonha, em âmbito nacional, incluindo maternidades nas quais ocorrem cerca de 50% dos partos no Brasil. O conjunto de estudos mostrou avanços, porém restritos ao componente do parto e nascimento, tais como maior implantação das boas práticas nos serviços do Sul e Sudeste(17); diminuição das inequidades regionais(18); além do aumento da prevalência do contato pele a pele com o RN, da amamentação na sala de parto e nas primeiras 24h de vida(18). Por outro lado, essa avaliação se restringiu aos hospitais públicos e mistos que aderiram à estratégia, limitando os seus resultados em relação ao cenário nacional. Adicionalmente, não incluiu avaliação do componente pré-natal, com última avaliação nacional a partir dos dados da pesquisa Nascer no Brasil, em 2011.
Outro aspecto são as medidas de desfinanciamento do SUS implantadas no país, como o congelamento dos gastos com políticas sociais, incluindo a saúde, por meio da Emenda Constitucional nº95/2016(19), o que pode ter afetado a assistência ao pré-natal, dentre outras políticas assistenciais de saúde. Reformas ministeriais como a transferência da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres para o Ministério da Justiça(20) e, a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), publicada em 2017, que favoreceu a diminuição de agentes comunitários de saúde por estratégia de saúde da família, também podem levar a retrocessos no âmbito da Atenção Primária à Saúde no país, aprofundando as desigualdades sociais e dificultando o acesso à saúde(21).
Tendo em vista as mudanças político-programáticas na última década e principalmente durante o período de 2013 a 2019, o monitoramento contínuo da qualidade da assistência às gestantes e parturientes se torna imprescindível. Trata-se de um período crítico vivenciado pelo binômio cujo cuidado em saúde pode acarretar em repercussões ao longo de toda a vida desses sujeitos(22). Assim, tem-se por objetivo estimar a prevalência e comparar indicadores de qualidade do pré-natal e parto das mulheres brasileiras de 2013 e 2019.
METODOLOGIA
Tipo de estudo, fonte dos dados e população
Estudo transversal, descritivo, com dados secundários e representativos da população de mulheres brasileiras em idade reprodutiva, provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde dos anos de 2013 e 2019, disponíveis no site da Fiocruz pelo link https://www.pns.icict.fiocruz.br/bases-de-dados/.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) consiste em um inquérito de base populacional, que apresenta um panorama geral do desempenho do sistema nacional de saúde, bem como das condições de saúde da população brasileira de acordo com dados autodeclarados. Foram realizadas 60.202 e 90.846 entrevistas individuais, respectivamente em 2013(23) e 2019(24), o plano amostral da PNS foi detalhado em estudos anteriores(25). Para garantir a comparabilidade entre as duas edições da PNS, foram incluídas mulheres de 18-49 anos de idade. Quanto as perguntas, incluídas aquelas referente ao Atendimento de Pré-natal (Módulo S), respondido pelas mulheres que tiveram seus bebês em até 2 anos antes da coleta dos dados em ambas as edições da pesquisa, totalizando uma subamostra de 1.918 mulheres em 2013 e 2.806 em 2019 (Figura 1).
Indicadores e variáveis do estudo
As perguntas do questionário da PNS que se repetiram nas duas edições da pesquisa, permitindo a comparação e que se referem à assistência ao pré-natal e parto, foram classificadas em três dimensões: 1) acesso ao cuidado pré-natal, 2) qualidade do cuidado pré-natal e 3) acesso e assistência ao parto. Para avaliar as três dimensões foram usados indicadores de qualidade de assistência ao pré-natal e parto propostos pela Organização Mundial da Saúde(5,26), pelos protocolos do Ministério da Saúde(27) e pela Rede Cegonha(4). Também foram acrescidas outras variáveis em caráter complementar, conforme a seguir.
Para avaliar o acesso ao cuidado pré-natal utilizou-se os indicadores: realização de pré-natal (sim, não), recebimento do cartão de pré-natal (sim, não), idade gestacional (IG) na primeira consulta de pré-natal (?12 semanas, ?13 semanas), atendente da maioria das consultas (médico, enfermeiro, outros) e o número de consultas (?5, ?6.)(27). Também foram utilizadas as variáveis: local das consultas (unidade básica de saúde, centro de especialidades médicas, hospital público ou clínica privada) e consultas pelo SUS (sim, não). A qualidade do cuidado pré-natal foi avaliada pelos seguintes indicadores: informação sobre o serviço de saúde de referência (sim, não, não sabe), em quantas consultas houve aferição da pressão arterial (PA), peso, altura uterina, ausculta do batimento cardiofetal (BCF) (todas, algumas, nenhuma), se examinaram as mamas (sim, não), realização do exame de urina, e sangue (sim, não), teste ou exame para detecção de sífilis (sim, não), recebimento do resultado de detecção de sífilis antes do parto (sim, não), resultado do teste ou exame para detecção de sífilis (sim, não), recebimento do tratamento para sífilis (sim, não), solicitação do teste para HIV (sim, não), realização do teste de HIV (sim, não) e quanto tempo transcorreu entre a última consulta de PN e o parto (até 1 semana de 1 a 2 semanas, mais de 2 semanas antes, não sabe)(27).
O acesso e assistência ao parto foi avaliado pelos seguintes indicadores: via de nascimento (vaginal, cesárea)(5), atendente do parto (médico, enfermeira, parteira, outros) e presença do acompanhante (sim, não)(26). Também foram investigadas as variáveis: local do parto (hospital ou maternidade, casa de parto, domicílio, outros), realização do parto no estabelecimento indicado no pré-natal (sim, não, não houve indicação), quantidade de estabelecimentos que procurou até internar (um, dois, mais de dois), realização do parto pelo SUS (sim, não, não sabe), motivo da cesárea (cesárea anterior, ligadura de trompas, não queria sentir a dor, mais conveniente, escolha do médico durante o pré-natal, indicação médica por complicações na gravidez ou no trabalho de parto, indicação médica porque não entrou em trabalho de parto).
Covariáveis
Foram utilizadas as variáveis sociodemográficas: idade (18-29 anos, 30-39 anos e 40-49 anos), escolaridade (PNS 2013: 0-8, 9-11, 12 ou mais anos de estudo, PNS 2019: 0-9, 10-12, 13 ou mais anos de estudo), cor da pele/raça (branca, preta/parda, amarela/indígena) e região de moradia (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste) para descrever a população de estudo.
Análise dos dados
Inicialmente foi realizada análise descritiva das mulheres que compuseram a população do presente estudo considerando as características sociodemográficas idade, escolaridade, cor da pele/raça e região de moradia.
Posteriormente, foram estimadas as prevalências dos indicadores e variáveis, por ano de realização da pesquisa, com seus respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%), o mesmo foi considerado para avaliar as diferenças entre 2013 e 2019. Ainda, foi calculado o percentual de diferença (PC%) entre as prevalências dos indicadores e variáveis, nos anos de 2013 e 2019, quando não houve sobreposição dos intervalos.
Os dados de 2013 foram analisados com peso reponderado, garantindo a comparabilidade com 2019, conforme recomendação(28). Foi conduzida uma análise de subpopulação, considerado método mais adequado para avaliar um subgrupo de inquéritos com amostra complexa west 2008. Para obter a estimativa populacional, foi considerado o desenho amostral complexo (estrato, conglomerado e peso do indivíduo). As análises foram realizadas com o auxílio do software estatístico Stata versão 14, no módulo Survey.
Aspectos Éticos
Este estudo utiliza base de dados secundários da PNS, disponíveis publicamente, dispensado de apreciação em comitê de ética em pesquisa, em conformidade com a Resolução 466?2012 do Conselho Nacional de Saúde. A PNS teve aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) em julho de 2013 sob o número nº 328.159 e em agosto de 2019 sob o número nº 3.529.376.
RESULTADOS
A maioria das mulheres tinham entre 18-29 anos (61,5% e 53,0% em 2013 e 2019, respectivamente), 47,4% das mulheres em 2013 e 49,3% em 2019 tinham escolaridade média, seguida de baixa escolaridade (36,7% e 26,3% em 2013 e 2019, respectivamente). A maioria das mulheres se autodeclararam pretas/pardas nas duas edições das pesquisas (2013=59,3% e 2019=62,6%). Em 2013 38,1% viviam no Sudeste, 28,5% no Nordeste, 14,8% no Sul, 10,3% no Norte e 8,3% no Centro Oeste, distribuição semelhante à de 2019 (36,9%, 29,6%, 12,5%, 11,8% e 9,2%, respectivamente) (Tabela 1).
Nove em cada dez mulheres realizaram pré-natal (PN) e receberam o cartão do pré-natal na consulta, e oito a cada dez mulheres realizaram mais de 6 consultas de pré-natal nos dois anos avaliados (Tabela 2). Em 2013, 87,8% iniciaram as consultas com menos de 12 semanas de gestação e em 2019, 91,0% informaram o início do PN precocemente. As consultas foram realizadas predominantemente pelo SUS (2013=73,0% e 2019=70,9%), e as Unidades Básicas de Saúde (UBS) foram os principais locais de realização (2013=60,8% e 2019=58,3%), seguidas dos consultórios e clínicas privadas (2013=27,4% e 2019=30,7%) (Tabela 2). O profissional que mais realizou as consultas, tanto em 2013 quanto em 2019, foi o médico (71,5% e 73,5% respectivamente), seguido do enfermeiro (27,4% e 25,8%, respectivamente).
Observou-se aumento na prevalência de recebimento de informação sobre o serviço de referência para o parto (2013=75,1% e 2019=83,2%, PC= +10,8%) (Tabela 3). Quanto ao exame clínico realizado nas consultas de pré-natal, pelo menos 90% das mulheres tiveram a pressão arterial aferida e a medição do peso em todas as consultas, e a medição da altura uterina e ausculta do BCF em alguma das consultas em 2013 e 2019 (Tabela 3). Em 2013, 37,1% das mulheres não tiveram as mamas examinadas em nenhuma das consultas, já em 2019 a prevalência da falta desse exame aumentou para 63,8% (PC= +12,85%). Ainda sobre a qualidade da atenção pré-natal, mais de 90% das mulheres realizaram exames de sangue e de urina, com discreta redução (PC= -5,1%) em 2019.
Sobre os exames para Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), em 2013 a prevalência de mulheres que realizaram o teste/exame de sífilis alcançou 66,4%. Neste ano, 98,2% das mulheres receberam o resultado do exame antes do parto e 1,2% testaram positivo. Dentre as que testaram positivo, 85,4% receberam tratamento. Em 2019, 79,8% realizaram o teste/exame para sífilis, 96,7% receberam o resultado antes do parto, 1,0% testou positivo e dessas, 74% declarou ter recebido tratamento antes do parto (Tabela 3).
Quanto ao exame de HIV, em 2013 foi solicitado a 89,1% das mulheres, nesse grupo 95,5% o realizou. Em 2019, houve aumento, pois o exame foi solicitado a 90,0% das mulheres e 99,3% o realizou (PC= +4,0%). Sobre o tempo antes do parto que realizou a última consulta, em 2013, 48,3% das mulheres a realizaram em até 1 semana antes, e em 2019 a prevalência para o mesmo intervalo de tempo aumentou para 62,6% (PC= +29,2%).
Em relação ao parto, a cesárea foi a via de nascimento mais prevalente (2013: 54,7% e 2019: 55,7%), observando-se discreto aumento. Em 2013 e 2019, 87,6% e 87,4% das mulheres, respectivamente, relataram que foram atendidas por médicos. Os enfermeiros aparecem em segundo lugar como profissionais que prestaram assistência ao parto (9,1% e 9,6%, respectivamente). Quanto à presença de acompanhantes durante o parto, no ano de 2013, 59,9% das mulheres relataram que tiveram, com aumento para 85,1% no ano de 2019 (PC=+41,7%). Os principais locais de realização do parto foram os hospitais/maternidades (2013=97,9% e 2019=71,5%, PC=-14,0%), sendo que em 2019 aumentou a prevalência em outros estabelecimentos. O atendimento ao parto no estabelecimento indicado no pré-natal aumentou de 2013 (62,5%) para 2019 (72,3%), PC=+15,7%. A quantidade de estabelecimentos que procurou até internar foi majoritariamente dois em 2013 (62,8%) e um estabelecimento em 2019 (67,3%), para a maioria das mulheres.
Os resultados também mostraram que a maioria das mulheres realizaram o parto pelo SUS (2013=70,7% e 2019=69,2%). Os principais motivos da cesárea em 2013 foram complicações na gravidez ou no trabalho de parto (30,7%), não ter entrado em trabalho de parto (19,6%) e cesárea anterior (13,9%), padrão com pouca variação em 2019 (36,9%, 15,2% e 11,7%, respectivamente).
DISCUSSÃO
O presente estudo permitiu comparar o panorama geral da qualidade da assistência ao pré-natal e parto no Brasil nos anos de 2013 e 2019, período pós implantação da Rede Cegonha, que por sua vez, também foi marcado por mudanças políticas e socioeconômicas que podem ter afetado a qualidade desse cuidado.
A comparação das estimativas das duas edições da PNS demonstrou manutenção da elevada cobertura do cuidado pré-natal no Brasil e alguns avanços na assistência prestada, com aumento da informação do serviço de referência para o parto, maior realização dos exames de sífilis e de HIV, e diminuição da alta de pré-natal no termo da gestação. Quanto à assistência ao parto, observou-se aumento da presença do acompanhante e maior realização do parto no local referenciado, com diminuição da peregrinação das gestantes. No entanto, o estudo também mostrou a persistência de alguns desafios, como a realização do exame ou teste de sífilis e tratamento das mulheres infectadas ainda abaixo do preconizado, mesmo com o aumento da realização do exame observado no período, e ainda, manutenção de altas taxas de cesárea e atuação limitada da enfermeira na assistência ao pré-natal e parto.
No que tange especificamente ao acesso ao pré-natal, de cada dez gestantes brasileiras, sete relataram fazer acompanhamento no SUS. Soma-se, a isso, a realização de mais de 6 consultas, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde(5). Esses resultados corroboram aos demonstrados pela Pesquisa Nascer no Brasil em 2012(8), última pesquisa nacional específica sobre o tema no país.
Desde 1988, com a institucionalização do SUS, o acesso ao cuidado pré-natal no Brasil tem se ampliado. O percentual de início do pré-natal precoce aumentou de 59,1% em 1986 para 89,8% em 2013 e, bem como o percentual de gestantes com mais de 4 consultas cresceu de 86,3% em 1996 para 94,0% em 2013, corroborando nossos achados(29). A mesma pesquisa também demonstrou diferenças de cobertura entre áreas urbanas e rurais, bem como diferenças de acesso por renda, que foram atenuadas ao longo dos anos, evidenciando a importância de políticas como o Programa Saúde da Família e o Programa Bolsa Família para redução de desigualdades sociais(29). A diminuição das inequidades regionais também foi evidenciada em relação às boas práticas da assistência ao parto e nascimento, com aumento do seu uso em regiões mais desenvolvidas e no cuidado às mulheres com maior faixa etária, pardas e pretas e menos escolarizadas, sugerindo efetividade da estratégia Rede Cegonha nesse sentido(30). Ressalta-se que os resultados do presente estudo apontam para uma manutenção da cobertura já alcançada na última década.
A Rede Cegonha também tem como um dos indicadores o percentual de gestantes que realizaram todos os exames preconizados, entre os quais é possível destacar o exame de urina, hematócrito e hemoglobina e os testes rápidos para detectar IST(4). Destaca-se, que a prevalência de mulheres que testaram positivo para a sífilis e receberam tratamento antes do parto, foi insuficiente em ambos os períodos estudados, com redução em 2019, evidenciando a dificuldade dos serviços de saúde na oferta do tratamento adequado e acompanhamento das mulheres infectadas. Alguns fatores associados ao tratamento inadequado da sífilis na gestação atual foram descritos em estudos prévios(13,31,32). Soma-se a demora para recebimento dos resultados, falhas na dispensação do medicamento e acompanhamento do tratamento, além de falhas na assistência pré-natal, incluindo atraso ou ausência deste(32). Além disso, questões estruturais insuficientes da Atenção Básica no país também foram descritas, como a insuficiência de testes e do medicamento para tratamento da doença(33) .
Esses achados se agravam frente ao crescimento da sífilis gestacional e congênita observados no país nos últimos anos(31,34). Tendo em vista os desfechos negativos e irreversíveis, sua crescente prevalência no país configura-se um grave problema de saúde pública(13). Por outro lado, é preciso considerar que a PNS é uma pesquisa autorreferida e respostas sobre a testagem, o resultado e o tratamento da sífilis podem ter sido omitidas em razão do estigma sobre a doença, e aliado a isso o vies de desejabilidade social.
Dessa forma, fica evidente a perda de princípios básicos da APS como a longitudinalidade, garantida principalmente pelo acompanhamento dos usuários pelos ACS. A PNAB de 2017(21) e o novo modelo de financiamento do SUS desde 2019(35), que privilegia a quantidade de procedimentos realizados em detrimento da qualidade, configuram-se como medidas de desmonte do sistema de saúde e tendem a piorar os indicadores de saúde no país.
Em relação à assistência ao parto, houve aumento da prevalência da presença do acompanhante. Trata-se de um direito da gestante, com evidências de benefício para o binômio mãe-bebê(36,37). Em 2011 apenas 42,1% dos partos tinham presença do acompanhante, e em 2017 foi constatado que nos mesmos hospitais a prevalência dessa boa prática aumentou significativamente para 82,1%(38), resultados semelhantes aos do presente estudo. Isso demonstra o sucesso da Lei nº 11.108/2005 que garante a presença do acompanhante junto à parturiente, medida reafirmada pela Rede Cegonha e reforça o papel das políticas públicas para avanço e melhorias na assistência à saúde.
Em 2019, as mulheres estavam mais informadas sobre o local de referência para o parto e o realizaram no local indicado, além da diminuição da peregrinação das parturientes para internação ao longo dos anos, demonstrando êxito no modelo “Vaga Sempre”, instituído pela Rede Cegonha(4). No entanto, apesar dessa diminuição, em 2019, aproximadamente 30% das mulheres ainda tiveram que buscar dois ou mais serviços até internar. Estudo realizado em Belo Horizonte demonstrou, que mulheres autorreferidas com cor de pele/raça diferente da branca, com menor escolaridade e menor renda tinham mais risco de vivenciar uma trajetória desfavorável para o parto(39). Essa peregrinação caracteriza-se como uma situação que traz riscos à vida das mulheres e seus conceptos caso o atendimento não ocorra em tempo hábil(40). Assim, apesar da melhoria observada no presente estudo, investimentos nesse sentido precisam ser mantidos e reforçados.
Para melhorar os indicadores de saúde materna e infantil, experiências internacionais demonstram que foi preciso fortalecer as equipes multiprofissionais na assistência ao binômio mãe-bebê e expandir os quadros de parteiras e enfermeiras obstétricas(41). O modelo de cuidados liderados por essas profissionais possui evidências de aumento do parto vaginal, da satisfação materna e redução da mortalidade perinatal, sendo recomendado pela OMS(26,42). No entanto, no Brasil a assistência prestada por essas profissionais ainda é baixa, não atingindo 30% dos atendimentos de pré-natal e 10% das assistências ao parto, como demonstram os achados do presente estudo, apesar de políticas indutoras de formação e inserção dessas profissionais nesse cuidado(43). Mesmo assim, estudo que avaliou as práticas de assistência ao parto dos hospitais públicos e mistos que aderiram à estratégia Rede Cegonha demonstrou que a inserção da enfermeira obstétrica tem sido bem sucedida com maiores chances de parto mais fisiológico e respeitoso(44).
Estudo recente mostrou crescimento no percentual de partos assistidos por enfermeiras obstétricas de 16,2% em 2011 para 32,1% em 2017 em 136 hospitais do SUS(38). Este resultado pode ser advindo do estímulo à inclusão dessas profissionais na assistência ao parto(4). Esse quantitativo foi maior que o encontrado no nosso estudo, pois incluiu um grupo especifico de hospitais(30), com maior adesão às diretrizes da Rede Cegonha e talvez por isso apresentou um percentual três vezes maior que o observado com os dados da PNS. Este cenário pode ter piorado mais recentemente, com o desmonte na Rede Cegonha e instituição da Rede de Atenção Materno Infantil em 2022, com foco médico centrado, desarticulado com demais esferas de governo(45). Assim, estudos futuros devem continuar com o monitoramento da qualidade dessa assistência, permitindo avaliar as consequências da ruptura com políticas demonstradamente benéficas e positivas à saúde da população brasileira.
Outrossim, nas duas edições da pesquisa a taxa de cesárea ultrapassou 50%, apresentando crescimento em 2019. No entanto, desde 1985 é conhecida a recomendação da OMS sobre a taxa de cesárea ideal que varia entre 10% e 15%(46). Somado a isso, os principais motivos de realização de cesárea no país segundo ambas as edições da pesquisa são: indicação médica por complicações, a mulher não ter entrado em trabalho de parto, o medo da dor e cesárea anterior, indo na contramão das evidências científicas(47,48).
Portanto, com todos esses avanços permanecem desafios para garantir qualidade na assistência ao pré-natal e ao parto das mulheres brasileiras. O país ainda se encontra distante das metas dos ODS. Para o alcance desses objetivos, torna-se prioritário o investimento na assistência na atenção primária à saúde, bem como maior estímulo para inserção e atuação de enfermeiros e agentes comunitários de saúde. A APS é o nível de atenção que garante vinculação dos usuários, coordenação e longitunalidade do cuidado, sendo um ponto da rede de atenção fundamental para a melhoria dos indicadores de saúde materna e infantil e redução de iniquidades.
Limitações
Por se tratar de pesquisa com dados autorreferidos, este estudo está sujeito ao viés de desejabilidade social, uma vez que os sujeitos podem omitir informações, subestimando os resultados. Além do viés de memória, tendo em vista que as mulheres respondem sobre a gestação que ocorreu nos dois anos anteriores à pesquisa, apesar de ser um evento marcante na vida da mulher.
Outro limite foram as abstenções para a pergunta sobre idade gestacional em que iniciou o pré-natal em 2019 (n=1.320), que pode estar relacionado ao viés de memória, pois os dados sobre pré-natal e nascimento referem-se as gestações nos dois anos anteriores à pesquisa, assim as mulheres podem não ter respondido essa questão por não recordar quando iniciaram o pré-natal. Assim, não é possível afirmar com segurança que o início precoce do pré-natal no país tenha sofrido variações.
Finalmente, no indicador de “realização de exame de sangue” não é possível conhecer exatamente quais os exames foram realizados pelas mulheres, diminuindo a precisão da análise. A informação sobre a realização dos testes rápidos também traria mais informações sobre a qualidade da assistência pré-natal, mas essa informação não consta na PNS 2013 no que concerne à sífilis, justificado pelo fato de esse exame ter sido implantado de forma integral na APS após aquele ano.
CONCLUSÃO
O presente estudo avança ao monitorar indicadores de qualidade da assistência pré-natal e parto no Brasil, com melhorias observadas em 2019, o que pode ser resultado de políticas públicas, com destaque para a Rede Cegonha. Destacam-se a manutenção de altas coberturas e número de consultas; o aumento do início precoce do pré-natal, da informação do serviço de referência para o parto, da realização dos exames de sífilis e de HIV; diminuição da alta de pré-natal no termo da gestação e da peregrinação. Apesar dos avanços, alguns desafios permanecem, como o diagnóstico e tratamento das IST, a inserção de enfermeiras na assistência materno-infantil e as altas taxas de cesárea. Esses achados evidenciam A necessidade de manter o monitoramento desses indicadores no âmbito nacional e de retomar e fortalecer as políticas públicas, com destaque para a APS e a Rede Cegonha.
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QUALITY OF ANTENATAL CARE AND PARTURITION IN BRAZIL: COMPARISON BETWEEN THE 2013 AND 2019 NATIONAL HEALTH SURVEYS
Resumo (abstract):
Objective: To estimate the prevalence and compare quality indicators of prenatal and childbirth care for Brazilian women. Method: A cross-sectional study with secondary, public, and representative data of the Brazilian population. Women aged 18-49 who responded to the National Health Survey were considered. The prevalence of indicators was estimated with 95% confidence intervals, considering differences between 2013 and 2019. Results: In both periods, high prenatal coverage (>95%) was observed, predominantly through the Unified Health System (SUS) (>70%). There was an increase in the prevalence of information about the reference service for childbirth (75.1% to 83.2%) and the performance of the syphilis test (66.4% to 79.8%), although the prevalence is still below ideal. Most women gave birth through the SUS (70%), and the main professional involved in childbirth was the doctor (87%). The presence of companions during childbirth tripled in the evaluated years, but cesarean rates remain high. Conclusion There have been advances in prenatal and childbirth care in Brazil in the two evaluated periods. However, challenges remain, particularly in the diagnosis and treatment of syphilis, the inclusion of nurses in care, and the reduction of cesarean rates.
Palavras-chave (keywords):
Prenatal Care. Labor, Obstetric. Health Care Quality, Access, and Evaluation.
QUALIDADE DO CUIDADO PRÉ-NATAL E PARTO NO BRASIL: COMPARAÇÃO ENTRE A PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DE 2013 E 2019
QUALITY OF ANTENATAL CARE AND CHILDBIRTH IN BRAZIL: COMPARISON BETWEEN THE 2013 AND 2019 NATIONAL HEALTH SURVEYS
Jackeline Paiva Gomes Melo1
jackeline.paiva.enf@gmail.com/ ORCID: 0000-0003-2885-3737
Bruna Nicole Soares dos Santos2
brunanicolesoares@gmail.com / ORCID: 0000-0002-2141-0637
Torcata Amorim2
torcata.amorim@gmail.com / ORCID: 0000-0002-9177-9958
Fernanda Gontijo Araújo3
fernandagontijo2005@hotmail.com / ORCID: 0000-0003-3528-2493
Fernanda Penido Matozinhos2
nandapenido@hotmail.com / ORCID: 0000-0003-1368-4248
Mariana Santos Felisbino-Mendes2
marianafelisbino@yahoo.com.br / ORCID: 0000-0001-5321-5708
1 Egressa da Graduação em Enfermagem, Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte-MG, Brasil.
2 Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública, Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte-MG, Brasil.
3 Egressa do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública, Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte-MG, Brasil.
Financiamento: Nenhum.
Agradecimentos: BNSS agradece ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela bolsa de Mestrado (CAPES/PROEX).
Autora de correspondência
Mariana Santos Felisbino-Mendes
Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública
Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais
Av. Alfredo Balena, 190, 30130-100, Santa Efigênia, Belo Horizonte, MG, Brasil.
marianafelisbino@yahoo.com.br, (31) 3409-9866
RESUMO
Objetivo: Estimar a prevalência e comparar indicadores de qualidade do pré-natal e parto das mulheres brasileiras. Método: Estudo transversal com dados secundários, públicos e representativos da população brasileira. Foram consideradas mulheres de 18-49 anos respondentes da Pesquisa Nacional de Saúde. Estimadas a prevalência dos indicadores com os intervalos de 95% de confiança, considerados para avaliar as diferenças entre 2013 e 2019. Resultados: Em ambos os períodos foi observada alta cobertura do pré-natal (>95%), predominantemente realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (>70%). Houve aumento na prevalência de informação sobre o serviço de referência para o parto (75,1% para 83,2%) e realização do exame de sífilis (66,4% para 79,8%), embora a prevalência ainda seja inferior ao ideal. A maioria das mulheres pariu pelo SUS (70%) e o principal profissional envolvido no parto foi o médico (87%). A presença de acompanhantes no parto triplicou nos anos avaliados, porém as taxas de cesárea permanecem elevadas. Conclusão: Houve avanços na assistência ao pré-natal e parto no Brasil nos dois períodos avaliados. No entanto, desafios permanecem, principalmente no diagnóstico e tratamento da Sífilis, inclusão de enfermeiras na assistência e diminuição das taxas de cesáreas.
Palavras-chave Cuidado pré-natal. Trabalho de parto. Qualidade, acesso e avaliação da assistência à saúde.
ABSTRACT
Objective: To estimate the prevalence and compare quality indicators of antenatal and childbirth care for Brazilian women. Method: This work is a cross-sectional study conducted with secondary, public, and representative data of the Brazilian population. Women, aged 18-49 years, who responded to the National Health Survey (PNS) were included in this study. The prevalence of indicators was estimated with 95% confidence intervals, considering differences between 2013 and 2019. Results: In both periods, high antenatal coverage (>95%) was observed, predominantly through the Brazilian Unified Health System (SUS) (>70%). There was an increase in the prevalence of information concerning the reference service for childbirth (75.1% to 83.2%) and the performance of the syphilis test (66.4% to 79.8%), although the prevalence is still below the ideal. Most women gave birth through the SUS (70%), and the main professional involved in childbirth was the doctor (87%). The presence of companions during childbirth tripled in the evaluated years, but Cesarean-section rates remain high. Conclusion Advances were observed in both antenatal and childbirth care in Brazil in the two evaluated periods. However, challenges remain, particularly in the diagnosis and treatment of syphilis, the inclusion of nurses in medical care, and the reduction of Cesarean-section rates.
Keywords Prenatal Care. Labor, Obstetric. Health Care Quality, Access, and Evaluation.
INTRODUCTION
The quality of healthcare provided in antenatal care and during labor and childbirth are structural components of women\'s health care during pregnancy and the postpartum period. In Brazil, since the implementation of the Unified Health System (SUS) and the Family Health Strategy, several health programs and policies have been developed to improve maternal and child health, such as the Program for Humanization of Childbirth and Birth (PHPN 2000)(1). Improvements in the quality of practices adopted in this type of care are associated with better maternal and perinatal outcomes(2,3).
In 2011, the Rede Cegonha (“Stork Network”), was the latest governmental strategy launched in an attempt to improve health actions for the mother and newborn. To achieve this objective, this Network advocates a set of practices aimed at antenatal, childbirth, and postpartum care, such as an early initiation of antenatal care and a minimum number of consultations, linking the pregnant woman to the reference maternity hospital and the presence of a family member during labor(4). This policy is based on the recommendations of the World Health Organization (WHO) for continued care, including prevention, access, diagnosis, treatment, information, and social support actions(5).
Systematic assessments of access to and quality of antenatal care have considered such indicators as the proportion of pregnant women who attended at least one consultation, early start of care, a minimum number of consultations and receipt of the antenatal card, anthropometric measurements, physical examinations, and requests for laboratory tests, among others(6–8). However, although antenatal care coverage exceeds 90%, with 73.1% of all women attending more than 6 consultations in Brazil(8), the quality of care offered is below the ideal, given that accessibility does not necessarily mean quality in the care provided. This can be confirmed by observing the maternal mortality ratio (MMR), which in 2021 was around 113 deaths or more for every 100,000 live births (9). Thus, the MMR in the country exceeds the target set by the Sustainable Development Goals (SDGs) of 30 deaths per 100,000 live births by 2030(10).
In addition, Cesarean-section rates have increased from 15% in 1970 to more than 50% in 2015(11). Inadequate antenatal care was also observed in the inadequate completion of pregnant women\'s health records(12), an inefficient detection and treatment of gestational syphilis(13) and insufficient guidance regarding breastfeeding, as well as signs of childbirth and referral services for delivery(14). Inequities in antenatal care related to low income and lower education levels are also cited, despite high coverage(15,16). However, many of these studies consist of local assessments, which do not allow for the monitoring of care at the national level.
More recently, the Rede Cegonha strategy has been evaluated nationwide, including maternity hospitals where approximately 50% of all births occur in Brazil. The set of studies showed advances, although restricted to the components of childbirth and delivery, such as a greater implementation of obstetric good practices in services in the South and Southeast regions(17); a reduction in regional inequities(18); in addition to the increase in the prevalence of skin-to-skin contact with the newborn and breastfeeding in the delivery room and during the first 24 hours of life(18). By contrast, this evaluation was restricted to public and mixed hospitals that adhered to the strategy, limiting its results in relation to the national scenario. Additionally, it did not include an assessment of the antenatal component, with the last national assessment based on data from the Nascer no Brasil survey conducted in 2011.
Another key aspect refers to the measures to defund SUS in Brazil, such as the limitation of spending on social policies, including health, through Constitutional Amendment Speeding Cap, of No. 95/2016(19), which may have affected antenatal care, among other healthcare policies. Ministerial reforms, such as the transfer of the Special Secretariat for Women\'s Policies to the Ministry of Justice(20) and the National Primary Health Care Policy (Política Nacional de Atenção Básica – PNAB), published in 2017, which favored the reduction of community health agents per Family Health Strategy, may also lead to setbacks in the scope of Primary Health Care (PHC) in the country, deepening social inequalities and hindering access to health(21).
In view of the political and programmatic changes in the last decade, and especially during the period from 2013 to 2019, continuous monitoring of the quality of care for pregnant women and women in labor has become essential. This is a critical period experienced by the mother and newborn, whose health care could cause repercussions throughout the lives of these individuals(22). Thus, the present study aims to estimate the prevalence and compare quality indicators of antenatal and childbirth care for Brazilian women from 2013 to 2019.
METHODOLOGY
Type of study, data source, and population
Cross-sectional, descriptive study, with secondary and representative data of the population of Brazilian women of reproductive age, from the National Health Survey (PNS) of 2013 and 2019, available on the Fiocruz website at https://www.pns.icict.fiocruz.br/bases-de-dados/.
The PNS consists of a population-based survey, which presents an overview of the performance of the national health system, as well as the health conditions of the Brazilian population according to self-reported data. A total of 60,202 and 90,846 individual interviews were conducted in 2013(23) and 2019(24), respectively; the PNS sampling plan was detailed in previous studies(25). To ensure comparability between the two editions of the PNS, women, aged 18-49 years, were included. The survey questions included those concerning Antenatal Care (Module S), answered by women who had their babies up to 2 years before data collection in both editions of the survey, totaling a subsample of 1,918 women in 2013 and 2,806 in 2019 (Figure 1).
Study indicators and variables
The questions in the PNS questionnaire that were repeated in both editions of the survey, enabling the comparison, and that refer to anatal care and childbirth, were classified into three dimensions: 1) access to antenatal care, 2) quality of antenatal care, and 3) access to and receiving of care during childbirth. To assess the three dimensions, indicators of the quality of antenatal care and childbirth proposed by the WHO(5,26), by the protocols of the Ministry of Health(27), and by the Rede Cegonha(4) were used. Other variables were also added as a complementary measure, as follows.
To assess access to antenatal care, the following indicators were used: antenatal care (yes, no), receipt of antenatal card (yes, no), gestational age at the first antenatal visit (≤12 weeks, ≥13 weeks), person attending most visits (doctor, nurse, others), and number of visits (≤5, ≥6)(27). The following variables were also used: location of consultations (basic health unit, medical specialty center, public hospital, or private clinic) and consultations through SUS (yes, no). The quality of antenatal care was assessed by the following indicators: information on the reference health service (yes, no, do not know); in how many consultations the patient’s blood pressure was taken; weight; uterine height; auscultation of the fetal heart rate (FHR) (all, some, none); whether or not the breasts were examined (yes, no); if urine and blood tests were performed (yes, no); syphilis detection test or examination (yes, no); receipt of the result of the syphilis detection test or examination (yes, no); receipt of treatment for syphilis (yes, no); request for HIV testing (yes, no); performance of HIV testing (yes, no); and how much time elapsed between the last antenatal consultation and delivery (up to 1 week, 1 to 2 weeks, more than 2 weeks before, do not know)(27).
Access to and receipt of care during childbirth was assessed using the following indicators: type of birth (vaginal, Cesarean-section)(5); birth attendant (doctor, nurse, midwife, others); and presence of a family member (yes, no)(26). The following variables were also investigated: place of birth (hospital or maternity ward, birthing center, home, others); delivery at the facility indicated during antenatal care (yes, no, no indication); number of facilities sought before admission (one, two, more than two); delivery by the SUS system (yes, no, unsure); and reason for Cesarean-section (previous Cesarean-section, tubal ligation, did not want to feel the pain, more convenient, choice of physician during antenatal care, medical indication due to complications during pregnancy or labor, medical recommendation because the patient did not go into labor).
Covariables
The following sociodemographic variables were used: age (18-29 years, 30-39 years, and 40-49 years); education (PNS 2013: 0-8, 9-11, 12 or more years of study; PNS 2019: 0-9, 10-12, 13 or more years of study); skin color/race (white, black/brown, yellow/indigenous); and region of residence (North, Northeast, Southeast, South, Midwest) to describe the study population.
Data analysis
First, a descriptive analysis of the women who comprised the population of this study was carried out, considering the sociodemographic characteristics of age, education, skin color/race, and region of residence.
Subsequently, the prevalence of indicators and variables was estimated by year of the survey, with their respective 95% confidence intervals (95% CI), which were considered to assess the differences between 2013 and 2019. Furthermore, the percentage of difference (PC%) between the prevalence of indicators and variables was calculated in 2013 and 2019, when there was no overlap of the intervals.
The data from 2013 were analyzed with reweighted weight, ensuring comparability with 2019, as recommended(28). A subpopulation analysis was conducted, considered the most appropriate method to evaluate a subgroup of surveys with complex sample(49). To obtain the population estimate, the complex sampling design (stratum, cluster, and individual weight) was considered. The analyses were performed using the statistical software Stata, version 14, in the Survey module.
Ethical Aspects
This study uses publicly available secondary databases from the PNS, exempt from review by a research ethics committee, in accordance with Resolution 466/2012 of the National Health Council. The PNS was approved by the National Research Ethics Commission (CONEP) in July 2013, logged under protocol number 328,159. and in August 2019, logged under protocol number 3,529,376.
RESULTS
Most of the women were between 18 and 29 years of age (61.5% and 53.0% in 2013 and 2019, respectively); 47.4% of the women in 2013 and 49.3% in 2019 reported a medium-level education, followed by a low-level education (36.7% and 26.3% in 2013 and 2019, respectively). Most of the women self-reported themselves as black/brown in both editions of the surveys (2013=59.3% and 2019=62.6%). In 2013, 38.1% lived in the Southeast, 28.5% in the Northeast, 14.8% in the South, 10.3% in the North, and 8.3% in the Midwest, a distribution similar to that of 2019 (36.9%, 29.6%, 12.5%, 11.8%, and 9.2%, respectively) (Table 1).
Nine out of ten women attended antenatal care and received the antenatal card at the appointment, and eight out of ten women attended more than six antenatal appointments in the two years evaluated in this study (Table 2). In 2013, 87.8% started appointments at less than 12 weeks of gestation, while in 2019, 91.0% reported starting antenatal care early. Consultations were predominantly carried out by SUS (2013=73.0% and 2019=70.9%), primarily in PHC units (2013=60.8% and 2019=58.3%), followed by private offices and clinics (2013=27.4% and 2019=30.7%) (Table 2). The professional who most commonly carried out the consultations was the doctor, both in 2013 and 2019 (71.5% and 73.5% respectively), followed by the nurse (27.4% and 25.8%, respectively).
An increase was observed in the prevalence of receiving information about the reference service for childbirth (2013=75.1% and 2019=83.2%, PC= +10.8%) (Table 3). Regarding the clinical examination performed in antenatal consultations, at least 90% of the women had their blood pressure and weight measured in all consultations, while uterine height and FHR auscultation was measured in some of the consultations in 2013 and 2019 (Table 3). In 2013, 37.1% of the women did not have their breasts examined in any of the consultations, while in 2019 the prevalence of the lack of this examination increased to 63.8% (PC= +12.85%). Also, regarding the quality of antenatal care, more than 90% of the women underwent blood and urine tests, showing a slight reduction (PC= -5.1%) in 2019.
Regarding tests for Sexually Transmitted Infections (STIs), in 2013 the prevalence of women who underwent the syphilis test/examination reached 66.4%. In that year, 98.2% of the women received the test result before delivery, and 1.2% tested positive. Of those who tested positive, 85.4% received treatment. In 2019, 79.8% underwent the syphilis test/ examination, 96.7% received the result before delivery, in which 1.0% tested positive, and of these, 74% reported having received treatment before delivery (Table 3).
In 2013, 89.1% of the women were asked to take an HIV test, and 95.5% of women took it. In 2019, there was an increase, as the test was requested to 90.0% of the women and 99.3% took it (PC= +4.0%). Regarding the time before delivery when the last consultation was conducted, in 2013, 48.3% of the women had a consultation up to 1 week before delivery, while in 2019, the prevalence for the same time interval increased to 62.6% (PC= +29.2%).
Regarding delivery, Cesarean-section was the most prevalent mode of childbirth (2013: 54.7% and 2019: 55.7%), with a slight increase. In 2013 and 2019, 87.6% and 87.4% of the women, respectively, reported that they were seen by doctors. Nurses appear in second place as professionals who provided care during childbirth (9.1% and 9.6%, respectively). Regarding the presence of family members during childbirth, in 2013, 59.9% of the women reported that they had the presence of family members, with an increase to 85.1% in 2019 (PC=+41.7%). The main places where childbirth took place were hospitals/maternity centers (2013=97.9% and 2019=71.5%, PC= -14.0%), with the prevalence in other establishments increasing in 2019. Childbirth care in the establishment indicated in antenatal care increased from 2013 (62.5%) to 2019 (72.3%), PC= +15.7%. The number of establishments that the majority women sought out before hospital admission was mostly two in 2013 (62.8%) and one in 2019 (67.3%).
The results also showed that most women gave birth through the SUS system (2013=70.7% and 2019=69.2%). The main reasons for Cesarean-section in 2013 were complications during pregnancy or labor (30.7%), not going into labor (19.6%), and previous Cesarean-section (13.9%), a pattern with little variation in 2019 (36.9%, 15.2%, and 11.7%, respectively).
DISCUSSION
This study allowed us to compare the general overview of the quality of antenatal and childbirth care in Brazil in 2013 and 2019, a period after the implementation of the Rede Cegonha, which in turn was also marked by political and socioeconomic changes that may have affected the quality of this care.
The comparison of the estimates from the two editions of the PNS demonstrated that the high coverage of antenatal care in Brazil was maintained and some advances in the care were provided, with an increase in information from the reference service for childbirth, greater performance of syphilis and HIV tests, and a decrease in the discharge from antenatal care at the end of pregnancy. Regarding childbirth care, an increase was observed in the presence of a family member and more childbirths performed at the reference location, with a decrease in the number of pregnant women going on pilgrimage. However, the study also showed the persistence of some challenges, such as the performance of the syphilis exam or test and treatment of infected women still below the recommended level, even with the increase in the performance of the exam observed during the period, as well as the maintenance of high Cesarean-section rates and a limited role of nurses in antenatal and childbirth care.
Regarding access to antenatal care, seven out of every ten pregnant women in Brazil reported receiving care through SUS, and they reported having had more than six consultations, as recommended by the Ministry of Health(5). These results corroborate those demonstrated by the 2012 Nascer no Brasil Survey(8), the last specific national survey on the subject in the country.
Since 1988, with the institutionalization of SUS, access to antenatal care in Brazil has increased. The percentage of the start of early antenatal care increased from 59.1% in 1986 to 89.8% in 2013, and the percentage of pregnant women with more than four consultations increased from 86.3% in 1996 to 94.0% in 2013, corroborating our findings(29). The same study also demonstrated differences in coverage between urban and rural areas, as well as differences in access by income, which have been attenuated over the years, highlighting the importance of such policies as the Family Health Program and the Bolsa Família Program for reducing social inequalities(29). The reduction in regional inequalities was also evidenced in relation to good practices in childbirth care, with an increase in their use in more developed regions and in the care of older, brown, and black women and less educated women, suggesting the effectiveness of the Rede Cegonha strategy in this regard(30). It is important to note that the results of the present study indicate a maintenance of the coverage already achieved in the last decade.
The Rede Cegonha also shows a key indicator of the percentage of pregnant women who underwent all recommended tests, among which it is possible to highlight the urine, hematocrit, and hemoglobin tests, together with the rapid tests to detect STIs(4). Moreover, the prevalence of women who tested positive for syphilis and received treatment before delivery was insufficient in both periods studied, with a reduction in 2019, highlighting the difficulty of health services to provide adequate treatment and to monitor infected women. Some factors associated with inadequate treatment of syphilis in the current pregnancy have been described in previous studies(13,31,32). In addition, there are delays in receiving results, failures in dispensing medication and monitoring treatment, in addition to failures in antenatal care, including delay or absence thereof (32). In addition, insufficient structural issues of PHC in the country were also described, such as insufficient tests and medication to treat diseases(33).
These findings are aggravated by the increase in gestational and congenital syphilis observed in Brazil in recent years(31,34). Given the negative and irreversible outcomes, its increasing prevalence in the country represents a serious public health problem(13). On the other hand, it is important to consider that the PNS is a self-reported survey and answers about testing, results, and treatment of syphilis may have been omitted due to the stigma surrounding the disease, in addition to the social desirability bias.
Thus, the loss of basic PHC principles, such as longitudinality, guaranteed mainly by the monitoring of users by the community health agent as part of the Family Health Program, s evident. The 2017 PNAB (21) and the new SUS financing model, implemented in 2019 (35), which prioritizes the quantity of procedures performed over quality, are measures to dismantle the health system and tend to worsen health indicators in the country.
In relation to childbirth care, there was an increase in the prevalence of the presence of a family member. This is a right of the pregnant woman, with evidence of benefits for the mother and child (36,37). In 2011, only 42.1% of all births had a family member present, while in 2017 it was found that, in the same hospitals, the prevalence of this good practice increased significantly to 82.1% (38), results similar to those of the present study. This demonstrates the success of Law No. 11,108/2005, which guarantees the presence of a family member with the woman in childbirth, a measure reaffirmed by Rede Cegonha and reinforces the role of public policies in advancing and improving health care.
In 2019, women were more informed about the reference location for childbirth and performed their childbirth at the indicated location, in addition to the decrease in the pilgrimage of pregnant women searching for hospitalization over the years, demonstrating success in the “Always a Vacancy” (“Vaga Sempre”) model, established by Rede Cegonha(4). However, despite this decrease, in 2019, approximately 30% of the women still had to search for two or more hospital services before being admitted. One study carried out in Belo Horizonte demonstrated that women who self-reported having a skin color/race other than white, with a lower level of education and a lower income were at a greater risk of experiencing an unfavorable trajectory for childbirth(39). This pilgrimage is characterized as a situation that poses risks to the lives of women and their fetuses if care does not occur in a timely manner(40). Thus, despite the improvement observed in the present study, investments in this sense need to be maintained and reinforced. To improve maternal and child health indicators, international experiences have shown that it was necessary to strengthen multidisciplinary teams as regards the providing of care to the mother and child and to expand the number of midwives and obstetric nurses(41). The care model led by these professionals shows evidence of increased vaginal birth, maternal satisfaction, and reduced perinatal mortality, and is recommended by the WHO(26,42). However, in Brazil, the care provided by these professionals is still low, reaching less than 30% of antenatal care and 10% of childbirth care, as demonstrated by the findings of this study, despite policies that encourage the training and inclusion of these professionals in this type of care(43). Nevertheless, a study that evaluated childbirth care practices in public and mixed hospitals that adhered to the Rede Cegonha strategy demonstrated that the inclusion of obstetric nurses has been successful, with greater chances of more physiological and respectful childbirth(44).
Another recent study showed an increase in the percentage of births attended by obstetric nurses from 16.2% in 2011 to 32.1% in 2017 in 136 SUS hospitals(38). This result may be due to the encouragement of the inclusion of these professionals in childbirth care(4). This number was higher than that found in our study, as it included a specific group of hospitals(30), with greater adherence to the Rede Cegonha guidelines and, perhaps for this reason, presented a percentage three times higher than that observed with the PNS data. This scenario may have worsened more recently, with the dismantling of the Rede Cegonha and the establishment of the Maternal and Child Care Network in 2022, with a medical-centered focus, disconnected from other spheres of government(45). Thus, future studies should continue to monitor the quality of this care, allowing one to assess the consequences of the rupture with policies that are demonstrably beneficial and positive for the health of the Brazilian population. Furthermore, in both editions of the survey, the Cesarean-section rate exceeded 50%, showing an increase in 2019. However, in 1985, the WHO established the recommendation for the ideal Cesarean-section rate, which varies between 10% and 15%(46). In addition, the main reasons for performing Cesarean-sections in the country, according to both editions of the survey, are: medical recommendation due to complications, the woman not having gone into labor, the fear of pain, and the patient’s previous cesarean section, which tend to go against scientific evidence(47,48).
Therefore, despite all these advances, challenges still remain to ensure a high-level quality of antenatal and childbirth care for Brazilian women. Unfortunately, the country is still far from meeting the SDG targets. To achieve these goals, investment in PHC, as well as greater incentives for the inclusion and work of nurses and community health agents, should be a priority. PHC is the level of care that ensures user engagement, coordination, and long-term care, and is a key point in the care network to improve maternal and child health indicators and to reduce inequities.
Limitations
Because this is a survey with self-reported data, this study is subject to social desirability bias, since subjects may omit information, in turn underestimating the results. Memory bias is also an issue, given that women offer answers about pregnancies that occurred in the two years prior to the survey, despite it being a significant event in the woman\'s life.
Another limitation referred to the abstentions concerning the question about gestational age at which antenatal care began in 2019 (n=1,320), which may be related to memory bias, since the data on antenatal care and childbirth refer to pregnancies in the two years prior to the survey; hence, women may not have answered this question because they did not remember when they began antenatal care. Therefore, it is not possible to provide an absolute affirmation that the early start of antenatal care in the country has undergone variations.
Finally, concerning the indicator of “blood test performance”, it is not possible to know exactly which tests were performed by the women, reducing the accuracy of the analysis. Information on the performance of rapid tests would also provide more information on the quality of antenatal care, but this information, with regard to syphilis, is not included in the 2013 PNS, justified by the fact that this test was fully implemented in PHC after 2013.
CONCLUSION
This study shows advances by monitoring quality indicators of antenatal care and childbirth in Brazil, with improvements observed in 2019, which may be the result of public policies, with emphasis on the Rede Cegonha. Of note are the maintenance of high coverage and number of consultations; the increase in an early initiation of ante
natal care, information on the reference service for childbirth, and the performance of syphilis and HIV tests; as well as a decrease in discharges from antenatal care at the end of pregnancy and the pilgrimage in search of hospital admission. Despite the advances, some challenges remain, such as the diagnosis and treatment of STIs, the inclusion of nurses in maternal and child care, and the high Cesarean-section rates. These findings highlight the need to continue monitoring these indicators at the national level, as well as to resume and strengthen public policies, with emphasis on PHC and the Rede Cegonha.
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Como
Citar
Melo, J.P.G, Santos, B.N.S, Amorim, T., Araújo, F.G, Matozinhos, F.P, Felisbino-Mendes, M.S.. QUALIDADE DO CUIDADO PRÉ-NATAL E PARTO NO BRASIL: COMPARAÇÃO ENTRE A PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DE 2013 E 2019. Cien Saude Colet [periódico na internet] (2024/set). [Citado em 22/12/2024].
Está disponível em: http://cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/qualidade-do-cuidado-prenatal-e-parto-no-brasil-comparacao-entre-a-pesquisa-nacional-de-saude-de-2013-e-2019/19380?id=19380&id=19380