0917/2008 - Trabalho artesanal, cadências infernais e lesões por esforços repetitivos: estudo de caso em uma comunidade de mariscadeiras na Ilha de Maré, Bahia.
Shellfish fishing hellish rhythms and Repetitive Strain Injury: a study case in an inshore fishing community of Maré Island, Bahia, Brazil.
Publicado
Autor:
• Paulo Gilvane Lopes Pena - Pena, P.G.L. - Salvador - Universidade Federal da Bahia - Faculdade de Medicina - <plpena@uol.com.br, pena@ufba.br>ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9653-5509
Área Temática:
Não CategorizadoResumo:
ResumoO trabalho artesanal persiste significativamente no país, cuja abordagem deve considerar particularidades sociais distintas das relações assalariadas. O objetivo foi analisar o processo de trabalho artesanal e suas relações com a saúde em uma comunidade de pescadores artesanais, particularmente nas atividades de pesca extrativa de mariscos. Estuda as cadências e contingenciamentos de tempo e outras condições de trabalho relacionadas ao desenvolvimento de patologias como lesões por esforços repetitivos - LER. Realizou-se um estudo qualitativo ou etnográfico, no período de 2005 a 2007, em uma comunidade de 800 habitantes, situada em Ilha de Maré - Bahia. Foram entrevistados 30 pescadores e familiares, observados as atividades no trabalho e os casos suspeitos de LER encaminhados para serviço ambulatorial especializado. Evidenciou-se a gravidade das condições de trabalho, em particular para enfermidades LER. Como exemplo, em um modo de extração de mariscos, verificou-se a freqüência média de 10.200 movimentos repetitivos por hora, enquanto, a título de comparação, para a atividade de digitador, a norma oficial estabelece o limite de 8.000 toques por hora. Concluiu-se que as mariscadeiras devem ser incluídas dentre os grupos sociais de riscos que realizam esforços excessivos e repetitivos do sistema músculo-esquelético nas atividades do trabalho.
Palavras-chaves: pescador artesanal; mariscadeira; saúde; trabalho; Lesões por Esforços Repetitivos; distúrbio músculo-esquelético.
Abstract:
AbstractNon-industrial labor is still significantly widespread in Brazil. An appropriate approach to it ought to consider different social specificities from those of salaried-work relations. The purpose is to examine non-industrial work practices, specifically those of extractive shellfish fishing, and their relation to health conditions in a small-scale fishing community. It focuses on the rhythms and time contingencies, as well as other labor conditions, related to the development of ailments such as repetitive strain injury - RSI. A qualitative-ethnographic study was carried out from 2005 through 2007 in a community of 800 inhabitants, located in Mare Island-Br. In a population consisting of fishing households, thirty families were interviewed, observed at work and, in cases of suspected RSI, referred to a specialized health service. The seriousness of the working conditions became evident, especially with respect to RSI. As an illustration, an average frequency of 10.200 repetitive movements per hour were verified in extractive shellfish fishing, while the official Brazilian norm (NR17) for a keyboarder states a maximum of 8.000 movements per hour. Suggests that shellfish women fishers ought to be included in work overuse risk groups.
Keywords: Small-scale fishing; shellfish women fishers; health; work; Repetitive Strain Injury (RSI); work overuse.
